sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Publicado em 05/01/2011 | Agência Estado - Proibir amianto é viável, revela estudo
São Paulo - A proibição do amianto crisotila no Brasil não traria impactos econômicos significativos, pois as indústrias instaladas já possuem tecnologia para substituir o material a custos competitivos. Essa é uma das conclusões de estudo realizado pelo Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (Neit) da Unicamp.
A pesquisa mostra que a diferença de preços entre as telhas de fibrocimento sem amianto e as com amianto não ultrapassa 10%.
E essa diferença tende a cair mais, à medida que novas tecnologias sejam empregadas pelos fabricantes. O estudo revela, ainda, que a perda de empregos decorrente do encerramento das atividades de mineração de amianto e da industrialização da fibra traria impactos localizados, porém contornáveis.
De acordo com Ana Lucia Gonçalves da Silva, do Instituto de Economia da Unicamp e uma das autoras do estudo, os impactos negativos mais significativos recaem sobre o município de Minaçu, em Goiás, onde está localizada a mina de extração do amianto, operada pela Sama Mineração. Os royalties decorrentes da exploração do amianto geram receita da ordem de R$ 3,3 milhões anuais, dividida entre o município, estado e a União.
“Embora relevantes para Minaçu, esses impactos são pequenos diante dos enormes ganhos em termos da saúde dos trabalhadores e da população em geral, em todo o país”, diz a professora. “Esses impactos negativos podem ser compensados com apoio ao desenvolvimento de atividades alternativas, como o turismo.”
Segundo João Carlos Duarte Paes, presidente da Abifibro, entidade que reúne as empresas fabricantes de fibrocimento (material usado para fazer telhas e caixas d’água) sem amianto, a tecnologia para substituir o mineral já está bem estabelecida no país. “Mesmo as empresas que fabricam produtos com amianto já possuem linhas de produtos sem o mineral”, diz. “Por que não banir totalmente, a exemplo do que já fizeram outros 58 países?”, questiona.
As principais matérias primas que podem substituir o amianto são a base de polipropileno (resina produzida em escala no Brasil) e poliálcool vinílico (material que ainda é importado da China e do Japão).
O Instituto Brasileiro do Crisotila (IBC), que representa os produtores de amianto crisotila, contesta o estudo da Unicamp. Segundo a entidade, os produtos com amianto têm custo de produção 30% menor comparado aos que têm a tecnologia alternativa. “O estudo se baseou em preços diretos ao consumidor, o que é uma inconsistência”, diz Marina de Aquino, presidente executiva do IBC. Segundo ela, uma das empresas que substituíram o amianto, a Brasilit, tem telhas a custos competitivos porque fabrica o polipropileno.
Outro ponto a favor do amianto, segundo Marina, é a durabilidade do material. “A telha com amianto tem durabilidade média de 70 anos, enquanto o produto feito de PP [polipropileno] dura 10 anos.”
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