Alan Marques/FolhaChama-se Nilton Brito o superintendente do Dnit no Mato Grosso. Foi alçado ao cargo, em 2010, por Luiz Antonio Pagot (foto), o diretor-geral do órgão, em férias.
Quase homônimo de Nilton Brito, o irmão dele, Milton Brito, é dono da empresa Engeponte Construções.
A empreiteira de Milton amealhou no órgão dirigido por Nilton contratos no valor de R$ 26 milhões nos últimos dois anos.
Deve-se a revelação ao repórter Rubens Valente. Ele conta que, em 2009, Nilton assistiu aos negócios de Milton desde Brasília.
Nessa época, Nilton trabalhava na direção-geral do Dnit, sob Pagot. Era coordenador-geral de Desenvolvimento de Projetos.
No ano seguinte, transferido para a superintendência matogrossense, Nilton vinculou-se diretamente às obras tocadas por Milton.
Ouvido, o Brito empresário disse ter declarado ao Brito do Dnit: “Pede demissão já. Vem trabalhar comigo.”
Milton, o construtor, contou que Nilton, o “servidor”, é sócio dele noutra empresa, a Construtora Tocantins, que ergue casas com verbas do Minha Casa, Minha Vida.
Milton corrigiu-se minutos depois. Declarou que, ao ingressar no Dnit, em 2008, Nilton transferira sua cotas na Tocantins para a mulher.
Nilton, o do Dnit, referiu-se aos negócios do irmão assim: "Ele é engenheiro, tem empresa há muito tempo…”
“…Já trabalhava com o Dnit, não posso impedi-lo de trabalhar. Eu não tenho vínculo com ele, sou funcionário público."
Avisou ao novo ministro dos Transportes, Paulo Passos sobre o conflito de interesses? "Não vi necessidade", disse Nilton.
E quanto à Construtora Tocantins, aquela que belisca contratos do programa federal de casas populares? "Essa empresa nós herdamos de nosso pai…”
“…Eu, por força de que sou um servidor, não botei em meu nome, botei em nome de minha esposa…”
“…Essa empresa não tem nenhum contrato público, é empresa de incorporação."
Postado do lado de fora do balcão do Dnit, Milton diz que a presença de Nilton no Dnit só o “atrapalha”. Como assim?
"A verdade é a seguinte: eu sempre trabalhei nisso [obras]. Meu irmão pega e aceita cargo. Por mim ele não aceitaria cargo nenhum…”
“...Por mim, eu queria mais que ele fosse para o olho da rua, porque ele só me atrapalha…"
“…Se fosse me locupletar com isso eu deveria ter uns R$ 100 milhões de contrato."
Se mantiver o padrão inaugurado na semana passada, Dilma Rousseff talvez atenda Milton, enviando Nilton ao meio-fio.
Foi o que sucedeu em caso semelhante, envolvendo José Henrique Coelho Sadok de Sá, que respondia interinamente pela direção-geral do Dnit.
Descobriu-se que uma empresa da mulher de Sadok de Sá fechara contratos de R$ 18 milhões para a recuperação de rodovias em Roraima.
Por ordem de Dilma, o interino de Pagot foi demitido. Por analogia, Nilton Brito também deveria receber cartão vermelho.
Procurado, Pagot preferiu não comentar: “Vai ter um momento de falar. Não agora”, declarou, antes de desligar o telepone.
por Josias
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