Você é muito bem-vindo aqui!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Poesias Cantadas (Tavito) Criador de:Rua Ramalhete

Tavito, nome artístico de Luís Otávio de Melo Carvalho (Belo Horizonte, 26 de janeiro de 1948) é um músico e compositor brasileiro. Algumas canções compostas por Tavito tornaram-se grandes sucessos: "Rua Ramalhete" e "Casa no Campo" (com Zé Rodrix).Tavito ganhou seu primeiro violão aos 13 anos. Autodidata, começou a participar de serenatas e festas. Foi companheiro de geração de Milton Nascimento e de outros músicos mineiros, tais como Toninho Horta, Tavinho Moura e Nelson Ângelo. Em 1965 conheceu Vinícius de Morais, que apreciou o estilo de Tavito e o convidou a participar de suas apresentações na capital mineira. Mais tarde, participou do conjunto Som Imaginário e no final da década de 1970 seguiu carreira solo. Produziu discos de alguns artistas (Marcos Valle, Renato Teixeira, Selma Reis e Sá & Guarabyra). Ficou sem realizar espetáculos entre 1992 e 2004, época em que se dedicou às composições, aos arranjos e à publicidade.
Discografia
Som Imaginário

Depois de ficar 25 anos sem lançar disco, Tavito, autor de Casa no campo e Rua Ramalhete, está de volta com o CD Tudo, com antigos sucessos e novas parcerias

Eduardo Tristão Girão


"Estou ficando velho, mas meu espírito é muito jovem. Não me sinto com a idade que tenho, sou lépido" - Tavito, cantor e compositor

O cantor e compositor belo-horizontino Tavito tinha tudo para continuar na penumbra artística. Fora de Minas desde 1968, despontou ao lado de Milton Nascimento com o grupo Som Imaginário e tornou-se bem-sucedido criador publicitário, sua principal atividade até hoje. Seu último trabalho, Simpatia, um compacto lançado pela CBS em 1984, fracassou nas vendas, bem como seus dois discos anteriores. Shows também minguaram. Finalmente, parou de se apresentar, abalado pela morte do irmão, em 1991. Mas o destino não quis que fosse assim. Há seis anos, retornou aos palcos durante participação num show de Affonsinho na capital mineira e flagrou lágrimas de emoção na plateia. Resolveu voltar ao estúdio – desta vez para ser gravado – e acaba de lançar Tudo, seu primeiro disco em 25 anos.

“Estou ficando velho, mas meu espírito é muito jovem. Não me sinto com a idade que tenho, sou lépido. Por estar habituado a ser jovem, me esqueci de como eu era quando jovem. Fiz uma catarse, uma leitura de mim mesmo, e descobri uma coisa muito interessante. Muita gente chama de evolução uma coisa que não é evolução. Fico pensando, musicalmente, no que foi que eu evoluí. Na realidade, meus conceitos são os mesmos. O produto que vendo agora é o mesmo de 1979. Prega as mesmas coisas, o amor sempre absoluto e irrestrito. Basta prestar atenção às letras. Também prega o saudosismo, pois já era saudosista naquela época. Não mudei nada”, garante.

Tudo é composto por 14 faixas, sendo a maioria inédita. O álbum começa com 1969 (O beijo do tempo), canção que expõe o espírito saudosista de Tavito com referências musicais a Purple haze (Jimi Hendrix) e My sweet lord (George Harrison), colorindo versos como “Havia, eu sei, uma fumaça a nos fazer sonhar/ Havia a lei: a gente era livre para se amar/ Havia luz pois era tempo de iluminar”. A música foi escrita com Gilvandro Filho, um dos muitos parceiros que assinam novas faixas no disco. Com Luiz Carlos Sá fez O dia em que nasceu o nosso amor e A grande sorte; Alexandre Lemos divide com ele Embora e a faixa-título; e o novo parceiro Rocknaldo marca presença em Uma banda em Sampa e Um certo filme.

Ney Azambuja, co-autor de Rua Ramalhete (última do disco, em versão “reloaded”), um dos maiores sucessos de Tavito, ressurge na também inédita O primeiro sinal, além da regravação de Aquele beijo. “Todas as músicas foram feitas a partir de 1992, à exceção de Rua Ramalhete e Aquele beijo, que fiz para minha mulher, Celina, que está comigo há quase 30 anos. Fiz um arranjo para o Roupa Nova, mas resolvi gravá-la da maneira como eu a toco no meu show”, explica. Do amigo e parceiro Zé Rodrix gravou o sucesso Hoje ainda é dia de rock. “Fiz músicas com ele, mas acabaram não entrando no disco. As fronteiras do amor é uma balada linda e triste, mas ficou de fora, pois eu queria um disco animado, alegre. Amor e foguetes é outra”, conta.

E por que, afinal, o artista demorou tanto tempo para lançar um disco novo? “Não ia mais gravar. Arrumei outro veio na vida, o da propaganda. Resolvi fazer esse disco a partir daquele show em Belo Horizonte. Vi a água correndo na cara das pessoas e senti que precisava reavaliar o poder das coisas que eu fazia. Era uma força que eu sabia que tinha há muito tempo, mas não agora. Estava totalmente sumido da mídia. Nesse período fiz músicas que tocaram em novela, mas ninguém sabia”, lembra. Sem vínculos com gravadoras, começou a trabalhar no novo projeto aos poucos. Partiu de um universo de 50 novas canções.

Mesmo tanto tempo longe dos holofotes, Tavito garante não ter parado de compor. “Quando eu não gravo, alguém me grava. Só sei escrever e fazer música”, diz. As vendagens insatisfatórias de seus discos, lançados entre o final dos anos 1970 e o início dos 1980, é claro, contribuíram para que o artista sumisse: “Nessa época, estava muito perdido. Não queria ficar na publicidade, mas não queria que as coisas fossem como eram. A CBS não me deu a atenção que eu achava que deveria ter. Hoje nem acho mais isso. Penso completamente diferente. Mas na época me desencantei e resolvi dar uma parada”.

Tavito conta que, desde a morte do irmão, ficou 12 anos sem tocar violão, “só compondo e mexendo com teclado e estúdio”, lembra. “Antigamente, eu tinha proposta de instrumentista que hoje não tenho mais. Hoje, toco o que sei tocar e acho legal assim. Antigamente, algumas revistas diziam que eu era o melhor violonista do Brasil. Mentira. Tocava violão de 12 cordas e tive notoriedade porque fui dos poucos, na década de 1970, que tocava esse instrumento. Só havia eu para ser chamado para as gravações. Mas naquela época do Som Imaginário, do Clube da Esquina, era meio craque, tocava razoavelmente bem”, diverte-se.

Apesar de se dizer musicalmente o mesmo, o artista não tem dúvida de que o novo álbum inaugura nova fase em sua carreira. Para divulgar o trabalho, já programou shows de lançamento em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, que provavelmente serão realizados mês que vem. “Estou com saudades da estrada. Tenho feito shows em São Paulo, Brasília, Recife, Fortaleza. Apresento-me sozinho ou com Zé Rodrix. O show que faço com ele é muito bacana. Ele é meu parceiro em Casa no campo. Tem muitas histórias, piadas, conversas”. As sobras de estúdio, adianta, deverão dar origem ao seu próximo disco. “Gosto muito de compor. Aliás, é a única coisa que sei fazer. Sou um cara novo, penso novo”, conclui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário