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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Nível das escolas no Brasil passa 'de desastroso a muito ruim', diz 'Economist'

"Escola na floresta Amazônica"
Por BBC, BBC Brasil, Atualizado: 10/12/2010 5:56
Brasil ficou em 53º lugar entre 65 países no último ranking do Pisa

Em edição publicada nesta quinta-feira, a revista britânica The Economist diz que dados recém-divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que a educação brasileira teve 'ganhos sólidos' na última década.

Ainda assim, a revista afirma que 'o progresso recente meramente elevou o nível das escolas de desastroso para muito ruim'.

A Economist se referia à divulgação, na última terça-feira, do 4º Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que mediu o nível da educação em 65 países. O Brasil ficou na 53º colocação, tendo obtido 412 pontos em leitura, 386 em matemática e 405 pontos em ciência.

O desempenho do país em cada uma das três áreas foi, em média, 20 pontos superior ao registrado no último teste, em 2006. O resultado fez com que a OCDE considerasse que o caso brasileiro revelava 'lições encorajadoras'.

Em entrevista à Economist, a pesquisadora Barbara Bruns, do Banco Mundial, cita entre os motivos para a melhoria o sistema brasileiro de avaliação escolar, criado há 15 anos.

'De um ponto de partida em que não havia nenhuma informação sobre o aprendizado do estudante, as duas (últimas) presidências construíram um dos sistemas de medição de resultados educacionais mais impressionantes do mundo', disse ela.

Apesar do avanço, a revista diz que dois terços dos jovens de 15 anos são incapazes de fazer qualquer coisa além de aritmética básica.

'Mesmo escolas privadas e pagas são medíocres. Seus pupilos vêm das casas mais ricas, mas eles se tornam jovens de 15 anos que não se saem melhor que um adolescente médio da OCDE', afirma a publicação.

Segundo a Economist, uma das razões para a má qualidade do ensino é o desperdício de dinheiro. 'Como os professores se aposentam com salários integrais após 25 anos para mulheres e 30 para homens, até a metade dos orçamentos da escola vai para as aposentadorias', diz a revista.

A publicação afirma ainda que, exceto em poucos locais, professores podem faltar em 40 dos 200 dias escolares sem ter o salário descontado.

A Economist diz que o país estabeleceu a meta de alcançar a média da OCDE na próxima década, mas alerta que, 'no ritmo atual, chegará só até a metade do caminho'.

A solução, aponta a revista, é propagar iniciativas como a da cidade do Rio (que combate a falta de professores dando pagando bônus às escolas que atingirem metas) e a do Estado de São Paulo (que criou plano de carreira a professores que vão bem em testes de conhecimento).

'Se o Brasil alcançar a nota, será porque conseguiu espalhar essas práticas inovadoras por todos os cantos', conclui a revista.

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