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quinta-feira, 29 de março de 2012

Via Láctea abriga bilhões de planetas habitáveis, diz estudo(VEJA)

Astronomia

Astrônomos estimam que 40% das anãs vermelhas - estrelas mais comuns de nossa galáxia - possuem planetas maiores do que a Terra em sua órbita

Representação artística de como os astrônomos acreditam ser o entardecer no planeta recém-descoberto Gliese 667 Cc, o mais semelhante à Terra já encontrado Representação artística de como os astrônomos acreditam ser o entardecer no planeta recém-descoberto 'Gliese 667 Cc', o mais semelhante à Terra já encontrado (European Southern Observatory (ESO))
Pesquisa realizada pelo Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) – uma organização intergovernamental de pesquisa em astronomia – descobriu que a Via Láctea abriga bilhões de planetas rochosos maiores do que a Terra, que ocupam as zonas habitáveis de estrelas conhecidas como anãs vermelhas. Os dados foram obtidos pelo espectrógrafo HARPS, um instrumento que tem como função descobrir planetas, instalado em um telescópio do observatório La Silla, no Chile.

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ANÃ VERMELHA
As estrelas conhecidas como anãs vermelhas são pequenas – menores que a metade da massa do Sol –, têm a superfície relativamente fria, quando comparadas à temperatura solar, e apresentam fraca luminosidade. São, porém, muito comuns e vivem durante muito tempo, correspondendo a cerca de 80% de todas as estrelas da Via Láctea.
SUPER-TERRA
Planetas maiores do que a Terra, mas menores que os planetas gigantes do Sistema Solar, como Júpiter e Saturno, são chamados de super-Terras. Eles possuem massas de uma a dez vezes maiores do que a massa terrestre. O termo se refere apenas à massa do planeta, excluindo qualquer outra característica, como temperatura, composição e habitabilidade.
Nas vizinhanças imediatas do Sistema Solar, os cientistas estimam que haja cerca de uma centena dos tais planetas, chamados de super-Terras, por possuírem massas maiores do que o nosso planeta. Segundo eles, essa foi a primeira vez em que foi medida de forma direta a frequência desses planetas em torno das estrelas mais comuns da nossa galáxia, as anãs vermelhas, que constituem cerca de 80% de todas as estrelas da Via Láctea.

"Cerca de 40% de todas as estrelas anãs vermelhas possuem uma super-Terra em sua zona habitável", diz Xavier Bonfils, coordenador da equipe que realizou o estudo. "Como as anãs vermelhas são muito comuns – existem cerca de 160 bilhões delas na Via Láctea –, chegamos ao resultado surpreendente de que deve haver dezenas de bilhões planetas deste tipo só em nossa galáxia", explica. Planetas gigantes, com massa de 100 a 1.000 vezes maior do que a terrestre, são menos comuns em torno delas. A estimativa é de que astros semelhantes a Júpiter e Saturno apareçam em menos de 12% das anãs vermelhas.
Os astrônomos chegaram a esses números após analisar, durante seis anos, uma amostra cuidadosamente selecionada de 102 estrelas anãs vermelhas. Neste grupo, eles encontraram nove super-Terras e conseguiram estimar suas massas e a que distância elas orbitavam as estrelas. Reunindo esses dados a observações de estrelas sem planetas e à fração de planetas existentes que ainda podem ser descobertos, a equipe chegou à frequência de super-Terras em zonas habitáveis: 41%, podendo variar de 28% a 95%.

"A zona habitável em torno de uma anã vermelha, onde a temperatura é favorável à existência de água líquida na superfície do planeta, encontra-se muito mais próxima da estrela do que a Terra está próxima do Sol", diz Stéphane Udry, membro da equipe. "Mas sabe-se que as anãs vermelhas estão sujeitas a erupções estelares, o que faz com o planeta seja banhado por radiação ultravioleta e raios-X, tornando assim a vida mais improvável", conta.
"Agora que sabemos que existem muitas super-Terras na órbita de anãs vermelhas próximas de nós, precisamos identificar mais delas. Esperamos que alguns destes planetas passem na frente das suas estrelas hospedeiras, o que nos dará a excelente oportunidade de estudar a atmosfera do planeta e procurar sinais de vida", explica Xavier Delfosse, outro astrônomo que participou do estudo.

(Com agência EFE)
  http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/estudo-indica-que-via-lactea-tem-bilhoes-de-planetas-supostamente-habitaveis

Painel da ONU prevê ondas de calor, secas e tempestades cada vez mais intensas(VEJA)

Aquecimento global

Relatório aponta a relação entre emissões de gases, aquecimento global e eventos meteorológicos extremos

Clima da Terra já foi alterado, de acordo com previsões do IPCC, painel de cientistas do clima ligado à ONU Clima da Terra já foi alterado, de acordo com previsões do IPCC, painel de cientistas do clima ligado à ONU (NASA)
O planeta deve se preparar para enfrentar mais calor, secas mais fortes e chuvas mais violentas. Esta é a principal advertência do relatório publicado nesta quarta-feira pelo Painel Intergovernamenal de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), colegiado de cientistas sob o guarda-chuva da ONU.

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IPCC
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) foi criado em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Sua missão é produzir informações relevantes para a compreensão das mudanças climáticas. Por sua contribuição ao tema, o IPCC ganhou o Nobel da Paz em 2007.
O documento de 592 páginas, cujas principais conclusões já foram publicadas em novembro, é a síntese mais completa até agora para expor a relação entre emissões de gases que aceleram o efeito estufa, aquecimento global e eventos meteorológicos extremos, como furacões, secas, ondas de calor e inundações.

Intensificação — Os especialistas afirmam que já se sabe o suficiente para que os governos tomem as decisões adequadas sobre a forma de enfrentar os riscos de catástrofes climáticas.
Segundo o IPCC, há indícios de que certos episódios extremos 50 anos atrás já foram consequência das mudanças climáticas, e os cientistas preveem uma intensificação dos fenômenos nas próximas décadas. "No futuro é provável que a duração e o número de ondas de calor aumentem em muitas regiões do mundo", afirmaram os cientistas.

Eles também preveem uma frequência maior de fortes chuvas, em particular nos trópicos. As secas também serão mais prolongadas e intensas em determinadas regiões, sobretudo no sul da Europa e nos países mediterrâneos, mas também no centro da América do Norte.

Adaptar e reduzir — O relatório distingue regiões particularmente vulneráveis, como as grandes cidades dos países em desenvolvimento, as zonas costeiras e ilhas. O relatório se refere ainda à vulnerabilidade da cidade de Mumbai, na Índia, onde algumas áreas poderiam se tornar inabitáveis.

"O mundo deverá se adaptar e reduzir as emissões de gases que aceleram o efeito estufa se quisermos enfrentar as mudanças climáticas", disse o indiano Rajendra Pachauri, presidente do IPCC.

Este relatório, que se baseia em mais de mil estudos já publicados, contribuirá para o próximo grande informe do painel intergovernamental, aguardado para 2013-2014. Entre os 831 especialistas do Painel que vão redigir seu quinto relatório de avaliação climática, a ser publicado em 2014, 25 são brasileiros. O último informe foi publicado em 2007.
(Com Agência France-Presse)
 http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/terra-deve-enfrentar-secas-calor-e-chuvas-mais-intensas#ipcc

Mais da metade dos cânceres é evitável, diz estudo(VEJA)

Câncer

Número de casos poderia ser reduzido se fossem adotados hábitos saudáveis e colocados em prática os conhecimentos que já se têm sobre a doença

tabagismo fumante cigarro Tabagismo: responsável por um terço de todos os casos de câncer nos Estados Unidos e até três quartos dos casos de câncer de pulmão (Thinkstock)
Mais da metade de todos os cânceres poderia ser evitada, afirmaram cientistas americanos em um estudo publicado na revista Science Translational Medicine, nesta quarta-feira. Para que a redução aconteça, argumenta o artigo, é preciso adotar estilos de vida mais saudáveis, baseados nos conhecimentos já públicos sobre como prevenir a doença.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Applying What We Know to Accelerate Cancer Prevention

Onde foi divulgada: revista Science Translational Medicine

Quem fez: Graham A. Colditz, Kathleen Y. Wolin e Sarah Gehlert

Instituição: Centro Oncológico Siteman da Universidade de Washington em St. Louis

Resultado: A incidência de câncer pode ser reduzida mudando os hábitos individuais e da população e por meio de políticas de saúde pública. Os casos poderiam ser reduzidos pela metade se fossem adotados os conhecimentos que já se têm sobre a doença.
O tabagismo, por exemplo, é responsável por um terço de todos os casos de câncer nos Estados Unidos e até três quartos dos casos de câncer de pulmão no país. E, mesmo sabendo dos riscos envolvidos no ato de fumar, as pessoas mantêm o hábito que pode dar origem à doença.


Estudos científicos já demonstraram que muitos outros tipos de câncer também podem ser evitados com medidas relativamente simples. O HPV (papilomavírus humano) e a hepatite, que podem provocar câncer de colo do útero e de fígado, respectivamente, podem ser prevenidos com vacinas. O câncer de pele, um dos cânceres mais comuns (é o mais comum no Brasil), pode ser evitado com o uso de protetores solares ou simplesmente observando os horários corretos para se expor ao sol.

"A sociedade deve reconhecer a necessidade destas mudanças e levá-las a sério na tentativa de desenvolver hábitos mais saudáveis", afirmaram os pesquisadores. "É hora de começarmos a aplicar o que sabemos", disse a coordenadora do artigo, Graham Colditz, epidemiologista do Centro Oncológico Siteman da Universidade de Washington em St. Louis, Missouri.
Obstáculos — Praticar exercícios, comer bem e não fumar são hábitos chave para evitar quase a metade das 577.000 mortes por câncer nos Estados Unidos previstas para este ano, um número superado apenas pelas doenças cardíacas, acrescentou o estudo. No Brasil, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), serão 520.000 casos em 2012.

Mas os especialistas destacaram uma série de obstáculos para as mudanças de hábito em uma sociedade na qual, segundo estimativas, foram diagnosticados mais de 1,6 milhão de casos de câncer este ano. Entre os percalços, destacaram o ceticismo de que o câncer pode ser evitado e o hábito de intervir tarde demais para deter ou prevenir um tumor maligno já instalado.

Além disso, grande parte das pesquisas sobre o câncer se concentra no tratamento em vez da prevenção, e tende a ter uma visão de curto prazo em vez de um enfoque de longo prazo. "Os seres humanos são impacientes e esta característica humana, em si, é um obstáculo para a prevenção do câncer", ressaltou o estudo.

