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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Os incorrigíveis: Jornalista da Carta Capital recorre a distorção racista, agora para me atacar!!! Ah, sim: ele é um daqueles brancos que querem ensinar Heraldo Pereira a se comportar como um negro de bem!

27/02/12

Minhas caras, meu caros, antes que entre propriamente no caso enunciado lá no título, algumas considerações.
Eu lhes asseguro que não tenho tratado das expressões racistas com que o sr. Paulo Henrique Amorim se referiu ao jornalista Heraldo Pereira porque, sei lá, estaríamos em pólos ideológicos opostos e, então, eu veria no caso a oportunidade de espezinhar um adversário. Eu não considero Paulo Henrique meu adversário porque alguém, nessa condição, sempre é um interlocutor. E ele não é!!! A razão é simples. Todos os profissionais de imprensa conhecem os ataques vis que este senhor fez a Lula — SIM, A LULA!!! — na eleição presidencial de 1998 e conhecem os ataques igualmente vis que fez a Serra em 2010. O que Lula e Serra tinham em comum, com 12 anos de diferença? Os dois eram candidatos da oposição. Uma coerência Paulo Henrique Amorim tem, e não há jornalista que desconheça tal fato: ele é governista desde a gestão de João Baptista Figueiredo, o último presidente do ciclo militar! E sempre com o mesmo entusiasmo, perspicácia, senso de justiça e capacidade de usar orações subordinadas.
Esse sujeito parece convicto de que ninguém perde dinheiro apostando na estupidez alheia. Em plena democracia, comporta-se como um dedo-duro da ditadura:
“Olhe lá, Fulano é de oposição!”
“O jornalista Beltrano é tucano!”
“O repórter Sicrano criticou a presidente Dilma!”
Seus textos sugerem que os alvos dos ataques são pessoas venais, de olho no vil metal. A única coisa que Paulo Henrique não consegue explicar é por que a oposição, que não está no poder, “pagaria mais” do que o governo. Se um profissional da imprensa, crítico contumaz ou eventual do lulo-petismo, está a serviço de interesses escusos, a serviço de quais interesses estaria um governista contumaz? Se, segundo PH, tudo tem preço, quem tem caixa maior: o governo ou a oposição? Para que não fiquemos apenas na esfera dos conceitos, desçamos ao mundo concreto: quem depende da boa-vontade oficial para existir? Os críticos ou os puxa-sacos do oficialismo? Os independentes ou os JEGs (Jornalistas da Esgotosfera Governista)? Não! Não há como PH ser meu interlocutor, nem por contraste.
Por que entrei nesse debate
Entrei nesse debate, em primeiro lugar, porque suas considerações sobre Heraldo são asquerosas. E também porque remetem a uma tese antiga minha, que me é muito cara e que designa um dos aspectos deletérios da vida pública brasileira. Refiro-me a esses grupos de pressão que se organizam na sociedade — assumam a forma de ONGs, movimentos sociais ou coletivos disso e daquilo — e que se apresentam como donos da virtude, seus verdadeiros monopolistas, pouco importando o que digam. Pretendem ter o direito de vida e morte sobre a reputação de adversários e inimigos, atribuindo-lhes, muitas vezes, crimes jamais cometidos, opiniões jamais emitidas, palavras nunca escritas ou pronunciadas. Não debatem, achincalham; não desconstroem com argumentos aquilo que consideram errado, desqualificam. E, o que não é nada surpreendente, acusam seus desafetos de praticar o que eles praticam.
