A afirmação foi feita em uma entrevista ao Jornal Nacional, em que ele falou sobre a acusação de enriquecimento ilícito durante seu mandato como deputado federal
Lucas Hackradt. Com José Antonio Lima
A Rede Globo transmitiu, na noite desta sexta-feira, entrevista com o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, ao Jornal Nacional, sobre as acusações de enriquecimento ilícito feitas contra ele. Ao ser questionado se havia colocado seu cargo à disposição da presidente Dilma Rousseff, ele disse que o cargo de todos os ministros estavam à disposição da presidente, mas que os dois não haviam conversado sobre isso. "Nós não chegamos a conversar sobre esse assunto, mas não é isso que me prende ao governo, estou aqui pra colaborar com a presidente, faço minha atuação no governo", disse.Ao longo da entrevista, concedida ao repórter de Brasília Júlio Mosquéra, o ministro negou que sua empresa tenha beneficiado clientes. Ele explicou que, como teve de encerrar as atividades de consultoria ao ser chamado para integrar o ministério, todos os clientes tiveram que pagar as dívidas dos contratos – encerrados no ano passado. Este teria sido o motivo para o faturamento tão alto nos últimos dois meses de 2010 – RS 10 milhões, metade do faturamento anual.
Ele também disse que a empresa "jamais atuou junto a órgãos públicos", que nunca prestou consultoria para uma empresa que tivesse interesse em fazer negócios com o governo. A alta procura pelos seus serviços veio da experiência adquirida como ministro da Fazenda. "São empresas que vivem da iniciativa privada e que consideraram útil o fato de eu ter sido ministro da Fazenda, de ter acumulado uma experiência na área econômica, de conhecer a área econômica", disse. Depois que deixou o ministério, ele teria respeitado os quatro meses de quarentena antes de trabalhar como consultor. Ele insiste em não divulgar a lista de clientes para que eles não sofram represálias. "Não tenho o direito de expor terceiros", afirmou.
Palocci também disse à Folha nesta sexta (3) que não comentou com a presidente Dilma Rousseff os nomes dos clientes de sua empresa, nem o tipo de serviço que ela prestou. Segundo nota publicada no site do jornal, Palocci disse que não entrou "em detalhes sobre os nomes dos clientes ou sobre os serviços prestados para cada um deles", afirmou Palocci.
Palocci havia confirmado na quinta-feira que iria dar explicações à sociedade. O blog Político, de ÉPOCA, antecipou que o ministro deveria falar nesta sexta, em entrevista a uma emissora de TV. Segundo o blog, a estratégia de Palocci era esperar para saber até onde a imprensa conseguiria avançar na descoberta de seus negócios, para depois se explicar. Nesta semana, no entanto, a pressão para que Palocci desse explicações públicas sobre seu enriquecimento cresceu.
Além da oposição, os principais aliados do ministro – a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – também passaram a cobrar esclarecimentos de Palocci. A posição de Dilma e Lula abriu as portas para que líderes petistas também cobrassem o ministro. Na quinta-feira, o vice-líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI), e o secretário de Comunicação do partido, André Vargas, fizeram comentários com pedidos como esse. No Plenário do Senado, Pedro Simon (PMDB-RS), pediu o afastamento de Palocci afirmando que estava cada vez mais difícil para a base aliada impedir a convocação de Palocci, como quer a oposição.
Na terça-feira, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), terá uma decisão complicada. Ele será obrigado a decidir se a convocação de Palocci realizada pela Comissão de Agricultura da Câmara foi válida ou não. A oposição afirma que a base governista "dormiu", enquanto os governistas acusam a oposição de dar um "golpe".
JL, LH e LL
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