As grandes diferenças de renda entre as classes sociais altas e as baixas, que fazem com que os pobres tendam a ficar mais expostos a fatores de risco do que os ricos, complicam ainda mais o panorama. "Assim como nos outros países, a estratificação social nos Estados Unidos exacerba as diferenças de estilo de vida, como o acesso a cuidados de saúde, a prevenção especial e os serviços de detecção precoce", destacou o estudo. "As mamografias, os exames de cólon, o apoio para a dieta e a nutrição, os recursos para parar de fumar e os mecanismos de proteção solar simplesmente estão menos disponíveis para os pobres", acrescentaram os pesquisadores.

Ainda assim Colditz apontou o sucesso de alguns programas, como o que ajudou a eliminar de forma relativamente rápida a gordura trans dos alimentos nos EUA e o declínio no número de fumantes após a adoção de leis que restringiram o consumo de tabaco. No Brasil foi observado fenômeno semelhante. O número de pessoas que fumam dois ou mais maços de cigarro por dia na cidade de São Paulo caiu 31% entre 2009 e 2010, depois que a lei antifumo foi promulgada.
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/mais-da-metade-dos-canceres-e-evitavel-diz-estudo-americano 

quarta-feira, 28 de março de 2012

Ensine a classe a rimar Millôr com sarcasmo, estilo e humor



Edição 1872, em 22 de setembro de 2004
Interdisciplinar – Língua Portuguesa, Literatura e Cultura

Mostre que um viés crítico e inteligentemente debochado pode ser o modo mais sério de encarar os poderosos
Caio Guatelli/ Folha Imagem
Millôr Fernandes: “Uma coisa é ser o rei dos palhaços,
outra coisa é ser o palhaço dos reis”


Millôr Fernandes: obra; gêneros literários e literatura humorística


Dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso da linguagem artística


Detectar e analisar o humor em textos literários
Enfim, um escritor sem estilo.” Essa definição irônica é o cartão de visita de Millôr Fernandes. O dramaturgo, tradutor, poeta, jornalista e cartunista já havia colaborado com VEJA de 1968 até 1982. E desde a semana passada, como um filho pródigo, voltou às páginas da revista. Comemore apresentando à turma os haicais, as reflexões sem dor e os livres-pensamentos desse autor sarcástico e cheio de estilo.
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Preparação da aula
Alguns fatos da biografia de Millôr Fernandes são importantes para a compreensão de sua obra. Informe que o escritor nasceu em agosto de 1924, no bairro do Méier (ele grafa Meyer na auto-referência jocosa “Guru do Meyer”), no Rio de Janeiro. Sua atividade profissional começou precocemente e foi exercida em várias publicações, como ele mesmo conta no livro A Bíblia do Caos – Millôr Definitivo: “Começando em jornal antes de completar 14 anos, desde cedo, sem que soubesse por que, chamado humorista, o autor escreveu e desenhou ininterruptamente em periódicos sem periodicidade definida e em publicações semanais e jornais diários. Pra ser exato: 25 anos na revista O Cruzeiro, 14 anos na revista VEJA, 6 anos no Pasquim, 10 anos em IstoÉ, 8 anos no Jornal do Brasil e períodos de alguns anos na Tribuna da Imprensa e Correio da Manhã. O passar desses anos (...) trouxe um certo aprimoramento de forma (...), um grande poder de concisão e uma filosofia a respeito: não se escreve com 11 palavras o que se pode escrever com 10 (a não ser que você seja americano e ganhe por palavra; aí a proposição deve ser invertida).”
Muitos dos livros do autor reúnem os trabalhos publicados nas seções que manteve nesses veículos. Poemas, peças de teatro e traduções completam sua obra extensa e variada. Há uma forma privilegiada e acessível de encontrar o trabalho de Millôr Fernandes: seu saite (é assim que ele escreve) www.millor.com.br.
Para debater
Converse com os alunos sobre humor. Pergunte que trabalhos e autores eles conhecem. Não se limite à literatura: fale de quadrinhos, jornais, programas de TV, colunas em revistas, charges, canções, filmes. Discuta como são produzidos os efeitos humorísticos nas várias manifestações. E analise uma questão delicada: essas formas são, de algum modo, “menores” que as outras? O humor é “menos sério” do que as formas circunspectas de criação? Para enriquecer o debate, a palavra de Millôr Fernandes sobre o tema: “O humorismo é a quintessência da seriedade.” Acrescente a seguinte comparação sobre o fazer do humorista: “Você aí, companheiro de profissão: uma coisa é ser o rei dos palhaços, outra coisa é ser o palhaço dos reis.”
Explique que ser humorista é, entre outras coisas, manter com o poder uma relação tensa, de quem olha para os mandatários com um viés crítico e inteligentemente debochado. A forma milloriana de fazer graça é séria, confrontadora – mas também divertida.
O humor de Millôr brota de múltiplos recursos. Um dos mais recorrentes é a exploração de formas de linguagem estereotipadas – chavões, provérbios, slogans, palavrório da política, da crítica de arte, da crítica literária, dos tecnocratas –, reprocessadas em textos que muitas vezes revitalizam gêneros consagrados, como as fábulas, as composições infantis, os haicais. No CD-Rom Em Busca da Imperfeição, ele afirma: “Um texto no meu trabalho é uma coisa que acontece naturalmente e ele é motivado por um acontecimento daquele dia, uma fábula antiga da qual eu me lembro, um acontecimento anedótico que eu transformo em fábula, uma idiossincrasia, ou digamos assim, uma irritação minha com fatos e coisas políticas... em suma: é um tremendo melê, uma tremenda mistura...” Millôr se move com agilidade nesse “melê”, reinventando a linguagem, introduzindo pontos de vista inusitados, obrigando o leitor a repensar palavras e conceitos, provocando a um só tempo riso e incômodo.
Mostre aos adolescentes, como exemplo, a definição de entrelinha implícita no cartum abaixo.
Millôr
Exercícios e outras atividades
Peça que os estudantes investiguem o site do autor e tragam para a sala de aula os textos e as imagens de que mais gostam para mostrar aos colegas. Como estímulo, analise o material reproduzido nos dois quadros deste plano de aula. Você também pode indicar pesquisas nos muitos livros de Millôr Fernandes. Um jeito agradável de expor os trabalhos do humorista é a teatralização: vários de seus textos se prestam ao palco, pois na verdade são diálogos ou cenas dramáticas.
Sugira um mergulho coletivo na trajetória de Millôr pelos jornais e revistas para os quais colaborou e colabora. Há coerência no trabalho do autor ao longo de sua longa carreira? Ele pratica o que prega?

Para ler e pensar
Das conpozissõis imfântis
O Escuro

“O escuro é onde a gente vê o que não está lá. Vem quando a mamãe diz: ‘Boa noite, dorme direitinho, meu filhinho’ e apaga a luz. Aí a gente só sente os barulhos e fica pensando noutras coisas completamente diferentes daquelas que tem no quarto quando o quarto está claro. Aí dá muito medo e a gente chora até que a mãe da gente volta e acende a luz e o escuro sai pro corredor.”

Dicionário Português-Português

Armarinho - Vento que vem do mar.
Barganhar - Herdar um botequim.
Barracão - Cidadão que proíbe a entrada de cães.
Cerveja - Sonho de toda revista.
Coitado - Estuprado.
Democracia - Sistema de governo do inferno.
Detergente - Ato de deter pessoas.
Homossexual - Sabão em pó para lavar partes íntimas.
Missão - Culto religioso desses que enchem o saco.
Padrão - Padre muito alto.
Presidiário - Indivíduo preso todos os dias.
Unção - Um que não está doente.
Viaduto - Local onde se reúnem homossexuais.

O cachorro e o trem

Imaginem que o cachorro grandão, policial, estava descansando de um acesso de raiva, exatamente junto dos trilhos da estrada de ferro.

O rabo sobre o trilho, assim. Roncando, o cachorro. Eis que o trem se aproxima. Suspense – o trem que se aproxima é um trem de carga, vem bem lento. Tchoique, tchoique – tchoique, tchoique.
O cachorro vai ou não acordar? Ai, acho que não vai não! Lá vem o trem, cachorro, acorda, bicho! Deus!, o cachorro não acorda e o trem de carga, lento, fuque, fuque, fuque, passa em cima do rabo dele, corta-o. Agora, sim, o cachorro acorda com um uivo de dor e, num salto de ódio, corre contra a máquina, tentando se vingar da mutilação.

Resultação: o trem lhe passa em cima da cabeça e mata-o definitivamente.
Moral: jamais perca a cabeça por causa de um rabo.
 http://veja.abril.com.br/saladeaula/220904/p_02.html

