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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Eduardo Cunha, Lúcio Funaro e Lutero de Castro Cardoso negam envolvimento em operação de empresa com Furnas

RIO - O deputado federal Eduardo Cunha, o doleiro Lúcio Funaro e o ex-presidente da Cedae Lutero de Castro Cardoso negaram nesta quinta-feira, em cartas ao jornal, o envolvimento na compra e venda de ações da empresa Serra do Facão Participações S.A . O negócio teria representado um prejuízo de R$ 73 milhões a Furnas Centrais Elétricas. A exemplo de Cunha, Funaro ameaçou processar os autores da reportagem, publicada nesta quinta-feira.

Lutero Cardoso, cujo nome aparecia na composição societária do Grupo Gallway em 2008 como membro do Conselho de Administração, disse que, após deixar a presidência da Cedae, no ano anterior, se dedicou à prestação de consultorias nas áreas técnicas e comerciais nos seguimentos de telecomunicações, energia e saneamento.

Embora negue conhecer "os detalhes do procedimento do Serra do Facão", Lutero disse que prestou consultoria à Gallway, "sem jamais ter sido diretor" da empresa. Ele alega que foi contratado exclusivamente para prospectar novos negócios em pequenas centrais hidrelétricas, a convite do proprietário e presidente da empresa, João Nogueira, a quem conhecia desde a época em que Lutero foi diretor de Operações da Telesp (São Paulo), entre 1993 e 1995.

O ex-presidente da Cedae, que ocupou o cargo de 2005 a 2007, por indicação de Eduardo Cunha, disse que, meses após ter sido contratado pela Gallway, ocorreu o rompimento da barragem da hidrelétrica de Apertadinho, em Rondônia: "Infelizmente fui testemunha das consequências do desabamento desta barragem, assunto que é objeto de demanda judicial entre as partes".

Um dos fundos de pensão prejudicados com rompimento foi a Prece, caixa de previdência dos funcionários da Cedae, que entrou no negócio justamente quando Lutero dirigia a companhia.

Já em nota assinada pelos advogados, Funaro elogia a própria carreira profissional, "pautada na mais absoluta legalidade, trabalhando no mercado financeiro, junto à Bolsa de Valores de São Paulo, bem como sendo empresário muito bem sucedido e reconhecido". Em seguida, afirma não ter nenhuma relação profissional ou comercial com o deputado Eduardo Cunha.
Funaro, que era da Gallway, nega ser da Serra da Carioca

Funaro também negou "qualquer tipo de relacionamento comercial com o setor público, seja no que tange à sua pessoa física, seja no que diz respeito a suas empresas". Porém, em mais de uma ocasião, se apresentou como representante do grupo Gallway (holding da Serra da Carioca) em negócios mantidos com o setor público.

Embora admita que foi investigado pela Comissão de Valores Mobiliários(CVM), sustenta que, passados cinco anos, "não houve qualquer irregularidade ou ilícito apontado pelos órgãos competentes em relação a operações praticadas no mercado de capitais pelo mesmo". Porém, o que ocorre é que as investigações sobre os seus negócios ainda estão em andamento.

Funaro negou ainda ter sido o sigilo quebrado pela CPMI dos Correios e garantiu não ter vinculação com a empresa Serra da Carioca II, além de não ter participado de qualquer negócio com Furnas.

A reportagem, contudo, não disse que ele pertencera aos quadros da Serra da Carioca, mas à holding da empresa, o grupo Gallway, pelo qual participou de reuniões e deu declarações públicas como representante.

Já o deputado Eduardo Cunha admitiu conhecer Lutero de Castro "de longa data". Sobre o ex-presidente da Cedae, que responde a inquéritos por irregularidades administrativas na companhia, classificou de "profissional eficiente, que foi efetivamente por mim indicado à época do governo de Rosinha Garotinho para ocupar cargo na administração estadual e foi por ela aceito e cooperou com o seu governo de forma a que ela mesmo possa testemunhar".

"Quanto à sua vinculação com a empresa mencionada pela reportagem, desconheço e se Lutero a tem, não foi por meu intermédio", disse.

Cunha também atacou a gestão anterior à do PMDB, acusando o então presidente de Furnas, José Pedro Rodrigues de Oliveira, e o então diretor de Operações, Fabio Resende, de "deixar uma herança de prejuízos e problemas em Furnas, já detalhados pela empresa em notas públicas e de conhecimento do governo".

Embora reconheça que morou durante um período em apartamento pago pelo doleiro, disse que desconhecia qualquer participação - "até porque não conheço os seus assuntos" - de Funaro na Gallway. A reportagem publicada nesta quinta-feira mostrou que, em 2008, já na gestão indicada pelo PMDB fluminense, Furnas fez negócios com a Serra da Carioca, da Gallway.

Na carta enviada à redação, Cunha se deteve mais naquilo que não era o enfoque principal da reportagem: o aluguel de um apartamento. Ele escreveu "provo jamais ter mantido qualquer relação com ele, que não seja a locação por um período, que se encerrou em 2005".

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