Após a suspensão do pagamento de sessões extraordinárias, deputados mineiros estão usando diárias de viagens para engordar os salários - podem receber até o dobro dos vencimentos normais. Deliberação da Mesa autoriza o pagamento de diárias aos parlamentares que fizerem viagens representando a Assembleia. Mas ao contrário das sessões extras, que eram pagas a qualquer parlamentar que registrasse presença nas reuniões, o pagamento por viagens é restrito apenas aos deputados selecionados pela Mesa Diretora para representar a Casa.
Pela deliberação, a Assembleia paga por diária de viagem em território nacional R$ 668, exatamente o valor do salário dos deputados - R$ 20.042 - dividido por 30. Já os parlamentares que viajam ao exterior embolsam, a cada dia fora, US$ 400 quando visitam nações fora da União Europeia e 400 caso o destino seja algum país da Europa. Isso mesmo com todos os custos com alimentação, hospedagem e transporte sendo bancados pela Assembleia, que ainda disponibiliza carros e até avião para as viagens internas.
A assessoria da Assembleia informou que as diárias são restritas a missões de representação da Casa, autorizadas por seu presidente, deputado estadual Dinis Pinheiro (PSDB). Ainda por meio da assessoria, o Legislativo informou que viagens para realização de audiências públicas no interior do Estado, mais comuns, não dão direito ao jetom. Desde a semana passada o Estado ligou diversas vezes para a presidência da Assembleia, mas em todas elas a informação era de que Dinis Pinheiro não estava. Não houve reposta às ligações. A assessoria não informou quantas viagens de cada tipo foram feitas este ano, mas confirmou que R$ 62 mil já foram gastos com o pagamento de diárias a deputados. Ao todo, as diárias pagas no ano ultrapassam R$ 282 mil.
China. E o valor vai crescer. No último dia 16, seguiram para a China os deputados Antônio Carlos Arantes (PSC) e Fabiano Tolentino (PRTB), respectivamente presidente e vice-presidente da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembleia mineira, e Célio Moreira (PSDB), que não tem relação com a comissão temática. Todos integram a base de apoio do governo e vão receber US$ 2,8 mil pela visita. A justificativa era a participação em uma feira de café em Pequim, mas os parlamentares visitaram ao menos mais duas cidades chinesas.
O Estado tenta falar com os parlamentares desde que retornaram da viagem, no fim da semana passada. Até o fechamento desta edição, no entanto, Moreira e Tolentino não haviam respondido à solicitação de entrevista. Já Antônio Carlos Arantes - que foi para a China acompanhado do filho - se manifestou por meio de sua assessoria. Alegou que a missão serviu para estabelecer contatos com lideranças de municípios chineses que poderiam promover a aproximação entre empresários do país e produtores rurais do Estado de Minas, principalmente cafeicultores.
Arantes é produtor rural e teria acertado a visita de uma delegação chinesa ao Estado no segundo semestre. Já com relação à presença de seu filho na comitiva, a assessoria alegou que ele custeou a própria viagem e acompanhou o grupo para servir de tradutor, já que Arantes não fala inglês.
Estadão