Livro: o outono de Vinicius de Moraes, o grande poetinha

Em 26/03/2012
às 16:00 \ Livros & Filmes
Cena rara Gesse e Vinícius no mar: em geral, ele acordava às 6 da tarde
CENA RARA -- Gesse e Vinícius no mar: em geral, ele não ia à praia, pois acordava às 6 da tarde
O OUTONO DO GRANDE POETINHA
A sétima mulher de Vinicius de Moraes conta que, na última década de vida, ele optou por uma produção mais popular porque estava cansado do meio intelectual e se revoltava com a velhice
Tanto quanto a poesia e a música, as paixões fulminantes, nas quais mergulhava de corpo e alma, marcaram a vida de Vinicius de Moraes, o grande parceiro de Tom Jobim.
Vinicius casou-se nove vezes. As paixões duraram, como diz seu verso, o tempo de a chama se apagar. O casamento mais resistente foi com Beatriz Azevedo de Mello, sua primeira mulher. Durou onze anos.
O mais curto acabou em menos de um ano. Foi com Cristina Gurjão, a sexta esposa.
Com Gesse, o relacionamento mais explosivo
O mais público e explosivo relacionamento de Vinicius, com a atriz baiana Gesse Gessy, a sétima, produziu levas de comentários maldosos enquanto durou – de 1970 a 1976. Os amigos acusaram a atriz, quase trinta anos mais jovem, de, literalmente, carregar Vinicius para a Bahia, iniciá-lo no candomblé, afastá-lo das “boas companhias” e encaminhá-lo para uma muito criticada veia de criação popularesca.
Hoje com 73 anos, Gesse, produtora cultural em Salvador, conta sua versão em uma biografia ainda sem título que deve lançar até o fim do ano. Ela nega responsabilidade pelas mudanças na vida ou na personalidade de Vinicius, “o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão”, segundo dizia Carlos Drummond de Andrade.
Vinicius se mudou para a Bahia para se afastar de três episódios dramáticos
Entre histórias inéditas da vida do casal, Gesse afirma que foi ele quem propôs que se mudassem para a Bahia. Queria se afastar do Rio de Janeiro para se recuperar de três episódios dramáticos: a perda da mãe, em 1968, a expulsão do Itamaraty, no ano seguinte, e, pouco depois, a tumultuada separação de Cristina Gurjão.
Segundo Gesse, o “branco mais preto do Brasil, na linha direta de Xangô” (como se apresenta no Samba da Bênção) era agnóstico e nunca pisou em um terreiro de candomblé. No golpe definitivo na imagem do grande pensador enfeitiçado por sua musa, a ex-mulher conta que ele se afastou dos versos mais eruditos simplesmente porque estava “cansado” dos intelectuais que o cercavam.
Gesse e Vinicius engataram seu romance em 1969, quando Cristina Gurjão estava grávida de poucos meses. O desfecho foi difícil. Cristina chegou a agredi-lo com um castiçal, ferindo sua testa, e quando a filha deles, Maria, nasceu, só permitiu que ele a visse dias depois.
Gesse conta que certa vez, quando Vinicius ainda estava casado, os dois foram passar uns dias em um hotel em Ouro Preto. Numa manhã, Cristina apareceu de surpresa, transtornada. Chegou a subir até o quarto levando um revólver na bolsa. Por sorte, o casal foi avisado pela recepção e Vinicius conseguiu esconder Gesse na suíte ao lado.
A saída do Itamaraty: “Demitam esse vagabundo”
O compositor, malvisto pelo governo militar, havia acabado de ser expulso do serviço diplomático, depois de 26 anos de carreira. A acusação, diga-se, não foi de subversão. Vinicius foi afastado por “conduta irregular”, ou seja, era artista e bebia.
[Há uma versão bem fundamentada de que a ordem de sua aposentadoria compulsória veio diretamente do presidente militar de plantão, marechal Arthur da Costa e Silva, nos seguintes termos: "Demitam esse vagabundo".]
Sua fase de maior sucesso de público
No livro Chega de Saudade, Ruy Castro diz que, ao receber a notícia, Vinicius chorou copiosamente, pois adorava o Itamaraty. Segundo Gesse, ele ficou sentido pela maneira como foi demitido, mas já não tinha a menor paciência com a diplomacia. “Achou que havia sido vítima de uma injustiça e ficou magoado, mas preferiu não fazer estardalhaço”, diz.
Foi a gota d’água para dar as costas ao ambiente restrito da intelectualidade carioca que reverenciava o “Poetinha”, como era chamado contra sua vontade. Vinicius mudou de cidade e de gostos.
Nasceu assim a parceria com o violonista Toquinho. Foi sua fase de maior sucesso de público.

Pingos nos is Gesse hoje: biografia para desfazer o mito de que "enfeitiçou" Vinicius (Foto: Pedro Accioly)
PINGOS NOS IIS --Gesse hoje: biografia para desfazer o mito de que "enfeitiçou" Vinicius (Foto: Pedro Accioly)
Encarando a velhice e a proximidade da morte
Na Bahia, Vinicius en­carou a velhice e a proximidade da morte.
A diferença de idade entre ele e Gesse o perturbava. Reagiu com um palavrão quando o recepcionista de um hotel na Espanha elogiou a beleza da “sua filha”.
Alcoólatra e diabético, odiava exercícios físicos e não considerava a hipótese de deixar a bebida. Escondia doces no bolso e, quando Gesse descobria, usava sempre a mesma desculpa: “Trouxe para você”. A cada três meses, ela o internava para um período de desintoxicação em uma clínica.
A vida em Salvador, paradoxalmente, não foi passada sob o sossego da sombra de um coqueiro. Gesse conta que o compositor de Tarde em Itapuã (inspirada em um pescador) odiava o sol e só muito raramente a acompanhava ao banho de mar.
A madrugada na banheira
Vinicius acordava às 6 da tarde, começava a beber e entrava na banheira, onde passava a madrugada. Só dormia ao amanhecer. Certa noite, propôs a Gesse um pacto de morte. Planejou inclusive como se mataria: comendo uma bandeja de papos de anjo, seu doce predileto, e entrando em coma diabético. “Uma morte suave, em que parece que a pessoa está viajando para o Polo Norte”, disse.
O casal se separou em 1976. Vinicius morreu quatro anos e dois casamentos depois, vítima de edema pulmonar, mergulhado na banheira de sua casa no Rio de Janeiro.
(Reportagem de Marcelo Bortoloti publicada na edição impressa de VEJA
http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/dica-de-leitura/livro-o-outono-de-vinicius-de-moraes-o-grande-poetinha/

Julgamento do mensalão: a hora da sentença está chegando. Veja as ferramentas que o site de VEJA criou para vocês relembrarem ou entenderem todo o caso


Ferramenta de VEJA.com mostra como os juízes se posicionaram em relação às principais questões do processo e relembra sua repercussão nas páginas de VEJA. (Reprodução)
Ferramenta de VEJA.com mostra como os juízes se posicionaram em relação às principais questões do processo e relembra sua repercussão nas páginas de VEJA. Mas não clique na foto, veja como usar a ferramenta no texto abaixo (Foto: Reprodução)
Sete anos de escândalo
Para entender o mensalão
A ilustração acima é de uma ferramenta do site de VEJA que faz parte de uma série de outras ferramentas e de infográficos recapitulando questões centrais do mensalão, o maior escândalo político da história do país.
Para acioná-la, não clique na figura, mas em ‘A hora da sentença’, que abre a série, revisando o desenrolar do caso no Supremo, as manobras dos réus, os debates no plenário e as polêmicas fora dele.
As próximas destrincharão a denúncia, o funcionamento da quadrilha, os saques do valerioduto, os crimes a que cada réu responde, as provas apontadas pela Procuradoria-Geral da República, a defesa dos réus e o esquema do julgamento.
E agora leia a reportagem do site sobre o próximo julgamento do escândalo que está para ocorrer.
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JULGAMENTO DO MENSALÃO: A HORA DA SENTENÇA
O site de VEJA revisa os principais lances do caso no Supremo: os votos dos ministros, as manobras da defesa e as polêmicas dentro e fora dos autos


A estátua da Justiça diante da sede do Supremo Tribunal Federal, em Brasília (Foto: exame.abril.com.br)
O Supremo Tribunal Federal está a um passo do maior julgamento de sua história desde a redemocratização: o julgamento do caso do mensalão.
O escândalo eclodiu em junho de 2005, quando um acuado deputado Roberto Jefferson pôs a nu o esquema pelo qual a cúpula do PT corrompia o Congresso. No mesmo mês o STF foi acionado, em duas ações contra o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva por omissão e prevaricação. E o mensalão não saiu mais da pauta.
Já naquele ano, a mais alta corte do país foi instada a decidir sobre a instalação de CPIs, a cassação de deputados, a realização de diligências policiais e sobre o foro mais adequado para a condução do inquérito.
Dois anos depois, o tribunal aceitou a denúncia da Procuradoria-Geral da República e pôs 40 no banco dos réus. O processo chegou a 50 mil páginas – fora as centenas de apensos. Foram ouvidas mais de 600 testemunhas. Agora, é a hora da sentença.
Lewandowski chegou a acenar com julgamento em 2013
O último passo antes do julgamento cabe ao ministro-revisor do processo, Ricardo Lewandowski. É sua função analisar se foram cumpridos à risca todos os ritos processuais e marcar a data do julgamento. Prevê-se que o faça até maio, mas, a rigor, Lewandowski tem o tempo que quiser pela frente. Ele chegou a acenar com a possibilidade de empurrar o julgamento para 2013, dizendo que teria de “começar do zero” seu trabalho.

O ministro Ricardo Lewandowski chegou a cogitar de deixar o julgamento para 2013 para "ter tempo" de estudar o caso -- algo fora de propósito, pois o STF disponibilizou todos os detalhes do processo para todos os 11 ministros (Foto: veja.abril.com.br)
É uma tese difícil de defender. VEJA.com revisou os principais lances do caso no Supremo, os votos dos ministros, as manobras da defesa, as polêmicas dentro e fora dos autos . Se Lewandowski fizer o mesmo, vai se deparar com as muitas oportunidades que teve para não se ver obrigado, agora, a começar qualquer coisa do zero.
Revisor não é escolhido de última hora. Ao contrário, é apontado automaticamente: será sempre o ministro mais antigo da casa depois do ministro-relator, Joaquim Barbosa, no caso do mensalão. Quando a denúncia foi convertida em ação penal, em 2007, o ministro mais antigo depois de Barbosa era Eros Grau.
Há dois anos, Grau aposentou-se, e Lewandowski logo assumiu a responsabilidade de acompanhar as minúcias processuais de perto. É uma responsabilidade e tanto, dado que o regimento prevê situações em que o revisor substitui o relator. Ele não é obrigado a concordar com o relator – e Lewandowski não concorda com Barbosa -, mas também não lhe cabe transformar um instrumento de correção e equilíbrio jurídico em entrave ao desenlace do processo.
Reação no tribunal, e Marco Aurélio “pronto para votar”
Dentro do próprio Supremo, as declarações de Lewandowski causaram forte reação. Pelo menos um ministro, Marco Aurélio Mello, declarou estar pronto para votar. Em alguns gabinetes, há mutirões para estudar o caso e antecipar possíveis questionamentos que surgirão em plenário. O recado é claro: é hora de julgar o mensalão.

Os ministros do STF já estudaram bem o caso e Marco Aurélio se declara "pronto para votar" (Foto: stf.jus.br)
Ainda assim, se de fato “começar do zero” a revisão, Lewandowski vai rememorar a sessão em que o plenário aprovou por unanimidade a digitalização integral do processo, em 2006, permitindo o acesso simultâneo e on-line aos autos. Procedimento inédito na corte, a digitalização foi uma das várias medidas que garantiram a relativa celeridade do processo.
O STF tem fama de ser uma corte penal lenta. No entanto, a complexidade do caso, o grande número de réus e testemunhas, e os recursos de que a defesa se valeu para questionar cada etapa do processo poderiam ter custado muito mais tempo não fossem certas providências tomadas pelo STF.

