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quinta-feira, 15 de março de 2012

Maria do Rosário é (ir)responsabilidade de Dilma

15/03/2012
às 5:41
Acima, escrevo um longo texto sobre os desacertos do governo Dilma. Faltam-lhe eixo, competência e habilidade política. E começo a achar que a Soberana precisa ser um pouco mais responsável em temas que digam respeito às instituições.
Ontem, a imprensa resolveu ouvir dois ministros de estado sobre a ação doidivanas de procuradores da República que decidiram, ao arrepio de um conjunto de leis e de decisão do próprio Supremo, rever a Lei da Anistia, propondo uma ação penal contra um militar que participou do combate à guerrilha do Araguaia. Já escrevi bastante a respeito, como sabem. Pois bem.
O governo Dilma já é protagonista do mais sério entrevero com os militares desde a redemocratização. É verdade que o confronto se dá com os da reserva — mas se estende aos da ativa à medida que, também ao arrepio da lei, a presidente e seu ministro da Defesa, Celso Amorim, deram ordens para que os respectivos Comandos das três Forças punissem signatários de um texto de protesto. Mas punir como? A lei está do lado daqueles que se manifestaram. Dilma não deve ter lido “O Príncipe”, mas há uma chance de que tenha lido “O Pequeno Príncipe”. Não dê ordens que não possam ser cumpridas. Não mande o povo se jogar ao mar que ele não vai obedecer…
Muito bem! O que motivou o primeiro manifesto dos militares da reserva foi justamente uma declaração da ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos), segundo quem a Comissão da Verdade poderá, sim, resultar em ações penais. Ela está errada! A Lei da Anistia impede que isso aconteça. Muito bem! Dada a ação dos procuradores, sem vínculo formal direto com a Comissão da Verdade, e dada a crise que ela já provocou, o prudente seria que Maria do Rosário ficasse de boca fechada. Ou que, então, cumprisse seu papel institucional e, convidada a falar a respeito, se limitasse a dizer: “O governo não interfere na ação dos procuradores; faremos a Comissão da Verdade dentro da lei”.
Mas aí ela não seria Maria do Rosário. O que fez, então, a ministra em cuja pasta está a Comissão da Verdade — CRIADA POR UMA LEI QUE INCORPORA AO PRÓPRIO TEXTO A LEI DA ANISTIA — e que deveria estar agora ocupada na distensão? Falou isto:
“Eu acredito que o Ministério Público Federal está cumprindo o seu papel. É um papel relevante, e isso em nada tira do nosso objetivo de levarmos adiante os trabalhos que estamos desenvolvendo no sentido de a história ser resgatada no Brasil”.
A língua portuguesa segue o padrão da turma, daquele “mundo + descente“, mas deu pra entender: a ministra que lidará diretamente com a Comissão da Verdade apoia ações penais, que negam a própria lei que criou… a Comissão da Verdade!!! Bem, é a mesma senhora que afirmou não faz tempo: “A marca de Cuba não é a violação dos direitos humanos e sim ter sofrido uma violação histórica, o embargo americano”. Dizer o quê? Na ilha, ela integraria alegremente a Comissão da Mentira. No Brasil também.
Amorim  falou e tentou pôr panos quentes: “A Comissão da Verdade, ao contrário do que alguns andaram dizendo, não tem nada a ver com revanchismo; é uma lei do Congresso, aprovada pela virtual unanimidade”. Ora… Maria do Rosário e a evidência do revanchismo!
É impressionante que esta notória admiradora dos direitos humanos de Cuba dê uma declaração como essa depois da confusão que ela própria criou. Tanto ela como Amorim são as vozes de Dilma; um ministro é nada mais do que a vontade do mandatário em sua área de atuação. Assim, tem-se que, quando na Defesa, Dilma não quer revanche, mas, nos Direitos Humanos, ela quer.
O governo já enfrenta problemas de sobra. Pelo visto, aposta em mais alguns. Maria do Rosário é responsabilidade — ou irresponsabilidade — de Dilma Rousseff.
Por Reinaldo Azevedo
 http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/maria-do-rosario-e-irresponsabilidade

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