Segundo um porta-voz da família, a cerimônia será pequena e íntima, exclusivamente para parentes e amigos próximos. Local e horário do funeral não foram oficialmente revelados.
De acordo com publicações locais, incluindo o Jewish Chronicle Online, fonte de informações da comunidade judaica britânica, a cerimônia seguirá os preceitos da tradição judaica.
A decisão teria sido tomada por vontade dos pais de Amy, Mitchell e Janis Winehouse, membros de famílias judias.
Polêmica com tatuagens
Pela religião judaica, o corpo deve ser enterrado o mais rápido possível após a morte. Também não é costume realizar a cremação.
Entretanto, de acordo com reportagem do tabloide britânico “The Daily Mail” publicada na edição desta terça, Amy seria cremada no cemitério Golders Green, localizado na região norte de Londres, área de grande concentração de judeus.
Na segunda, outros tabloides já especulavam sobre possíveis impedimentos para que o funeral da cantora seguisse estritamente as regras da lei judaica. Entre os eventuais empecilhos poderiam estar as tatuagens espalhadas pelo corpo da cantora.
“Muitas pessoas acreditam que pessoas tatuadas não podem ser enterradas de acordo com o padrão judeu, mas não é verdade. Tatuagens são proibidas no judaísmo, mas não há regras barrando pessoas com tatuagens de serem enterradas de acordo com os padrões judeus”, afirmou ao G1 Vivian Goldring, funcionária da área de segurança da Comunidade Judaica de Londres que estava em frente à casa de Amy, depositando velas e cartões escritos em hebraico.
A informação é confirmada pelo rabino emérito Henry Sobel. “Não se deve mudar o corpo, tentar aperfeiçoá-lo. Se for viável, tiramos [as tatuagens]. Se não for viável, não tiramos. Não é obrigatório”, explica.
Enterro ou cremação?
Ambos ressaltam também que o corpo deve ser enterrado o quanto antes. Esse teria sido o motivo pelo qual o instituto médico legal de Londres teria apressado os procedimentos de necrópsia e devolvido o corpo de Amy para a família ainda nesta segunda.
“Amy deveria ter sido enterrada no sábado, quando foi pronunciada falecida. As tradições judaicas dizem que o corpo deve ser enterrado o mais rápido possível após o pronunciamento da morte”, defende Goldring. “De acordo com a lei judaica, devemos realizar o sepultamento três dias após o falecimento. Por questão de respeito ao falecido”, completa Sobel. “A pessoa morre, e sepultamos o corpo logo em seguida, na esperança de que o falecido mereça viver num outro mundo. É a vida após a vida.”
Tanto Goldring quanto Sobel, no entanto, não acreditam que Amy possa ser cremada – ao menos, se forem observadas as tradições judaicas. “Nós não permitimos cremação. Porque a vida foi dada e tem que ser devolvida. Não cabe a nós mudar o status do corpo. Isso é algo sagrado”, justifica o rabino.
Caso realmente siga os preceitos religiosos da família Winehouse, o corpo de Amy também será lavado com água morna antes do enterro e despido de quaisquer maquiagens e adereços. Em alguns casos, o morto é sepultado usando apenas um manto branco.
Após a cerimônia funerária, inicia-se um período de sete dias chamado “Shiva”, no qual a família recebe parentes e amigos para ser consolada. “A solidão provocada pelo falecimento é muito dolorida. Então tentamos aliviar a dor, realizando sete dias de reza, quando as pessoas vêm com palavras de consolo e gestos de carinho”, conclui Sobel.
Causa segue indeterminada
Uma necrópsia realizada nesta segunda-feira no corpo de Amy Winehouse obteve resultados inconclusivos sobre o motivo de sua morte. Amostras de sangue e tecidos foram colhidas para analisar a presença de drogas, álcool ou outras substâncias suspeitas no corpo de Amy.
Os resultados dos exames toxicológicos devem sair entre duas e quatro semanas.
Mais cedo, um porta-voz da Polícia Metropolitana de Londres havia descartado a existência de “circunstâncias suspeitas” em torno da morte de Amy Winehouse. Em outras palavras, a polícia não encontrou evidências de crime.
Segundo a BBC, o resultado do inquérito policial sobre as circunstâncias da morte não sairá antes 26 de outubro.
‘Sobrinha, irmã e filha maravilhosa’
Durante a manhã de segunda-feira, Mitch Winehouse, pai de Amy, esteve em frente à casa da filha e falou com os fãs no local. “Muito obrigado a todos por estarem aqui. Vejo vocês em breve”, disse ele, que estava em turnê em Nova York quando soube da notícia.
A família de Amy Winehouse divulgou comunicado no domingo lamentando a morte da cantora. “Ela deixa uma lacuna em nossas vidas”, diz a nota, que a define como “sobrinha, irmã e filha maravilhosa. Estamos nos reunindo para nos lembrar dela e gostaríamos de privacidade e espaço neste momento terrível.”
O “Sunday Mirror” trouxe uma entrevista com a mãe da cantora, Janis, que disse acreditar que a morte da filha era “apenas uma questão de tempo” quando a encontrou, um dia antes de ela morrer.
Sozinha na cama’
Em matéria de capa nesta segunda-feira, o tabloide “The Sun” afirmou que Amy estava morta em sua cama havia seis horas quando foi encontrada.
Segundo o jornal, a cantora fazia check-ups regulares de saúde por causa de sua batalha contra drogas e um médico a teria examinado na noite da sexta-feira. Tabloides publicaram relatos de que Amy teria comprado drogas, incluindo cocaína e ecstasy às vésperas de sua morte.
Chris Goodman, representante e amigo de Amy Winehouse, afirmou ao site TMZ neste domingo (24) que a cantora “morreu sozinha na cama”.
Ainda segundo Goodman, a morte teria sido presenciada por um segurança particular, que havia sido destacado para cuidar de Amy. Foi este homem quem chamou o resgate, disse o assessor.
“Ela estava no quarto dela, depois de dizer que queria dormir. E quanto ele [o segurança] foi acordá-la, percebeu que ela não estava respirando”, contou Goodman ao TMZ. “Ele chamou os serviços de emergência imediatamente. Ele estava em choque. Neste momento, ninguém sabe como ela morreu. Ela morreu sozinha na cama”, completou.
Biografia
Amy Winehouse nasceu em Londres, em uma família judia. Começou a ouvir jazz quando criança e formou a primeira banda aos dez. Filha de uma farmacêutica e de um motorista de táxi, com o qual tinha uma relação conturbada, ela cresceu na área de Southgate, no norte de Londres. Seus tios maternos eram músicos de jazz profissional.
Aos 16 anos, Amy passou a cantar profissionalmente. O primeiro disco, “Frank”, foi lançado quando ela completou 20 anos e produzido por Salaam Remi. O segundo trabalho, “Black to black”, saiu em 2006. O disco foi produzido por Mark Ronson e tinha como banda de apoio os Dap Kings, que também se apresentaram recentemente no Brasil.
Foi “Back to black” que consagrou a cantora. O trabalho lhe rendeu cinco prêmios Grammy, o Oscar da música internacional.
A morte precoce de Amy Winehouse aos 27 anos se junta a uma trágica lista de roqueiros que também morreram nesta idade, por consequência direta ou indireta do uso de drogas, entre eles, Janis Joplin, Kurt Cobain, Jim Morrison, Brian Jones e Jimi Hendrix.
G1 com Agências internacionais
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