Do blog do Jô
“A origem da gravata data do século XVII, na França, sob o reinado de Luís XIV. Entre seus batalhões, alguns formados por mercenários, o rei empregava soldados croatas, que eram reconhecidos facilmente por um grande lenço usado ao redor do pescoço. Era o nascimento do Plastrão (gravata longa, cujas pontas se cruzam obliquamente). A palavra “gravata” é uma corruptela de “croata”.
A moda foi mais do que bem-vinda, inclusive pelos cirurgiões da época que usavam colarinhos enormes. Era um alívio para eles poder operar prendendo suas golas de pontas longas com o novo laço. Logo, antes do seu modelo mais comum, a gravata surgiu como gravata borboleta, nome que vem obviamente do seu formato.
Uma curiosidade: o escritor Balzac, achava que a borboleta, além de peça do vestuário, tinha uma função importante no estado de saúde de quem a usava. Sabe-se lá por quê. Talvez por isso, exista um quadro de Manet, onde vemos uma moça nua, mas sem dispensar a gravata.
Frank Sinatra popularizou a gravata borboleta nas décadas de 40 e 50. São comuns os filmes, fotos e capas de disco onde ele aparece com uma borboleta de laço desfeito, jogada displicentemente em volta do pescoço.
Para mim, o mais prático da borboleta é que você nunca corre o risco de pingar molho na gravata.
“A origem da gravata data do século XVII, na França, sob o reinado de Luís XIV. Entre seus batalhões, alguns formados por mercenários, o rei empregava soldados croatas, que eram reconhecidos facilmente por um grande lenço usado ao redor do pescoço. Era o nascimento do Plastrão (gravata longa, cujas pontas se cruzam obliquamente). A palavra “gravata” é uma corruptela de “croata”.
A moda foi mais do que bem-vinda, inclusive pelos cirurgiões da época que usavam colarinhos enormes. Era um alívio para eles poder operar prendendo suas golas de pontas longas com o novo laço. Logo, antes do seu modelo mais comum, a gravata surgiu como gravata borboleta, nome que vem obviamente do seu formato.
Uma curiosidade: o escritor Balzac, achava que a borboleta, além de peça do vestuário, tinha uma função importante no estado de saúde de quem a usava. Sabe-se lá por quê. Talvez por isso, exista um quadro de Manet, onde vemos uma moça nua, mas sem dispensar a gravata.
Frank Sinatra popularizou a gravata borboleta nas décadas de 40 e 50. São comuns os filmes, fotos e capas de disco onde ele aparece com uma borboleta de laço desfeito, jogada displicentemente em volta do pescoço.
Para mim, o mais prático da borboleta é que você nunca corre o risco de pingar molho na gravata.
Computação gráfica e tecnologia
Eu achava que nunca iria usar computador.Tinha uma máquina eletrônica muito boa, último modelo, coisa e tal. Para mim, já era maravilhoso e não me dava nenhum problema.
Um dia eu li um livro do Rubem Fonseca, chamado “Bufo & Spallanzani”, que é todo diagramado como se fosse escrito num computador. Eu, grande fã do Rubem Fonseca, encontrando-o, perguntei se ele realmente havia escrito o livro todo em um micro. Ele disse que sim e ficou falando das mil vantagens que era escrever num computador e acabou me estimulando, me deixando curioso. Isso foi em 1986.
Eu então perguntei a ele quanto tempo levaria para conseguir usar um computador, sem problemas. E ele: “Olha, se você tivesse oito anos, uma semana. Mas na sua idade, em um mês acho que pega tudo”. Me convenci e comecei a pensar como eu poderia me informar sobre computadores. Sem a menor idéia de como a coisa toda funcionava, liguei para a IBM, que na época, não tinha computadores pessoais, apenas Mainframes, aqueles computadores de grande porte.
Eles me disseram que não trabalhavam com isso, que precisaria procurar um loja que trabalhasse com Pcs. Deram-me então o nome de várias empresas e eu fui atrás. Meu primeiro computador foi um da Microtec, portátil… Quer dizer o portátil da época, que era do tamanho de uma mala. E os dois softwares iniciais eram o DBASE e um integrado chamado Framework, que tinha um processador de texto, uma planilha, um banco de dados, um pequeno programa de desenho e que rodava em DOS. Era como se fosse um Windows rudimentar, mas muito prático e que me deixava bem à vontade.
Todo mundo sabe que o melhor software é aquele que você conhece, né? Pois é, eu levei três anos para ir para o Windows. Acho que todo mundo acaba ficando meio resistente a esse tipo de mudança. E é impressionante como você muda depois de começar a se “relacionar” com computadores em geral. Antes de tudo, você tem que aprender a falar “informatês”. Quando eu tive meu primeiro micro, por exemplo, tive o suporte de um analista de sistemas, e o primeiro passo foi entender o que ele falava, como “formatar”, “dar um boot”, imagina!