Joaquim Barbosa: o processo do qual o ministro é relator foi o primeiro a ser inteiramente digitalizado para facilitar o trabalho do Supremo (Foto: veja.abril.com.br)
Por exemplo: mal abriu a fase de depoimentos, Barbosa já cobrava dos advogados dos réus os endereços atualizados das testemunhas, para evitar a tradicional manobra de alegar “endereço desatualizado”. Com base nessa providência, o plenário pode encerrar a fase dos depoimentos mesmo sem alcançar uma das testemunhas arroladas: o STF julgou em 2010, por unanimidade, que a defesa teve oportunidades suficientes de indicar seu endereço correto – três – e não o fez.
Chicanas
Outra medida tomada pelo STF para garantir o andamento do processo foi contra a enxurrada de recursos da defesa. Os ministros determinaram que os protestos contra decisões do relator fossem trazidos resumidamente ao Plenário, que rejeitaria automaticamente os casos repetidos ou intempestivos. “Não se pode permitir que chicanas e proliferação de pedidos inconsistentes e infundados alcancem o objetivo maior, que é o de impedir o regular trâmite processual”, reclamou Barbosa.
Em seu relatório final, Barbosa lembrou os principais recursos que foram julgados no STF – 17 agravos regimentais, 8 questões de ordem e 4 embargos de declaração. Eles colocavam em dúvida cada etapa da tramitação do processo, incluindo o não desmembramento do processo, os testemunhos, as perícias, a digitalização dos autos, a participação de réus nos depoimentos de outros acusados, a comunicação de testemunhas e a ausência de Lula entre os réus, entre outros assuntos.
Teia complexa
A grande maioria das questões levantadas pelos réus foi decidida pelo STF de modo pacífico, frequentemente por unanimidade. Uma em particular rachou o Supremo: desmembrar ou não o processo.
Dos 40 réus do mensalão, uma minoria – ministros e deputados – tinha foro privilegiado, e por isso tinha de ser julgada pela mais alta corte do país. Os demais, a princípio, deveriam responder em primeira instância.
Mas o Supremo acabou resolvendo julgar todos os casos. A maioria dos ministros considerou que desmembrar o processo poderia resultar em decisões contraditórias entre o STF e instâncias inferiores e que, acima de tudo, as denúncias compunham uma teia de fatos complexa demais para ser analisada separadamente.
Do ponto de vista dos réus, a questão do desmembramento é bem mais simples: ninguém quer ser julgado de uma tacada só, e por isso os recursos questionando essa decisão estão entre os mais frequentes. É fato que uma perna desmembrada do processo, com muito menos réus e testemunhas, corre mais rápido em primeira instância, mas é fato também que uma eventual condenação custa a ser cumprida enquanto a defesa não esgotar todo tipo de recurso, eventualmente levando o caso ao Supremo.

Lewandowski sugeriu que, supostamente, se deveria "amaciar" para José Dirceu, qualificado pelo procurador-geral da República como "chefe da quadrilha" (Foto: veja.abril.com.br)
Polêmicas e “amaciar para Dirceu”

Se em plenário as questões do mensalão foram decididas de modo mais ou menos pacífico, fora dos autos não faltaram polêmicas. Um dia após o julgamento da denúncia, Lewandowski – de novo ele – foi flagrado em um restaurante de Brasília falando ao telefone que “todo mundo votou com a faca no pescoço” e que a “tendência” era “amaciar” para Dirceu.
Lewandowski foi o único ministro a rejeitar as acusações de formação de quadrilha contra o ex-deputado José Dirceu (PT-SP) e parlamentares do PP e PL, e o primeiro a falar abertamente em sessão plenária sobre a possibilidade de prescrição de certos crimes, em razão do tempo decorrido entre o recebimento da denúncia (agosto de 2007) e a sentença.
O caso do ministro Dias Toffoli
A polêmica mais recente envolve o ministro José Antonio Dias Toffoli. Antes de ser indicado por Lula para o STF, em 2009, Toffoli foi advogado do PT, assessor jurídico do então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e advogado-geral da União.
Além disso, conforme VEJA revelou na semana passada, sua ex-sócia e atual companheira atuou na defesa de três réus do mensalão, incluindo José Dirceu. Por meio de nota, o ministro afirmou que decidirá “no momento oportuno” se vai ou não participar do julgamento, mas que “não existe nenhum impedimento de ordem legal”.
http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/julgamento-do-mensalao-a-hora-da-sentenca-esta-chegando-veja-as-ferramentas-que-o-site-de-veja-criou-para-voces-relembrarem-ou-entenderem-todo-o-caso/

Brasil paga 'alto preço ecológico' pelo crescimento, dizem analistas

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Ativos do 'capital natural' do País foram reduzidos quase pela metade nos últimos 20 anos

 http://www.estadao.com.br/

Efe
Índia e Brasil estão pagando um "alto preço" ecológico por conta de seu rápido crescimento econômico nos últimos anos, afirmaram nesta quarta-feira, 28, alguns analistas em meio ambiente, que estão reunidos em Londres na conferência Planet Under Pressure.
Entre 1990 e 2008, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Brasil aumentou 34% e o da Índia 120%, um resultado que pode ser tendencioso, afirmaram os cientistas e economistas reunidos. A convenção de Londres é um encontro prévio à Rio+20, cúpula das Nações Unidas, que será realizada no mês de junho, no Rio de Janeiro.
Mas em contraste com a renda per capita, o "capital natural" de ambos os países, que inclui todos seus "ativos" - desde florestas até combustíveis fósseis e minerais -, foi reduzido neste mesmo período 46% no Brasil e 31% na Índia.
No terceiro dia do encontro mundial sobre ecologia, os analistas propuseram uma medida alternativa ao PIB, batizada como Índice de Riqueza Detalhado, que compreende o "capital natural, humano e manufaturado" do país. De acordo com esse índice, o Brasil e a Índia, supostamente duas das economias emergentes mais potentes do planeta, cresceram apenas 3% e 9%, respectivamente, em 18 anos.
"Os casos do Brasil e da Índia ilustram como o Produto Interno Bruto pode ser impreciso como índice para avaliar o progresso econômico a longo prazo", apontou o professor da Universidade das Nações Unidas (UNU) Anantha Duraiappah.
O economista ressaltou que "um país pode extinguir totalmente seus recursos naturais e registrar ao mesmo tempo um crescimento do PIB" e, por isso, defendeu a necessidade de priorizar um indicador que compreenda todos os aspectos necessários para o "bem-estar humano", incluindo os fatores sociais e ecológicos.
Duraiappah adiantou que durante a cúpula do Rio de Janeiro será apresentado pela primeira vez os dados sobre a Riqueza Detalhada de 20 países, entre Chile, Colômbia, Equador, Venezuela, Alemanha, Japão, Rússia e Estados Unidos, além da própria Índia e do Brasil.
"Até que os indicadores usados para medir o progresso mudem para poder avaliar a sustentabilidade a longo prazo, o planeta e seus habitantes continuarão sofrendo o peso de políticas de crescimento de curto alcance", declarou Pablo Muñoz, diretor cientista do grupo de trabalho que desenvolverá os índices de Riqueza Detalhada.
Yvo de Boer, o antigo responsável do Painel Intergovernamental para a Mudança Climática das Nações Unidas, ressaltou que o setor privado deve adaptar seu modelo de negócio aos desafios que serão apresentados nas próximas décadas.
"A escassez sem precedentes de recursos naturais, a alta do preço dos alimentos, os problemas de segurança energética e o crescimento da população, que deverá alcançar os 10 bilhões em 2100, são os principais desafios para a economia global", aponta De Boer. O especialista em mudança climática afirmou que, se as companhias tivessem que pagar o custo ambiental de suas atividades, teriam perdido 41% de seus lucros em 2010.
 http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,brasil-paga-alto-preco-ecologico-pelo-crescimento-dizem-analistas,854435,0.htm

Cientistas desenvolvem cápsula capaz de absorver substâncias radioativas de líquidos(VEJA)

Radioatividade

Produto pode tornar bebidas como água e leite seguras para consumo em regiões que foram contaminadas com altos níveis de radiação

Allen Apblett, da Universidade de Oklahoma Allen Apblett, da Universidade de Oklahoma, principal autor do estudo (Universidade de Okllahoma/Divulgação)
Cientistas da Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos, estão desenvolvendo uma cápsula capaz de absorver e reduzir a concentração de substâncias radioativas de alguns tipos de líquido, como água, leite, sucos de frutas e papinhas de criança. As informações foram divulgadas nesta terça-feira, durante uma conferência da Sociedade Americana de Química na cidade americana de San Diego, na Califórnia.

Os pesquisadores acreditam que a cápsula pode ser usada, futuramente, por empresas alimentícias e também por consumidores comuns, especialmente os localizados em áreas que sofreram algum tipo de derramamento radioativo. O exemplo mais recente é o acidente nuclear ocorrido no Japão em março de 2011, que acabou por contaminar alimentos em regiões próximas à usina afetada pelo terremoto.

O pesquisador Allen Apblett, principal autor do estudo, declarou que estava experimentando métodos para remover urânio e outros metais pesados de água destinada para os humanos beberem. Estava também estudando maneiras de encontrar com facilidade o urânio em oceanos. Mas após o acidente japonês, ele e sua equipe se concentraram em tentar tornar comidas e bebidas seguras para o consumo humano, em casos de desastres semelhantes.

Saiba mais

ÓXIDOS METÁLICOS
Óxidos metálicos são compostos químicos formados por átomos de oxigênio ligados a elementos químicos da classe dos metais, sendo sempre o oxigênio mais eletronegativo. Eles compõem um grupo de materiais altamente diversificado, cujas propriedades vão desde metais a semicondutores e isolantes. A ferrugem (óxido de ferro III) e a cal (óxido de cálcio) são alguns exemplos de óxidos metálicos com os quais convivemos.
ACTINÍDEOS
Os elementos que fazem parte do período 7 da tabela periódica são conhecidos como actinídeos. O grupo, composto de metais radioativos, engloba desde o elemento de número atômico 89 (actínio, que dá nome ao grupo) ao de número 103 (laurêncio). Entre estes se encontram o urânio, de número atômico 92, e o plutônio, de número 94.
A cápsula é composta por nano partículas de óxidos metálicos (a ferrugem, por exemplo, é um óxido metálico) que reagem com determinados materiais radioativos e, consequentemente, conseguem absorvê-los. Assim, a ideia dos cientistas é inserir a cápsula nos líquidos, deixá-la agir pelo tempo necessário para que ocorra a absorção e depois retirá-la do recipiente. Esta ação reduziria a concentração de substâncias radioativas do produto em questão, tornando-o seguro para o consumo.

