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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Músicos do Passado - Júlio Câmara (1876-1950)


Um músico de grande relevo no Funchal e que também foi um impulsionador de repertório erudito para bandolim foi Júlio de Câmara (1876-1950), um dos principais cantores portugueses do primeiro quartel do século XX, que actuou em teatros de Itália, Lisboa, Brasil e na então designada União Sul-Africana.
Nascido em Lisboa, o músico viveu entre 1919 e 1925 no Funchal, altura em que dinamizou a prática da música vocal na Madeira, através da criação de uma escola de canto, e contribuiu para a difusão da prática do bandolim.
Uma prova do seu contributo nestas duas áreas encontra-se num programa de concerto de 28 de Abril de 1920, que o músico organizou no Funchal, onde um sexteto de bandolins teve um papel central no acompanhamento dos cantores, visto que tocou em quase todos os números do concerto.
O programa musical era constituído por um repertório marcadamente erudito, ou melhor, clássico ligeiro, marcado pelos grandes compositores de ópera do século XIX: Verdi, Bizet, Donizetti, Puccini, entre outros.
Além de cantor, Júlio Câmara deveria ser igualmente um exímio executante de bandolim, que tinha conhecimento do melhor repertório para este instrumento neste período.
No programa do concerto acima referido, Júlio Câmara tocou algumas obras para bandolim em dueto com Luiz Pinheiro, transcritas para bandolim por Carlo Munieri (1859-1911) de Florença, um dos principais pioneiros do revivalismo da música para bandolim no final do século XIX, cujo repertório foi fundamental na melhoria da técnica do instrumento e dos padrões de exigência: uma Romanza de Donizetti e uma Polonaise de Beethoven.
Júlio Câmara também compôs algumas obras para bandolim, sendo conhecidas actualmente duas composições suas, que se encontram na Biblioteca do Conservatório-Escola das Artes (Funchal): Pensiero libero (Prelúdio) e um Fado para bandolim e piano. Ambas as composições são de um elevado virtuosismo, sendo curioso realçar que o Fado tem duas versões: uma virtuosa e uma «transcrição fácil», esta última destinada certamente aos executantes amadores com menor virtuosismo e que possivelmente tocariam estas versões nos salões privados.
Paulo Esteireiro

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