E é o maior barato, nossa linguagem está sempre em evolução. Hoje, já ouvi gente falando “httpelizar”, “htmelizar”, “pastear”, “resetar”… Mas o maior mistério para mim é para que serve a tecla “Scroll Lock”.
Um dia eu li um livro do Rubem Fonseca, chamado “Bufo & Spallanzani”, que é todo diagramado como se fosse escrito num computador. Eu, grande fã do Rubem Fonseca, encontrando-o, perguntei se ele realmente havia escrito o livro todo em um micro. Ele disse que sim e ficou falando das mil vantagens que era escrever num computador e acabou me estimulando, me deixando curioso. Isso foi em 1986.
Eu então perguntei a ele quanto tempo levaria para conseguir usar um computador, sem problemas. E ele: “Olha, se você tivesse oito anos, uma semana. Mas na sua idade, em um mês acho que pega tudo”. Me convenci e comecei a pensar como eu poderia me informar sobre computadores. Sem a menor idéia de como a coisa toda funcionava, liguei para a IBM, que na época, não tinha computadores pessoais, apenas Mainframes, aqueles computadores de grande porte.
Eles me disseram que não trabalhavam com isso, que precisaria procurar um loja que trabalhasse com Pcs. Deram-me então o nome de várias empresas e eu fui atrás. Meu primeiro computador foi um da Microtec, portátil… Quer dizer o portátil da época, que era do tamanho de uma mala. E os dois softwares iniciais eram o DBASE e um integrado chamado Framework, que tinha um processador de texto, uma planilha, um banco de dados, um pequeno programa de desenho e que rodava em DOS. Era como se fosse um Windows rudimentar, mas muito prático e que me deixava bem à vontade.
Todo mundo sabe que o melhor software é aquele que você conhece, né? Pois é, eu levei três anos para ir para o Windows. Acho que todo mundo acaba ficando meio resistente a esse tipo de mudança. E é impressionante como você muda depois de começar a se “relacionar” com computadores em geral. Antes de tudo, você tem que aprender a falar “informatês”. Quando eu tive meu primeiro micro, por exemplo, tive o suporte de um analista de sistemas, e o primeiro passo foi entender o que ele falava, como “formatar”, “dar um boot”, imagina!
E é o maior barato, nossa linguagem está sempre em evolução. Hoje, já ouvi gente falando “httpelizar”, “htmelizar”, “pastear”, “resetar”… Mas o maior mistério para mim é para que serve a tecla “Scroll Lock”.
Cinema: filmes, diretores, atores e atrizes
Alguns dos meus filmes e diretores preferidos:
A Marca da Maldade – Orson Welles
A Trapaça – Federico Fellini
Amei um Bicheiro – Jorge Ileli
Cidadão Kane – Orson Welles
Dead Men Don’t Wear Plaid – Carl Reiner
Era do Rádio – Woody Allen
Hannah e Suas Irmãs – Woody Allen
La Strada – Federico Fellini
Love and Death – Woody Allen
O Assalto ao Trem Pagador – Roberto Farias
O Grande Momento – Roberto Santos
O Incrível Exército Brancaleone – Mario Monicelli
O Jovem Frankenstein – Mel Brooks
O Sentido da Vida – Monty Python
Os Boas Vidas – Federico Fellini
Os Mil Olhos do Doutor Mabuse – Fritz Lang
Porte de Lilás – René Clair Quanto
Mais Quente Melhor- Billy Wilder
Rififi – Jules Dassin
Sete Dias em Maio – John Frankenheimer
The Manchurian Candidate – John Frankenheimer
Tiros na Broadway- Woody Allen
Um Americano em Roma – Stefano Vanzina (Steno)
Um Assaltante Bem Trapalhão – Woody Allen
Alguns dos atores e atrizes que mais admiro:
Al Pacino
Alberto Sordi
Antonio Fagundes
Beth Coelho
Carole Bouquet
Chazz Palminteri
Fanny Ardant
Fernanda Montenegro
Jorge Dória
Marlon Brando
Michel Piccoli
Orson Welles
Philippe Noiret
Regina Duarte
Robert de Niro
Rod Steiger
Simone Signoret
Woody Allen
A Marca da Maldade – Orson Welles
A Trapaça – Federico Fellini
Amei um Bicheiro – Jorge Ileli
Cidadão Kane – Orson Welles
Dead Men Don’t Wear Plaid – Carl Reiner
Era do Rádio – Woody Allen
Hannah e Suas Irmãs – Woody Allen
La Strada – Federico Fellini
Love and Death – Woody Allen
O Assalto ao Trem Pagador – Roberto Farias
O Grande Momento – Roberto Santos
O Incrível Exército Brancaleone – Mario Monicelli
O Jovem Frankenstein – Mel Brooks
O Sentido da Vida – Monty Python
Os Boas Vidas – Federico Fellini
Os Mil Olhos do Doutor Mabuse – Fritz Lang
Porte de Lilás – René Clair Quanto
Mais Quente Melhor- Billy Wilder
Rififi – Jules Dassin
Sete Dias em Maio – John Frankenheimer
The Manchurian Candidate – John Frankenheimer
Tiros na Broadway- Woody Allen
Um Americano em Roma – Stefano Vanzina (Steno)
Um Assaltante Bem Trapalhão – Woody Allen
Alguns dos atores e atrizes que mais admiro:
Al Pacino
Alberto Sordi
Antonio Fagundes
Beth Coelho
Carole Bouquet
Chazz Palminteri
Fanny Ardant
Fernanda Montenegro
Jorge Dória
Marlon Brando
Michel Piccoli
Orson Welles
Philippe Noiret
Regina Duarte
Robert de Niro
Rod Steiger
Simone Signoret
Woody Allen
Um toque de arte
Nas artes plásticas tenho três verdadeiras paixões : Toulouse-Lautrec, Roy Lichtenstein e Van Gogh. Meu estilo preferido é a Pop Art, na qual destaco mais uma vez Roy Lichtenstein e Rauschenberg.