Os óxidos metálicos presentes na cápsula são capazes de atrair e absorver elementos químicos da tabela periódica conhecidos como actinídeos, entre eles o plutônio e o urânio, além de outros elementos radioativos como o chumbo, o arsênico e o estrôncio, relacionados normalmente com íons radioativos derivados da fissão nuclear.

Em testes preliminares de laboratório, a nova técnica foi capaz de reduzir a concentração de materiais radioativos a níveis que os pesquisadores não conseguiram nem detectar. Mas ainda não foi comprovado se a cápsula funciona da mesma forma em concentrações altas de radiação.

(Com agência EFE)
http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/cientistas-desenvolvem-capsula-capaz-de-absorver-substancias-radioativas-de-liquidos

África e Ásia devem ter remédios contra HIV mais baratos(VEJA)

Aids

Farmacêutica americana Gilead Sciences é a primeira a licenciar a produção de medicamentos genéricos para tratamento da aids em países subdesenvolvidos

Coquetel contra o HIV: a licença para produção de medicamentos genéricos irá beneficiar 111 países Coquetel contra o HIV: a licença para produção de medicamentos genéricos irá beneficiar 111 países (Thinkstock)
A Gilead Sciences, farmacêutica líder em drogas contra o HIV, acaba de licenciar a produção de medicamentos genéricos contra o HIV para países pobres. A empresa americana é a primeira a assinar o Medicine Patente Pool (fundo para patentes de medicamentos, em tradução livre) - um acordo que negocia remédios mais baratos contra a aids para países subdesenvolvidos.
De acordo com Ellen ‘t Hoen, diretora executiva do Fundo, o grupo tem feito negociações também com as empresas ViiV Healthcare, Bristol-Meyes Squibb, Roche, Boehringer Ingelheim e Sequoia Pharmaceuticals. Os novos medicamentos devem beneficiar os portadores do vírus que moram em países da África e da Ásia.
Lançado pela Unitaid (fundo mundial para a compra de remédios por países pobres), o Medicine Patente Pool negociou com a Gilead a cópia para genéricos das drogas tenofovir, emtricitabine, cobicistat, elvitegravir e do Quad, uma combinação em pílula única de todas essas substâncias.
“Com licenças sistemáticas da propriedade intelectual de drogas contra o HIV, os países subdesenvolvidos terão acesso a versões mais baratas desses medicamentos quase ao mesmo tempo em que eles estão sendo disponibilizados nos países ricos”, diz ‘t Hoen. Tradicionalmente, os pacientes dos países em desenvolvimento têm que esperar durante anos antes de terem acesso a essas drogas.
Royalties - A empresa Gilead irá receber um royalty de 3% das vendas de genéricos de tenofovir, que é também aprovado para uso contra hepatite B, e 5% das vendas das demais drogas. As licenças irão permitir a venda do tenofovir e do emtricitabine em 111 países, do cobicist em 102 países e do elvitegravir e do Quad em 99 países.
Considerando que outras empresas se juntem ao fundo, as patentes poderão significar uma economia de mais de 91 bilhões de dólares aos países pobres por ano. O fluxo financeiro para a Gilead - e eventuais outras farmacêuticas -, no entanto, deve ser irrisório, uma vez que os preços dos genéricos na África podem ser de 1% ou 2% do cobrado nos países ricos.
Processo - Há 10 anos, a Big Pharma (grupo de representantes das indústrias farmacêuticas americanas) processou a África do Sul por causa de uma lei interna que beneficiava os medicamentos genéricos. A batalha judicial provou-se um desastre para a imagem das indústrias. Desde então, as empresas vêm participando de uma série de acordos voluntários e individuais que permitem a cópia de drogas para medicamentos genéricos.
(Com agência Reuters)
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/farmaceutica-americana-libera-licenca-para-producao-de-genericos-contra-o-hiv-para-paises-subdesenvolvidos

Drogas contra HIV podem reduzir risco de nova infecção (VEJA)

Prevenção

Truvada, combinação de tenofovir e emtricitabine, chega a diminuí-lo em 73%

Prevenção: drogas usadas no tratamento de pacientes com HIV ajudam a reduzir o número de novas infecções Prevenção: drogas usadas no tratamento de pacientes com HIV ajudam a reduzir o número de novas infecções (Thinkstock)
Ingerir drogas usadas no tratamento do HIV/aids diariamente pode reduzir drasticamente os riscos de novas infecções entre casais heterossexuais. Um teste clínico conduzido na África mostrou que o tratamento preventivo com o medicamento tenofovir reduzia em cerca de 62% as infecções. Já o Truvada, uma combinação entre tenofovir e emtricitabine, conseguiu diminuir em até 73% os riscos de novas infecções.
“Novas maneiras efetivas de prevenção do HIV são urgentemente necessárias, e esses estudos podem ter um enorme impacto na prevenção entre casais heterossexuais”, diz Margareth Chan, diretora geral da Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo Margareth, a OMS deve agora começar novos trabalhos ao lado dos países para tentar implementar melhores estratégias de prevenção.
Durante os testes clínicos, os pesquisadores acompanharam 4.758 casais heterossexuais no Quênia e em Uganda, que foram divididos em dois grupos: em um, o parceiro que era HIV negativo recebeu tenofovir; no outro, Truvada. Os riscos de infecções foram 62% menores no grupo do tenofovir e 73% menores no do Truvada.
No segundo estudo, porém, foram acompanhados 1.200 voluntários em Botsuana, e descobriu-se que o Truvada conseguia reduzir as infecções em apenas 62,6%.
Coquetel - No tratamento tradicional de pacientes HIV positivo ou com aids, os antirretrovirais são dados em coquetéis diários de três ou mais drogas. A abordagem preventiva, no entanto, usa apenas uma droga diária porque é mais conveniente, além de essas drogas estarem disponíveis como genéricos em diversos países pobres a preços mais baratos.
(Com agência Reuters)
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/drogas-contra-o-hiv-podem-reduzir-em-ate-73-o-risco-de-nova-infeccao

Terapia antirretroviral não elimina vírus HIV do sêmen (VEJA)

Aids

Pesquisa americana aponta que, em um grupo de 83 pacientes soropositivos que não tinham o vírus detectável no sangue, 25% tinham o vírus no sêmen

Vírus HIV infectam glóbulos vermelhos: mesmo indetectável no sangue, vírus pode ser transmitido pelo sêmen Vírus HIV infectam glóbulos vermelhos: mesmo indetectável no sangue, vírus pode ser transmitido pelo sêmen (Thinkstock)
O uso diário de drogas antirretrovirais no tratamento do HIV já se mostrou eficaz em evitar a transmissão do vírus entre casais heterossexuais. Mas, de acordo com um estudo recente publicado no periódico Aids, a terapia não consegue suprimir completamente o vírus do sêmen de homens HIV positivos. A pesquisa, realizada com 101 homens já diagnosticados com HIV que fazem sexo com homens, apontou que, dos 83 que não tiveram o vírus detectado no sangue, 25% tinham o vírus no sêmen.

Saiba mais

ANTIRRETROVIRAIS
Esse grupo de medicamentos surgiu na década de 1980 e atua no organismo impedindo a multiplicação do vírus. Eles não matam o HIV, mas ajudam a evitar que ele se reproduza e enfraqueça o sistema imunológico da pessoa infectada. Por isso, seu uso é fundamental para prolongar o tempo e a qualidade de vida do portador de Aids. Desde 1996 o Brasil distribui gratuitamente o coquetel antiaids para todos que necessitam de tratamento. Atualmente, existem 19 medicamentos, divididos em cinco classes diferentes. Para combater o HIV é necessário utilizar pelo menos três antirretrovirais combinados, sendo dois medicamentos de classes diferentes.
A descoberta, alertam os pesquisadores da Universidade de Boston, pode indicar um potencial risco de transmissão entre esse grupo de homens, que são altamente suscetíveis à infecção pelo HIV. Aproximadamente 33,3 milhões de pessoas no mundo vivem com HIV/Aids, sendo que 2,6 milhões de novas infecções acontecem todos os anos. O sexo feito sem proteção (sem o uso de camisinha) é a causa mais comum de transmissão, e o sêmen de homens infectados é uma importante fonte do vírus.
Apesar da epidemia de HIV/Aids ser distribuída em porcentagens iguais entre homens e mulheres na África Subsaariana (principal foco da doença), no resto do mundo a divisão não é igualitária. Nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos, por exemplo, a maioria dos casos está concentrada entre o grupo de homens que fazem sexo com homens (o termo homossexual não se aplica a esse grupo de homens, uma vez que ele engloba demais orientações sexuais, como a bissexualidade).
A terapia com o coquetel de antirretrovirais, considerado o tratamento primário para o HIV/Aids, consiste numa combinação de drogas potentes. Geralmente, esses medicamentos conseguem suprimir os níveis de HIV tanto no sangue como no sêmen, evitando a transmissão do vírus entre parceiros sexuais. Entretanto, o grupo de homens estudado tem uma alta prevalência de doenças sexualmente transmissíveis (DST), que são um conhecido fator de risco para a transmissão do HIV.
Pesquisa – Para o levantamento, foram recrutados 101 homens. Todos tiveram medidos os níveis de HIV no sangue e no sêmen. Os níveis do vírus no sêmen foram ainda correlacionados com outras possíveis variáveis clínicas, comportamentais e biológicas. Descobriu-se, então, que 18% dos homens tinham o HIV no sangue, apesar de estarem em tratamento com antirretrovirais. Desses, metade tinha o vírus também no sêmen.
No entanto, dos 83 homens que não tiveram o HIV detectado no sangue, 25% tinham o vírus no sêmen. A detecção do HIV no sêmen foi altamente associada ao comportamento sexual de alto risco (desprotegido), a infecções transmissíveis sexualmente e inflamações genitais. "Nossos estudos fornecem evidências de que infecções e inflamações genitais são comuns em homens que fazem sexo desprotegido com homens. Esses fatores podem facilitar a infecção pelo vírus no trato genital, mesmo quando a terapia com antirretrovirais está sendo feita e não há detecção do HIV no sangue", diz Joseph Politch, coordenador do estudo.
Como esse grupo de homens é mais vulnerável à infecção pelo HIV do que os heterossexuais, a descoberta tem um importante significa clínico. "Esses homens podem acabar acreditando que têm risco baixo, por conta dos medicamentos. Mas, até que informações mais precisas estejam disponíveis, é prudente o uso de camisinhas", diz Politch.
Os pesquisadores esperam agora estender a pesquisa para estudar os efeitos das novas linhas de drogas antirretrovirais. Isso porque esses novos medicamentos podem ter efeitos diferentes na supressão do vírus em diferentes partes do corpo. "Isso pode ter uma implicação importante na prevenção do HIV", diz Kenneth Mayer, coautor do estudo.
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/terapia-antirretroviral-nao-elimina-virus-hiv-do-semen