Ora, Paulo Henrique classificou Heraldo Pereira de “negro de alma branca” e afirmou que o jornalista “não conseguiu revelar nenhum atributo para fazer tanto sucesso, além de ser negro e de origem humilde.” O conjunto dos textos sugere que Heraldo só chegou ao topo do jornalismo da Globo porque escolheu o caminho da sujeição, negando-se a aderir à pauta e à agenda que caberia a um negro.
Foi então que um sujeito chamado Leandro Fortes, que trabalha na Carta Capital, resolveu sair em defesa de Paulo Henrique. Num artigo, que me foi enviado por um leitor, Fortes tentou explicar o que o seu amigo quis dizer:
“(…) Paulo Henrique Amorim se referiu a Heraldo Pereira como negro não para desmerecer-lhe a cor e a raça, mas para opinar sobre aquilo que lhe pareceu um defeito: o de que o repórter da TV Globo tinha ‘a alma branca’, ou seja, vivia alheio às necessidades e lutas dos demais negros do país, como se da elite branca fosse.”
Entendi. Fortes é mais um branco, além de Paulo Henrique, disposto a ensinar a Heraldo como um negro deve se comportar para ser um bom negro. Nesse artigo, ele evocava também a sua própria condição — e a de sua turma — para demonstrar que eles jamais poderiam ser racistas. Por que não? Ora, porque eles são os progressistas, as pessoas que estão do lado do “bem”, sempre a favor das causas populares. Assim, entende-se, a discriminação racial pode deixar de sê-la se praticada pelos virtuosos. Que lógica impecável!!!
Reinaldo, o “exu”
Comentei aqui esse artigo do tal Fortes. O link está aí. Não o xinguei, não o agredi, não o desqualifiquei de modo nenhum. Fiz o que é normal numa democracia: eu o contestei e demonstrei que seu argumento era ruim. Pra quê!? O rapaz se ofendeu! Noto que o título daquela defesa que fez de seu amigo já dava uma pista do seu estilo: “Racista é a PQP, não PHA”. O estilo é o homem. Entendo por que os ditos “blogueiros progressistas” querem tanto o “controle da mídia”. Se um dia lograrem seu intento, será proibido contestar “blogueiros progressistas”… Mas volto.
Ele ficou zangado. E sua zanga foi parar no site “Comunique-se”, que pretende ser uma página de assuntos relacionados à imprensa. Para todos os efeitos, não tem viés nenhum. Na prática, é um celeiro do petismo, sempre muito amigo dos “blogueiros progressistas”. Tanto é assim que Fortes me ataca, e o repórter Anderson Scardoelli, que redige o texto, não se ocupou em tentar me ouvir. Pra quê? Mas deixo esse “Comunique-se” pra lá. Não estou nem chateado nem surpreso. Reproduzo trecho do texto. Não deixa de ser divertido.
Citado em post do blog de Reinaldo Azevedo, da Veja, o repórter da revista Carta Capital, Leandro Fortes, se referiu ao colega de profissão como “Exu da Veja”. O blogueiro do site da revista da Editora Abril criticou, em texto publicado na tarde desta sexta-feira, 24, a postura de Fortes em relação ao acordo judicial dos jornalistas Heraldo Pereira (TV Globo) e Paulo Henrique Amorim (TV Record).
Demonstrando não conhecer o trabalho do repórter da Carta Capital - que tem passagens pelos jornais Correio Braziliense, Estadão, Zero Hora, Jornal do Brasil e O Globo, na revista Época e na TV Globo -, Azevedo discordou da afirmação de Fortes. O jornalista da Carta Capital avaliou que Amorim não foi racista ao se referir a Pereira como “negro de alma branca”. “Que graça! Fortes acredita que o ‘anti-racismo’ pode recorrer, às vezes, a ‘expressões cruéis’ e ‘pejorativas’, publicou o colunista da Veja.

