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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Viva a meritocracia que Dilma e Dirceu defendem agora. Mas, afinal, por que não fizeram isso antes?

Ricardo Setti

Amigos, há alguma coisa muito estranha em relação aos mais de 20 mil cargos de confiança, de livre nomeação, na máquina pública federal, moeda de troca para ganhar apoios políticos ao governo, fator de desvalorização dos servidores de carreira e com frequência porta de entrada de lobbies corruptores dentro dos mecanismos do estado.

Atentem para dois fatos dos últimos dias:

1. José Dirceu, ex-todo-poderoso chefe da Casa Civil do governo Lula durante dois anos e meio, até junho de 2005, quando caiu devido ao escândalo do mensalão, no programa Roda-Viva da TV Cultura, defendeu energicamente — e cheio de razão – que uma das formas de acabar com os cargos de confiança como moeda de troca na política é tornar obrigatória, pela Constituição, a escolha de funcionários de carreira para preenchê-los, com exceção de “uns 700″ no âmbito federal.

Segundo ele, o PT defendia essa obrigatoriedade na Constituinte de 1987-1988, mas, vencido pela maioria do “Centrão” — grupo de parlamentares liberais-conservadores de vários partidos –, não conseguiu emplacar a medida.

2. Dilma Rousseff, em dois trechos importantes de seu primeiro discurso como presidente eleita: “Zelaremos pela meritocracia no funcionalismo e pela excelência do serviço público (…)”. “Vou valorizar os quadros profissionais da adminsitração pública, independente [sic] de filiação partidária”.

Agora, duas perguntas que não querem calar:

1. Esse pessoal ficou 8 anos no governo, e por que não fez isso?

2. Como acreditar que a presidente eleita opte, agora, pela meritocracia na gestão do governo federal, se seu mentor Lula o que fez foi ratear e lotear cargos de confiança na administração direta, diretorias e outros postos em estatais e o comando e diretorias das agências reguladoras com absoluta predominância de interesses e critérios político?

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