Filmes tristes deixam as pessoas mais felizes, diz estudo (VEJA)

Comportamento

Estudo americano sugere que dramas alegram os humanos porque os deixam gratos por seus próprios relacionamentos

Cena do filme Desejo e Reparação, de 2007, exibido aos participantes da pesquisa Cena do filme Desejo e Reparação, de 2007, exibido aos participantes da pesquisa (Divulgação)
Assistir a filmes tristes traz felicidade, segundo pesquisa da Universidade do Estado de Ohio, Estados Unidos, publicada na última edição do periódico Communication Research. De acordo com os cientistas, isso acontece porque a tragédia nas telas chama a atenção para aspectos positivos da vida do espectador.
"Histórias trágicas geralmente abordam temas como amor eterno, e isso leva os espectadores a pensarem sobre seus próprios entes queridos", diz Silvia Knobloch-Westerwick, principal autora do estudo. Quanto mais as pessoas se lembram de seus amados ao assistirem a esses filmes, maior é a felicidade.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Tragedy Viewers Count Their Blessings: Feeling low on Fiction Leads to Feeling High on Life

Onde foi divulgada: revista Communication Research

Quem fez: Silvia Knobloch-Westerwick, Yuan Gong, Holly Hagner e Laura Kerbeykian

Instituição: Universidade do Estado de Ohio, Estados Unidos

Dados de amostragem: 361 estudantes universitários

Resultado:  Filmes dramáticos fazem as pessoas pensarem em seus próprios relacionamentos amorosos, o que as deixa mais felizes com a própria vida.
A pesquisa envolveu 361 estudantes universitários que assistiram a uma versão resumida do filme Desejo e Reparação, de 2007. Antes e depois da exibição do vídeo, os participantes tiveram que responder a várias perguntas que mediam o quanto eles estavam felizes com a sua vida. Também tiveram que dizer, antes, depois e três vezes durante o filme, em que grau eles sentiam determinadas emoções naquele momento, incluindo a tristeza.

Ao final de tudo, os estudantes tiveram que classificar o quanto gostaram do filme e escrever sobre como o vídeo os havia levado a refletir sobre eles mesmos, seus objetivos, seus relacionamentos e a vida em geral. "O que as pessoas escreveram como resultado do filme foi a chave para entender porque os indivíduos gostam de ver filmes dramáticos", diz Knobloch-Westerwick.

Segundo a pesquisadora, os participantes que demonstraram uma tristeza crescente enquanto assistiam ao vídeo foram mais propensos a escrever sobre pessoas reais com quem eles haviam tido algum tipo de relacionamento íntimo. Isso, por sua vez, aumentou a felicidade desses participantes após a exibição. "As pessoas parecem usar dramas como uma forma de refletir sobre os relacionamentos importantes de sua própria vida. Isso pode ajudar a explicar porque filmes tristes são tão populares, apesar da tristeza que induzem momentaneamente", conta ela.

Os cientistas também testaram a teoria de que os indivíduos se sentem mais felizes após um filme dramático porque eles comparam os personagens retratados a si próprios – e se sentem bem com isso, já que suas vidas não são tão ruins. Mas esta afirmação não é válida. Os participantes que declararam pensar sobre si mesmos depois do filme, em vez de refletir sobre seus amados, não se mostraram mais felizes. Ou seja, "tragédias não aumentam a felicidade por fazerem os espectadores pensarem em si, mas sim porque ajudam essas pessoas a dar mais valor a seus próprios relacionamentos", explica a pesquisadora.

Mas por que é preciso ficar triste por ver uma história trágica para poder se sentir grato por seus relacionamentos? Segundo Knobloch-Westerwick, emoções negativas tornam as pessoas mais pensativas. "As emoções positivas são geralmente um sinal de que está tudo bem, você não precisa se preocupar, nem pensar sobre as questões da vida. Mas as emoções negativas, como a tristeza, fazem você pensar mais criticamente sobre a sua situação", conta. A pesquisa afirma ainda que os relacionamentos são, em geral, a principal fonte de felicidade na vida dos seres humanos, por isso pensar sobre eles deixam as pessoas mais felizes.
 http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/filmes-tristes-deixam-as-pessoas-mais-felizes-confirma-pesquisa

Permanecer sentado por muito tempo encurta a vida (VEJA)

Estilo de vida

Pessoas acima dos 45 anos que passam muitas horas sentadas todos os dias podem ter até o dobro de chance de morrer em um período de três anos do que aquelas que se sentam durante menos tempo

Sedentarismo: pessoas que ficam muitas horas sentadas podem ter mais riscos de morrerem em alguns anos Sedentarismo: pessoas que ficam muitas horas sentadas podem ter mais riscos de morrerem dentro de alguns anos (Comstock Images)
O tempo em que um indivíduo permanece sentado diariamente pode interferir em seu tempo de vida. Segundo uma nova pesquisa feita na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Sydney, na Austrália, pessoas acima dos 45 anos que passam muitas horas sentadas todos os dias podem ter até o dobro de chance de morrer em um período de três anos do que aquelas que se sentam durante menos tempo.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: New Exercise Prescription: Don't Just Sit There: Stand Up and Move More, More Often

Onde foi divulgada: periódico Archives of Internal Medicine

Quem fez: Hidde van der Ploeg, David W. Dunstan, e Neville Owen

Instituição: Universidade de Sydney, Austrália

Dados de amostragem: Mais de 250.000 adultos maiores de 45 anos

Resultado: Pessoas sedentárias que passam mais tempo sentadas têm o dobro de chance de morrerem dentro de três anos do que indivíduos ativos que permanecem menos tempo sentadas e 30% mais riscos do que sedentários que se sentam por menos tempo
O trabalho foi publicado nesta segunda-feira no periódico Archives of Internal Medicine e é o primeiro dado divulgado do 45 and Up Study, do Instituto Sax, o maior levantamento contínuo sobre saúde e envelhecimento já feito no hemisfério sul e que ainda será publicado integralmente. Esse trabalho analisou mais de 250.000 pessoas acima de 45 anos e inclui várias outras pesquisas.
Hábito perigoso — Os resultados dessa pesquisa, que se baseou nos questionários respondidos pelos participantes, mostraram que pessoas que permanecem sentadas durante 11 horas ou mais ao dia têm até 40% de chances de morrerem nos próximos três anos em comparação com aquelas que se sentam por menos de quatro horas diariamente. Esses riscos foram estabelecidos independentemente do peso e da quantidade de atividade física que um indivíduo faz quando não está sentado.
O estudo também mostrou que praticar exercícios físicos é benéfico nesse sentido. Pessoas sedentárias que passam mais tempo sentadas por dia podem chegar a ter o dobro do risco de morrerem dentro de três anos do que aquelas que permanecem sentadas por menos tempo e que são fisicamente ativas. Além disso, entre os indivíduos sedentários, esse risco foi cerca de 30% maior para os que ficavam sentados durante mais horas em comparação com os que permaneciam menos tempo sentados.
Para os autores do estudo, essas evidências, somadas à dimensão da pesquisa, já são suficientes para que os médicos prescrevam a seus pacientes a redução do tempo de sedentarismo. “Ser ativo fisicamente quando não está sentado é algo importante para um indivíduo e já beneficia sua saúde. Porém, também é importante diminuir o tempo sentado”, diz um dos autores da pesquisa Hidde van der Ploeg.
Lazer — De acordo com o levantamento, um adulto médio chega a passar 90% de seu tempo de lazer sentado, e essa situação é um fator de risco para diversos problemas, como doenças cardiovasculares. O estudo sugere que as pessoas procurem realizar atividades físicas nas horas vagas e evitem utilizar esses momentos para aumentar o tempo em que permanecem sentadas. “Fazer caminhadas no lugar de assistir televisão ou jogar videogames, por exemplo, pode melhorar a saúde de um indivíduo que gasta mais tempo sentando no trabalho e no trânsito”, diz Ploeg.
 http://veja.abril.com.br/noticia/saude/permanecer-sentado-durante-muito-tempo-pode-chegar-a-dobrar-o-risco-de-mortalidade

Desmate sobe em fevereiro na Amazônia, diz Imazon

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Em 20 de março de 2012 | 3h 02

O Estado de S.Paulo
O desmatamento medido em fevereiro pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon detectou 107 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal, um aumento de 59% em relação a fevereiro do ano passado, quando o desmatamento somou 67 km².
No entanto, no desmatamento acumulado no período de agosto de 2011 a fevereiro de 2012 (que foi de 708 km²), houve redução de 23% em relação ao mesmo período entre 2010 e 2011, quando se perderam 922 km² de mata. Em fevereiro deste ano, a maioria do desmatamento foi registrada em Mato Grosso (65%), seguido de Rondônia (12%), Amazonas (10%), Roraima e Pará (7% cada um).
O sistema mediu também a degradação florestal na região, que atingiu 95 km² no mês passado - 15% menor que a registrada em fevereiro de 2011, quando foram degradados 112 km². Mais uma vez, a maioria foi em Mato Grosso (70%). A degradação florestal acumulada foi de 1.528 km² entre agosto de 2011 e fevereiro 2012. Aqui também houve redução - de 60% - em relação ao período anterior, quando a degradação somou 3.814 km².
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,desmate-sobe-em-fevereiro-na-amazonia-diz-imazon,850672,0.htm

