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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O caos organizado (Fernando Sobral)


(Fernando Sobral)
O melodrama foi criado em finais do século XVIII.
Tecnicamente misturava drama com música e o seu objectivo era criar emoção e lágrimas. O cinema refinou a técnica e agora os portugueses adaptaram-no ao seu sistema judiciário. A justiça portuguesa tornou-se um drama pimba. Já não se sabe se devemos rir ou chorar. O que se vai sabendo da investigação ao que se passou no Freeport é um "vaudeville" completo, cheia de números de acrobacias sem nexo. Pinto Monteiro já nos tinha convencido que era uma irrelevância activa. Desconhecia-se é que Cândida Almeida tinha vocação para funcionar como alvo móvel sempre que há "fogo amigo" sobre José Sócrates e isso possa causar danos colaterais. E estávamos longe de imaginar que os investigadores britânicos eram os melhores ombros para os procuradores portugueses chorarem as infâmias que lhes fazem.

O que se passa na justiça portuguesa já nem é um melodrama: é um ensaio de ópera-bufa num hospício.

É o resultado da politização da justiça portuguesa a que ninguém soube reagir: nem a sociedade civil, nem os magistrados, nem os polícias. Não é de agora que se tem vindo a efectivar esta politização: lembre-se só o que foi o ínclito mandato de Celeste Cardona à frente do sector. As mudanças de leis penais a pedido ajudaram à festa. E tudo isso traduziu-se na balcanização da magistratura e da polícia.

Os políticos portugueses conseguiram o que queriam: nos tribunais e nas polícias todos estão contra todos.

É o chamado caos organizado. Péron governava assim. Os nossos políticos aprenderam com ele.

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