Europa
É a maior reestruturação de uma dívida da história, superando os US$ 82 bilhões do default da Argentina, em 2002
O ministro das Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, agradeceu aos investidores que se uniram à "histórica" iniciativa (Yiorgos Karahalis/Reuters)
O governo da Grécia anunciou nesta sexta-feira que quase 84% de seus credores privados aceitaram a operação de troca da dívida, o que representará a perda de mais da metade dos valores dos títulos e abrirá o caminho para desbloquear os recursos necessários para salvar o país da falência.Segundo o Ministério das Finanças, Evangelos Venizelos, os proprietários de bônus da dívida grega - donos de um montante avaliado em 172 bilhões de euros - aceitaram a troca, que corresponderá a 83,5% dos 206 bilhões de euros de dívida pública nas mãos de investidores privados (bancos, seguradoras e fundos de investimento).
O percentual sobe a 85,8% quando considerados apenas aqueles que adquiriram títulos sob regimes do direito grego.
Esta é a maior reestruturação de uma dívida da história, que supera os 82 bilhões de dólares do default da Argentina em 2002 (73 bilhões de euros com a cotação da época).
Atenas destacou que a ampla adesão permite ao governo ativar as cláusulas de ação coletiva (CAC) que forçariam os credores privados reticentes a aceitar a operação. Esta medida elevaria o nível de adesão a 95,7%.
A União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) haviam condicionado ao êxito da operação - que representa um desconto de 53,5% do valor dos bônus gregos em mãos privadas - o repasse de 130 bilhões de euros para salvar o país da quebra.
Esta quantia corresponde ao segundo resgate concedido à Grécia por seus sócios da Eurozona. O primeiro plano de ajuda, de 110 bilhões de euros em 2010, se revelou insuficiente para salvar um país que tem as contas abaladas e entra em 2012 no quinto ano consecutivo de recessão.
Menos de 75% de adesão teria significado um fracasso da operação e deixado a Grécia exposta a um rápido default, já que o país enfrenta vencimentos por 14,4 bilhões de euros em 20 de março.
Venizelos agradeceu aos investidores que se uniram à "histórica" iniciativa.
"Em nome da República, quero expressar meu apreço a todos os nossos credores que apoiaram nosso ambicioso programa de reforma e ajuste, e que compartilharam os sacrifícios do povo grego neste esforço histórico", destacou Venizelos em um comunicado.
O ministro informou que o prazo para os credores que compraram títulos da dívida grega sob regimes legais estrangeiros aceitem a operação, cujo prazo foi ampliado para eles até 23 de março. Nesta categoria, apenas 69% dos investidores aderiram ao plano.
Atenas tem atualmente uma dívida pública total de 350 bilhões de euros, equivalentes a 160% do Produto Interno Bruto (PIB). O conjunto de planos de ajuste, reduções da dívida e créditos deve permitir ao país reduzir a dívida a 120,5% do PIB em 2020.
A aplicação das CAC permitirá superar 95% de adesão do plano, mas a adesão forçada também poderia ativar os seguros contra a falta de pagamentos (CDS), que em fevereiro alcançavam 3,2 bilhões de euros.
A Alemanha, principal economia europeia, considerou que o acordo representa um "grande passo" para a estabilidade da Grécia.
O Instituto Internacional de Finanças (IIF), uma associação do sistema bancário que participou na elaboração do processo, destacou que a reestruturação "dá à Grécia uma grande oportunidade de avançar com seu programa de reformas e reforça a capacidade da Eurozona de criar um ambiente de estabilidade e crescimento".
Pouco antes do anúncio oficial, a diretora gerente do FMI, Christine Lagarde, havia afirmado que a perspectiva de um acordo "afasta, no momento, o risco de uma crise".
A operação de troca será concretizada na próxima segunda-feira para os bônus de direito grego.
(Com agência France-Presse)
http://veja.abril.com.br/noticia/economia/operacao-de-troca-da-divida-grega-tem-ampla-adesao--2
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