Após o post de Azevedo, Fortes ironizou a crítica do jornalista da Veja.com. “O Exu da Veja fez um post só pra mim! Eu queria agradecer a todos que me ajudaram, direta e indiretamente, a chegar até esse momento máximo da minha carreira de jornalista”, comentou. “No fundo, o meu mestre, o Exu da Veja, tem razão. Eu sou apenas um rapaz latino americano, sem dinheiro no banco, repórter da Carta Capital, e, pasmem, branco”, complementou o repórter.
(…)

Comento

Antes que entre no mérito da fala do tal Fortes, uma recomendação ao jovem Anderson Scardoelli — não o conheço; espero que seja jovem, que é coisa que tem cura; burrice não tem: estude um pouco a ironia como recurso estilístico, meu rapaz! Quer dizer que Fortes tem “passagem pelo Correio Braziliense, Estadão, Zero Hora, Jornal do Brasil, O Globo, Época e TV Globo (ufa!!!)”? Sei. E foi parar na “Carta Capital”? Entendo. Talvez eu me lembrasse dele se tivesse começado na Carta Capital e hoje estivesse na TV Globo… Se o Scardoelli tropeçar de novo na ironia, não brinco mais!!! Adiante!
Eu não queria deixar o companheiro Fortes chateado, mas sou obrigado a afirmar que ele não apenas pretende ensinar a Heraldo Pereira o caminho para ser um bom negro como recorre a uma classificação de cunho racista para tentar me ofender — o que não conseguiu. Transcrevo trecho do verbete “Exu”, da Wikipedia:
“Exu é o orixá da comunicação. É o guardião das aldeias, cidades, casas e do axé, das coisas que são feitas e do comportamento humano. A palavra Èsù em yorubá significa “esfera” e, na verdade, Exu é o orixá do movimento.
Ele é quem deve receber as oferendas em primeiro lugar a fim de assegurar que tudo corra bem e de garantir que sua função de mensageiro entre o Orun e o Aiye, o mundo material e o mundo espiritual, seja plenamente realizada.
Na África na época das colonizações, o Exu foi sincretizado erroneamente com o diabo cristão pelos colonizadores, devido ao seu estilo irreverente, brincalhão e à forma como é representado no culto africano, um falo humano ereto, simbolizando a fertilidade.”
Epa! Andaram dizendo coisas de mim para Leandro Fortes, hehe? Sigo com a definição.
“Por ser provocador, indecente, astucioso e sensual, é comumente confundido com a figura de Satanás, o que é um absurdo na construção teológica yorubá, posto que não está em oposição a Deus, muito menos é considerado uma personificação do mal. Mesmo porque nesta religião não existem diabos ou entidades encarregadas única e exclusivamente de coisas ruins (…)”
Voltei
“Orixá da comunicação, guardião, brincalhão, sensual, irreverente, símbolo da fertilidade, falo ereto”. Huuummm… Vá, Fortes, pare de me elogiar que isso pega mal pra você!
Qual é o problema dessa gente, afinal de contas? É claro que Fortes quis me atacar. E o fez associando-me, de forma negativa, a um elemento de uma das culturas africanas. Estivéssemos debatendo um outro assunto, vá lá… Nesse caso, trata-se de um ato falho espetacular. Notem que curioso: ele é um dos brancos que têm a ambição de ensinar a Heraldo Pereira como ser negro. Ao tentar me desqualificar, recorre justamente à imagem distorcida a que brancos europeus submeteram, em passado distante, uma entidade religiosa de uma das culturas negras. Como os antigos jesuítas, Fortes acredita que “todos os deuses dos gentios são demônios”.
Em tempo: como jornalista, Fortes terminou na Carta Capital. Se fosse humorista, também terminaria lá. Não foi “a Veja” que fez o post, fui eu. E não foi só pra ele, que o rapaz não rende tanto assim. De todo modo, saboreie ele uns 15 minutinhos de fama.
Despede-se o “orixá da comunicação, guardião, brincalhão, sensual, irreverente, símbolo da fertilidade”… e mais aquelas coisas, você sabe, Fortes…
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/os-incorrigiveis-jornalista-da-carta-capital-recorre-a-distorcao-racista-agora-para-me-atacar-ah-sim-ele-e-um-daqueles-brancos-que-querem-ensinar-heraldo-pereira-a-ser-comportar-como-um-negro-d/ 

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