Mulheres estacionam melhor que homens, indica estudo

Por BBC, BBC Brasil, Atualizado: 30/1/2012 11:55
Mulheres estacionam melhor que homens, indica estudo
"Mulheres conseguem centralizar melhor o carro na vaga (BBC)"
Uma pesquisa encomendada por uma empresa britânica sugere que as mulheres são melhores que os homens na hora de estacionar os carros.
A pesquisa, encomendada pela rede de estacionamentos NCP observou 2,5 mil motoristas em 700 estacionamentos espalhados pela Grã-Bretanha durante um mês.
O estudo mostrou que as mulheres podem até precisar de mais tempo para estacionar, mas têm mais probabilidade de deixar o carro centralizado na vaga.
O estudo também descobriu que as mulheres são melhores na hora de encontrar espaços e mais precisas na hora de alinhar o carro antes de iniciar cada manobra.
Por outro lado, os homens mostraram mais habilidade em dirigir para frente nos espaços das vagas e demonstraram mais confiança. Menos homens optaram por reposicionar o carro depois de entrar na vaga.
Pontuação e impaciência
A pesquisa levou em conta sete fatores, entre eles a velocidade na hora de encontrar um espaço apropriado para estacionar, velocidade nas manobras, a habilidade de entrar no espaço com o carro em marcha a ré ou de frente, entre outros.
Em uma pontuação que poderia chegar a 20 pontos, as mulheres conseguiram alcançar, em média, 13,4 pontos e os homens chegaram aos 12,3 em média.
A primeira categoria analisada pela empresa foi a habilidade de encontrar uma boa vaga e os homens ficaram atrás das mulheres. Os pesquisadores afirmam que a impaciência dos homens faz com que, com frequência, eles não percebam as melhores vagas ao passar muito rápido pelos estacionamentos.
Mas, a velocidade das manobras na hora de estacionar foi um quesito que deixou as mulheres para trás. Em média, homens precisaram de 16 segundos para estacionar, enquanto que as mulheres precisaram de 21 segundos.
E, no quesito de maior importância para a avaliação geral, a centralização do carro na vaga, os homens marcaram menos pontos. Apenas 25% deles conseguiram centralizar o carro na vaga, contra 53% das mulheres.
Neil Beeson durante entrevista à BBC (BBC)
"Neil Beeson durante entrevista à BBC (BBC)"
O teste foi criado pelo professor de autoescola Neil Beeson, que também tem um programa sobre o assunto em um canal de televisão britânico, ITV.
'Fiquei surpreso com os resultados, pois, de acordo com minha experiência, homens sempre aprenderam melhor e geralmente tinham uma performance melhor nas lições. No entanto, é possível que as mulheres tenham guardado melhor as informações', disse.
'Os resultados também parecem acabar com o mito de que os homens têm uma noção espacial melhor do que as mulheres', acrescentou.
Em entrevistas com motoristas, os pesquisadores descobriram que homens e mulheres acreditam que acertar o ângulo logo na primeira vez, na hora de estacionar, é o mais difícil - 50% dos entrevistados acham que este é o grande problema.
Em segundo lugar ficou colocar o carro no centro da vaga, algo considerado difícil por 30% dos pesquisados, que empatou com saber quando parar no fundo da vaga (30% dos entrevistados) e, por fim, 7% acham difícil saber quando entrar na vaga de frente ou usando a marcha a ré.
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http://noticias.br.msn.com/mundo/mulheres-estacionam-melhor-que-homens-indica-estudo

CNI divulga índices de medo do Desemprego e de Satisfação com a Vida | Agência Brasil

Por Agência Brasil, Agência Brasil, Atualizado: 28/3/2012 6:39
Da Agência Brasil
Brasília - A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulga hoje (28) os índices de Medo do Desemprego e de Satisfação com a Vida relativos a março. Os dados estarão disponíveis às 11h no site da CNI.
Os dois indicadores integram a pesquisa trimestral Termômetros da Sociedade Brasileira. Além do antigo índice de expectativa sobre a manutenção do emprego, o levantamento passa a apresentar a satisfação dos brasileiros com a vida.
Apesar de ser divulgada a partir deste mês, a série histórica do Índice de Satisfação com a Vida foi iniciada em 1999. A CNI decidiu começar a publicá-lo porque tornou-se mais um indicador a reforçar a tendência de consumo.
A primeira edição da pesquisa ouviu 2.002 pessoas em 142 municípios, entre os dias 16 e 19 de março.
Edição: Graça Adjuto
Agência Brasil - Todos os direitos reservados.
 http://noticias.br.msn.com/artigo.aspx?cp-documentid=33055150

Estadão: Bichos-preguiça são resgatados próximos à rodovia na Paraíba

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Animais corriam o risco de serem atropelados em Cabedelo; eles foram entregues à Polícia Florestal

27 de março de 2012 | 22h 42

Estadão.com.br

SÃO PAULO - Dois bichos-preguiça que corriam o risco de morrer atropelados foram salvos nesta terça-feira, 27, próximo à cidade de Cabedelo, na região metropolitana de João Pessoa, por policiais rodoviários federais. Os animais estavam às margens da rodovia BR-230 quando foram encontrados por agentes da PRF.
As duas preguiças foram encaminhadas para a Polícia Florestal da região e seriam reinseridas no habitat natural. A PRF orienta os motoristas que encontrarem esse tipo de animais perto das rodovias não tentem removê-los, pois são perigosos e podem causar lesões com as garras, apesar da aparência dócil.
Segundo a polícia, o melhor a fazer quando se avista animais próximo a rodovias é entrar em contato com a Polícia Florestal ou a própria PRF, através do número 191.

terça-feira, 27 de março de 2012

Albéniz - Merlin\ Piotr Prochera as Mordred

Ludwig Mies van der Rohe


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


O Pavilhão alemão na Feira Mundial de Barcelona (1929) é uma das obras mais célebres de Mies van der Rohe (reconstruído).
Ludwig Mies van der Rohe, nascido Maria Ludwig Michael Mies, (Aachen, 27 de março de 1886 — Chicago, 17 de agosto de 1969) foi um arquiteto alemão naturalizado estadunidense, considerado um dos principais nomes da arquitetura do século XX, sendo geralmente colocado no mesmo nível de Le Corbusier ou de Frank Lloyd Wright.
Foi professor da Bauhaus e um dos criadores do que ficou conhecido por International style, onde deixou a marca de uma arquitetura que prima pelo racionalismo, pela utilização de uma geometria clara e pela sofisticação. Os edifícios da sua maturidade criativa fazem uso de materiais modernos, como o aço industrial e o vidro para definir os espaços interiores, e a aparência exterior de suas obras. Concebeu espaços austeros mas que transmitem uma determinada concepção de elegância e cosmopolitismo. Também é famoso pelas várias frases cridas por ele, algumas delas são conhecidas praticamente no mundo todo, como é o caso das frases "less is more " ("menos é mais") e "God is in the details" ("Deus está nos detalhes").
Mies van der Rohe procurou sempre uma abordagem racional que pudesse guiar o processo de projeto arquitectônico. Sua concepção dos espaços arquitetônicos envolvia uma profunda depuração da forma, voltada sempre às necessidades impostas pelo lugar, segundo o preceito do minimalismo.

Índice

 

Biografia

Formação

Quando jovem, trabalhou na empresa de cantaria do seu pai, antes de se mudar para Berlim onde começou a trabalhar com o designer de interiores Bruno Paul. Em 1908 ingressou no estúdio do proto-medieval Peter Behrens, do qual se tornou discípulo. Aí permaneceu até 1912, entrando em contacto com as teorias de design em voga e com a cultura alemã culturalista. O seu talento foi rapidamente reconhecido e começou desde cedo a receber encomendas apesar de não ter graduação académica formal. Com uma presença física impressionante e com modos reticentes e ponderados, Ludwig Mies decidiu reformular o seu próprio nome de modo a adequar-se à rápida mudança de estatuto, de filho de um comerciante para arquiteto reconhecido pela elite cultural berlinense, acrescentando o sobrenome, de ressonância aristocrática, "van der Rohe".
Começou a sua carreira profissional independente projectando casas para clientes de classes baixas. Seguia então estilos medievais da tradição alemã, demonstrando profundas influências do mestre do neoclassicismo prussiano do início do século XIX, Karl Friedrich Schinkel, de quem admirava as grandes proporções e os volumes complexos e radiais, ao mesmo tempo que controlava as novas possibilidades estruturais decorrentes do avanço tecnológico e se libertava dos tiques ecléticos e desordenados do classicismo, próprios do virar do século.

Villa Tugendhat, em Brno.
Depois da Primeira Guerra Mundial, Mies começa, pois, a afastar-se dos estilos tradicionais e a receber influências do neoplasticismo, formado em 1917, e do construtivismo russo, que nele fazem germinar o espírito modernista, em busca de um novo estilo arquitectónico para a era industrial.
Os estilos tradicionais há muito que eram alvo de críticas dos teóricos progressistas, principalmente pelo seu uso de ornamentações sem qualquer relação com as estruturas modernas de construção dos novos edifícios. Tais críticas receberam especial credibilidade com o desastre da Primeira Guerra Mundial, considerada então como o falhanço da liderança imperial europeia. O revivalismo clássico foi então repudiado por muitos, ao ser identificado com a arquitectura do sistema aristocrático, agora em descrédito.
O seu estilo começa, então, a patentear influências como o Expressionismo, o Suprematismo, o Construtivismo russo (construções escultóricas e eficientes, usando materiais industriais modernos) e o Grupo holandês De Stijl. Bruno Zevi identifica o Pavilhão de Barcelona como a súmula deste movimento, ao descrevê-lo como "Painéis de travertino e mármore, lâminas de vidro, superfícies de água, planos horizontais e verticais que quebram a imobilidade dos espaços fechados, rompem os volumes e orientam o olhar para vistas exteriores". Foi também influenciado por Frank Lloyd Wright, com os espaços fluidos próprios do estilo presente nas suas Casas da Pradaria.
De forma ousada, abandonou por completo a dependência de qualquer ornamentação e, em 1921, projectava um impressionante arranha-céu de vidro e metal, seguindo-se uma série de projectos pioneiros que culminariam no Pavilhão Alemão de Barcelona, estrutura temporária para a exposição de 1929 (reconstruído actualmente na sua localização original), e na Villa Tugendhat em Brno, terminada em 1930, onde utilizou superfícies de cimento armado. Entre 1918 e 1925 participou do Novembergruppe, um grupo de industriais que atuaram como mecenas para uma nova geração de arquitetos dedicados à divulgação da arquitetura moderna). Durante esse período trabalhou em proximidade com Lilly Reich.
Em Julho de 1923, participou no primeiro número da Revista G (abreviação de Gestaltung), onde se mostra menos ligado aos princípios expressionistas e mais voltado para a objectividade construtiva. Ganhou, igualmente, proeminência no universo da arquitectura ao ser convidado pela Deutscher Werkbund para planear o complexo habitacional modernista Deutsche Werkbund Weissenhofsiedlung, em Estugarda, além de um grupo de edifícios residenciais na colina de Weissenhof, para uma exibição aberta ao público durante o verão de 1927.
Em termos políticos, o período alemão de Mies caracteriza-se pela militância socialista, bem ilustrada pelo seu projecto para o Denkmal für Rosa Luxemburg und Karl Liebknecht (Monumento a Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht), onde o Partido Comunista pretendia homenagear os seus heróis. O monumento, construído graças ao dinheiro obtido pela venda de postais com o modelo do projecto, constava de um memorial constituído por tijolos irregulares, compostos em volumes paralelepipédicos formando um muro de 12 metros de comprimento, 4 metros de largura e 6 metros de altura, lembrando todos os que morreram fuzilados, contra paredes, lutando pela Revolução. O monumento foi posteriormente demolido pelas forças nazistas. Apesar disso, quando de seu posterior cargo de direção na Bauhaus, foi um dos professores que determinuou a expulsão dos estudantes de orientação comunista daquela instituição, os quais começavam a incomodar os governos locais, além de alterar os rumos políticos que a escola tomava, desviando da proposta anterior de Hannes Meyer, mais politizada.

