Em 1969, o então secundarista Celso Lungaretti tinha 18 anos quando se infiltrou na guerrilha de esquerda. Seguiu o ex-capitão do Exército Carlos Lamarca, líder do movimento VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), até o Vale do Ribeira, em São Paulo. Era lá que Lamarca pretendia treinar seus militantes para a luta armada e conseguir adesão da população rural. Só que, um ano depois, Lungaretti foi preso e torturado. Parte da guerrilha foi encontrada pelas tropas do governo três dias mais tarde. E o estudante passou a ser visto como delator.
A fama de dedo-duro o acompanhou por 34 anos. No fim de 2005, um ano depois da liberação dos arquivos sobre o episódio, escreveu Náufrago da Utopia – Vencer ou Morrer na Guerrilha. Aos 18 Anos, em que conta sua versão da história. Segundo o livro, Lungaretti não foi o culpado pelas prisões. O erro teria sido do próprio Lamarca.
A VPR foi criada após o Ato Institucional número 5, em 1969, que ampliou o poder de repressão da ditadura militar. O começo do fim do movimento foi em 16 de abril de 1970, após a prisão de Lungaretti. Sob tortura com choque elétrico, o militante entregou a localização do campo de treinamento da VPR, na cidade de Jacupiranga. Segundo Lungaretti, Lamarca já tinha abandonado esse campo e teria dado a entender que o novo local de treinamento seria no sul do país. O Exército, porém, achou a nova área da VPR bem perto do local anterior. Na operação, quatro militantes foram presos. O ex-capitão conseguiu escapar, mas foi morto pelos militares no ano seguinte.
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