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sexta-feira, 22 de julho de 2011

ESTREIA-'Assalto ao Banco Central' romantiza maior roubo do país



Marcos Paulo usa humor para fazer o filme 'Assalto ao Banco Central'

Longa-metragem sobre o maior golpe da história do país, ocorrido em Fortaleza, em 2005, marca a estreia do ator e diretor de TV na direção de cinema

Ex-galã de novelas da Rede Globo, diretor de programas de TV por cerca de quatro décadas, Marcos Paulo faz sua estreia na direção de longas-metragens com Assalto ao Banco Central, em cartaz nos cinemas brasileiros a partir desta sexta-feira, dia 22. Estrelado por Lima Duarte, Giulia Gam, Milhem Cortaz, Eriberto Leão e Hermila Guedes, entre outros, o filme, que romantiza o maior roubo a um banco no país, ocorrido em Fortaleza, em 2005, chega às salas com disposição de blockbuster: são cerca de 350 cópias espalhadas pelo circuito.
A transição para o cinema do ator de 60 anos não aconteceu sem um empurrão da velha companheira, a televisão. “Quarenta anos de TV interferem muito no seu trabalho, porque ela é uma grande escola, até pelo grande volume de produção que o veículo demanda”, assumiu astro de sucessos televisivos como O primo Basílio e Gabriela em Paulínia, onde Assalto ao Banco Central encerrou a quarta edição do festival de cinema daquela cidade paulistana, na semana passada.

Produzido pela Total Enterteinment, produtora por trás de sucessos de bilheteria nacional como Divã (2009), de José Alvarenga Jr., e os filmes da franquia Se eu fosse você, dirigidos por Daniel Filho, e distribuído pela Fox International, o longa-metragem recria, com a ajuda da ficção, o mirabolante golpe que subtraiu cerca de RS 164,7 milhões dos cofres do banco cearense, e que envolveu a participação de 32 assaltantes. Os atores trabalharam sobre versões de pessoas reais envolvidas no crime, tanto do lado dos criminosos quanto do da polícia.
 “Trabalhamos com um roteiro (de Renê Belmonte) que mistura informações que vieram da mídia e dos autos do processo, e com muitos elementos de ficção”, explicou o diretor, que luta contra um câncer no esôfago. “Não poderia ser de outra forma. O processo não foi concluído, os cabeças do golpe não foram presos e a maior parte do dinheiro roubado ainda não foi recuperada. Ficamos surpressos com o número de informações anônimas que recebemos desde que anunciamos a produção do filme. Espero que elas sirvam de subsídios para que o caso seja reaberto”, contou Paulo.
A oção pela romantização foi pautada também por motivos práticos: “No Brasil, a lei de direitos autorais não permite que se faça um filme sobre pessoas reais sem a autorização das prórpias ou de seus herdeiros”, explicou Walkíria Barbosa, da Total Enterteinment. “Não queríamos ficar vulneráveis a um possível processo da parte dos criminosos, alguns ainda foragidos, reclamando royalties de nosso filme. Seria ridículo, mas não queríamos abrir margem para algo parecido”.
Hermila Guedes e Eriberto Leão fazem parte do núcleo de criminosos do longa-metragem
Hermila Guedes e Eriberto Leão fazem parte do núcleo de criminosos do longa-metragemApesar da gravidade do episódio, Assalto ao Banco Central é narrado com toques de humor e até um pouco de zombaria. “Estávamos lidando com um acontecimento sério, mas quanto mais nos aprofundamos no caso, mais debochado ele nos parece. O roubo foi executado por gente comum, numa operação que durou meses, mas ninguém conseguiu desmascarar seus mentores, que desapareceram com mais de R$ 140 milhões. Mas a verdade é que o deboche marca a maior parte dos fatos históricos do país”, observou o diretor.
No filme, Lima Duarte e Giulia Gam interpretam investigadores de gerações distintas, que usam suas habilidades específicas para ajudar a destrinchar o caso. Tantos os atores como a equipe do filme contaram com a consultoria de peritos da Polícia Federal. “Não temos tradição no cinema policial, buscamos a ajuda de policiais reais para podermos descrever os procedimentos de uma investigação de forma apropriada. Até os atores foram instruídos por policiais de verdade”, justificou Walkíria Barbosa.
O crime, que ganhou as machetes do noticiário do Brasil e do mundo na época, é o tema do livro investigativo Toupeira – A história do assalto ao Banco Central (Editora Planeta), escrito por Roger Franchini, advogado e ex-policial civil de São Paulo, lançado no início deste ano.  Um outro livro, este uma adaptação do roteiro que inspirou o filme dirigido por Marcos Paulo, também escrito pelo roteirista Renê Belmonte e o policial federal J. Monteiro, foi chegou às livrarias brasileiras na semana passada, com o selo da Editora Agir.
JB

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