Bauhaus

Já identificado com as novas tendências da arquitetura, Mies é convidado a lecionar na escola vanguardista de arquitectura Bauhaus, fundada pelo seu colega - e crítico - Walter Gropius. Pertencem a este seu período algumas peças de mobília medieval, onde aplica antigas tecnologias artesanais, que viriam a se tornar particularmente populares até os dias de hoje, como a Cadeira Barcelona (e mesa) ou a Cadeira Brno.

Casa de Mies, em Berlim-Berlin-Hohenschönhausen (1932)
É desse período o seu projeto mais famoso, o Pavilhão Alemão da Feira Universal de Barcelona: uma estrutura bastante pesada, sustentada por delgados pilares metálicos e constituída essencialmente de planos verticais e horizontais. Após a exposição o pavilhão foi demolido, mas sua importância foi tal que voltou a ser construído na década de 1990, como homenagem ao arquiteto e como símbolo do modernismo.
Mies parece ter adoptado, a partir dessa altura, a missão de criar um novo estilo e uma nova arquitectura que representasse a época que se iniciava, tal como a Arquitectura Gótica representara a Idade Média. Tal arquitectura deveria ser guiada por um processo criativo assente em pressupostos racionais. Contudo, tal demanda viria a ser interrompida pela depressão económica e pela tomada do poder pelos Nazis, a partir de 1933.
Na década de 1930, depois de Hannes Meyer, Mies foi, a pedido de Gropius e por um breve período de tempo, o último Director de uma Bauhaus vacilante. A escola, financiada pelo governo, seria forçada a fechar as portas devido a pressões políticas do partido Nazi que a identificava com ideologias antagónicas como o socialismo e o comunismo. A arquitectura praticada por Mies foi igualmente rejeitada por não representar o espírito nacionalista alemão. Essa década foi, de facto, pouco profícua, ressaltando pouco mais que a encomenda do apartamento de Philip Johnson, em Nova Iorque.

Estados Unidos


Crown Hall, sede da faculdade de arquitectura do Illinois Institute of Technology
Mies abandonou a sua Pátria em 1933, quando se desvaneciam as hipóteses de continuar aí a sua carreira. Quando chegou aos Estados Unidos, depois de 30 anos de prática na Alemanha, já era considerado pelos promotores americanos do Estilo Internacional como um pioneiro da arquitectura moderna. Em 1949, já o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque lhe dedicava uma retrospectiva. É, de facto, no seu país de adopção que encontra todas as condições para promover de fato suas experiências com uma possível industrialização da arquitetura e da construção: um mercado capitalista muito mais desenvolvido que o alemão, com fortes demandas por novas tipologias imobiliárias e desenvolvimento tecnológico razoável. No entanto, alguns críticos apontam este momento da obra de Mies como um desvirtuamento do projeto social-democrata em curso nos anos da Bauhaus.
Pouco depois de projectar um complexo residencial no Wyoming, recebeu uma oferta para dirigir a escola de arquitectura do Chicago's Armour Institute of Technology, mais tarde renomeado como Illinois Institute of Technology - IIT ("Instituto de Tecnologia de Illinois"). Uma das condições para a aceitação do cargo consistia em que o projecto para os novos edifícios do campus universitário lhe fosse adjudicado. Alguns dos seus edifícios mais afamados situam-se aí, incluindo o Crown Hall, sede do Departamento de Arquitectura do IIT. Lecionando aí, Mies torna-se também responsável pela gênese de toda uma geração de arquitetos norte-americanos funcionalistas, especialmente voltados para a construção dos arranha-céus demandados pelas empresas do país.
Em 1949, tornou-se cidadão dos Estados Unidos, rompendo formalmente os laços com a Alemanha.
Os trinta anos de carreira que se seguiriam são considerados os anos da sua maturidade criativa, sendo o período em que desenvolveu esforços mais consistentes na prossecução dos seus objectivos para a nova arquitectura do século XX. Fez convergir o seu trabalho para a definição de largos espaços "universais" inseridos em suportes estruturais claramente ordenados, recorrendo a molduras de perfis manufacturados preenchidas com tijolo ou vidro. Os seus primeiros projectos para o campus da IIT e para Herb Greenwald revelou ao mundo arquitectónico norte-americano um estilo que parecia o resultado natural da progressão do estilo da Escola de Chicago, então um pouco esquecida.

Casa Farnsworth
Entre 1946 e 1951, Mies projectou e construiu a icónica Casa Farnsworth, uma casa de fim de semana que deveria servir de retiro, nos arredores de Chicago, para a médica Edith Farnsworth e que se tornaria uma das principais obras de referência da arquitectura moderna. Aqui, Mies explorou a relação entre o indivíduo, o seu abrigo e a natureza. A casa concretiza a visão amadurecida de Mies para o que deveria ser a arquitectura da sua época: uma estrutura minimalista limitada à pele e esqueleto do edifício, usando materiais que representavam os novos tempos, permitindo a definição de um espaço ordenado de forma clara, simples, inteligível e fluida, com uma disposição que sugerisse liberdade de utilização. O suporte estrutural rigorosamente concebido e as paredes totalmente de vidro definem um espaço interior cúbico simples, permitindo que a natureza e a luz o envolvam de facto. Este pavilhão de vidro ergue-se cerca de 1,5 m acima da planície aluvial do rio Fox e é rodeado por florestas e prados. Um núcleo de painéis de madeira, para arrumações, cozinha, lareira e casa de banho está posicionado neste espaço aberto de forma a definir a área de estar, comer e dormir sem a necessidade de recorrer às típicas paredes e quartos individualizados. O invólucro de vidro não tem qualquer género de partição. Cortinados a toda a altura, dispostos por todo o perímetro permitem a privacidade necessária, quando desejada. A casa tem sido descrita por muitos como "sublime", "um templo pairando entre a terra e o céu", "um poema", "uma obra de arte". A influência desta obra pode verificar-se pela quantidade de "casas de vidro" modernistas, das quais a mais notável talvez seja a de Philip Johnson, localizada junto de Nova Iorque, pertencente actualmente ao National Trust for Historic Preservation.

Edifício Seagram
Em 1958, Mies van der Rohe projectou o que veio a ser considerado por muitos como o auge da arquitectura funcionalista para arranha-céus: o Edifício Seagram, em Nova Iorque. Mies foi escolhido para o projecto pela filha do cliente, Phyllis Bronfman Lambert, que também tinha alguma notoriedade no meio aquitectónico dos Estados Unidos. O edifício tornar-se-ia um ícone representativo do poder crescente das corporações empresariais, que viria a definir o próprio século XX.
Numa decisão audaciosa e inovadora, Mies revolucionou o padrão construtivo novaiorquino ao deixar livre metade do terreno dedicado à obra, definindo uma praça com fonte para usufruto público em Park Avenue em frente ao edifício que se assumia como uma leve estrutura de metal e vidro. Ainda que hoje esta seja uma solução arquitectónica largamente aclamada, Mies teve de convencer os gestores da família Bronfman de que a ideia de libertar espaço em frente ao edifício era, não só viável, como benéfica para a imagem da companhia. O projecto caracteriza-se por uma cortina de vidro, com perfis de bronze a cobrir a estrutura de aço.
Philip Johnson participou na selecção de materiais interiores e no projecto da praça, sendo também o autor do faustoso restaurante "Four Seasons". O Edifício foi ainda pioneiro na construção "fast-track", em que a execução das fases de desenho e construção é simultânea, de modo a terminar mais rapidamente a obra. O protótipo do Edifício Seagram foi posteriormente adaptado em vários arranha-céus de escritórios modernos como no Dirksen and Klusinski Federal Buildings, no Post Office (1959), na Praça IBM em Chicago, no Toronto-Dominion Centre em 1967, em Toronto, e na Westmont Square, em Montreal.

Conjunto Lake Shore Drive em Chicago.
Mies projectou ainda uma série de apartamentos em altura, destinados a famílias da classe média, para o construtor Herb Greenwald e para seus herdeiros, após sua morte prematura numa queda de avião. As torres Lake Shore Drive 860/880 e 900/910, junto à costa lacustre de Chicago, com fachadas de vidro e aço, constituíram uma completa reviravolta na construção de apartamentos, tipicamente construídos com tijolo. É interessante notar que o próprio Mies considerou as unidades habitacionais demasiado pequenas para si, tendo continuado a viver noutro luxuoso apartamento, relativamente perto deste conjunto de edifícios. Também estas torres se tornaram num protótipo para outros projectos de unidades de habitação colectiva, desenhados pelo atelier de Mies.
De 1951 a 1952, o atelier foi responsável pela construção da Casa McCormick, uma estrutura de tijolo, aço e vidro, localizada em Elmhurst, Illinois, a 15 milhas a oeste do Chicago Loop), para o construtor Robert Hall McCormick Jr. Constitui, de facto, uma versão de um só andar da cortina de vidro do conjunto 860-880 das torres de Lake Shore Drive e serviu como protótipo para uma série de projectos especulativos, nunca construídos, para Melrose Park, no Illinois. A casa faz parte, hoje em dia, do Elmhurst Art Museum.

Interior do museu da Neue Nationalgalerie em Berlim, na Alemanha
 http://pt.wikipedia.org/wiki/Ludwig_Mies_van_der_Rohe