Aids
Cerca de 500 estrangeiros fizeram tratamento contra HIV nos últimos três anos no Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids, principal instituição na área da capital paulista
Aretha Yarak
"Essa cooperação internacional do Brasil ajuda pacientes que moram em países onde é difícil conseguir antirretrovirais, onde a saúde pública praticamente não existe. Temos um sistema de tratamento de aids organizado, que consegue incluir todos que necessitam", Denize Lotufo Estevam
Os chilenos foram os que mais utilizaram os serviços do centro, contabilizando 81 atendimentos desde 2008. Na sequência, aparecem Argentina (55), Portugal (51), Paraguai (44) e Angola (42). “Em alguns países o preconceito em relação a aids é muito grande, então os pacientes acabam procurando o Brasil”, diz Denize Lotufo Estevam, infectologista e gerente de Assistência do CRT. Há ainda outro atrativo chave. No país, é possível receber todos os medicamentos e exames gratuitamente.
Atendimento –A triagem dos pacientes estrangeiros é idêntica àquela feita com brasileiros. “É avaliada a situação clínica, gravidade da doença, se há alguma doença mental e a situação social”, diz Denize. Alguns costumam chegar já com indicação de uma instituição do seu país de origem ou por meio de alguma cooperação internacional. Se aceitos pelo centro, eles costumam voltar ao Brasil de duas a três vezes ao ano, para buscar os medicamentos e refazer exames.
De acordo com o CRT, nenhum estrangeiro aceito pela instituição fura a fila ou rouba o lugar de um brasileiro. Isso porque a proporção em relação ao número total de atendimentos é pequena, e eles ainda são consultados com menor periodicidade. “Se não conseguimos atender uma pessoa que nos procura, ela é encaminhada para algum Serviço de Assistência Especializada”, diz Denize.
Tratamento - Quando chegou ao Brasil na década de 1980, o chileno Luiz Vilches, 53 anos, fugia de maus tratos e de uma série de violências sexuais. Com residência permanente no país, ele acabou se envolvendo com drogas e foi diagnosticado como sendo HIV positivo em 1994. O tratamento, iniciado no Hospital Emílio Ribas, teve continuidade no CRT apenas em 2004. “Contrai hepatite C e o médico do hospital não quis me tratar. Acabei sendo encaminhado para o CRT e dei início ao tratamento. Há cinco anos que sou negativo para a hepatite”, diz.
É no CRT que o chileno, naturalizado brasileiro em 2007, faz o tratamento completo para o HIV. Além de retirar as drogas periodicamente, ele é ainda atendido por uma equipe multidisciplinar que conta com psicóloga, psiquiatra e assistente social. “Nunca sofri qualquer tipo de discriminação em relação aos pacientes ou funcionários por ser estrangeiro.”
* Com reportagem de Vivian Carrer Elias
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/cerca-de-500-estrangeiros-fizeram-tratamento-para-hiv-nos-ultimos-tres-anos-em-centro-de-referencia-de-sp
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