No Brasil, são muitos os artistas dos quais gosto. Entre eles estão:Angelo de Aquino, Rubens Gershman, José Roberto Aguilar, Antonio Dias, Baravelli, Guto Lacaz, Caulos, Tomie Ohtake e Leda Catunda.
No Brasil, são muitos os artistas dos quais gosto. Entre eles estão:Angelo de Aquino, Rubens Gershman, José Roberto Aguilar, Antonio Dias, Baravelli, Guto Lacaz, Caulos, Tomie Ohtake e Leda Catunda.
Literatura: confira as minhas indicações de autores e HQs
Esses são alguns dos meus autores preferidos. Ou os que atualmente mais gosto:
Ana Miranda
Auguste Le Breton
Dashiel Hammett
Diogo Mainardi
Dostoiewski
Eça de Queiroz
Fernando Morais
Horace McCoy
Ignácio de Loyola Brandão
James Ellroy
John Steinbeck
John Updike
Jorge Amado
Franz Kafka
Lima Barreto
Luís Fernando Veríssimo
Machado de Assis
Mario Prata
Mario Vargas Llosa
Max Gallo
Millôr Fernandes
Oswald de Andrade
Rachel de Queiroz
Ray Bradbury
Rubem Fonseca
E essas são as HQs que eu mais gosto:
Will Eisner – “The Spirit”
Alex Raymond – “Flash Gordon”
Lee Falk – “O Fantasma”
Milton Caniff – “Terry e os Piratas”
Chester Gould – “Dick Tracy”
Música: origem e estilos de jazz
O Jazz
O jazz foi criado pelos negros no início do século, no delta do Mississippi e em New Orleans. A música de jazz tem três características principais:
Origem
A música do jazz tem suas origens nos cantos dos escravos, usados em cerimônias tribais, religiosas, antes da caça, no nascimento de crianças, enfim, tudo era festejado com música cantada e com um instrumento fundamental: o tambor.
Durante a escravatura e o mercado de escravos, os negros eram inclusive encorajados a cantar. Os mercadores e donos de escravos achavam que a música e a dança deixavam os negros em melhor forma. Alguns fazendeiros, no entanto, proibiam o uso de tambores, porque achavam que eles podiam ser usados como meio de mandar mensagens numa revolta generalizada.
Do encontro do ritmo e canções africanas, da África Ocidental, e a música dos americanos de origem européia, como as marchas, surgiram os spirituals, o blues e o ragtime. O ragtime está na origem do jazz. O ritmo era diferente, parecia-se mais com o ritmo das marchas. As primeiras bandas de jazz, como as de King Oliver e Buddy Bolden, tocavam ragtime. O primeiro, ou um dos primeiros a mudar a batida para 4/4 em vez do 2/4, foi Jelly Roll Morton.
Do blues, o jazz pegou a chamada “blue note”, que é aquela nota semitonada, que dá a característica melancólica do blues. Antes de ser chamado de jazz, com dois “z” ou jass, com dois “s”, como era no início, a maneira diferente de tocar e dividir o ragtime, era simplesmente chamada de “hot”, quente.
Tocar “hot”, ou tocar quente, era tocar jazz, pela sua característica de comunicação com a plateia, que era fundamental: o jazz desde cedo, era visto como espetáculo. Seguia assim a tradição dos minstrels do ragtime, artistas negros, que se apresentavam em teatros e feiras e que, por incrível que pareça, apesar de negros, pintavam o rosto de preto.A música de jazz propriamente dita, surgiu mais precisamente em New Orleans, na chamada “zona”. Era nos bordéis, que tinham música ao vivo na época, não me perguntem pra quê, que os músicos desenvolveram a maneira “hot” de tocar. No caso do blues, por exemplo, vários deles têm como tema histórias acontecidas entre as prostitutas e seus cafetões. O blues “St. James Infirmary” conta a história de um cafetão que vai ao hospital e encontra a sua “mina” morta. Ele, então, faz uma série de elogios à capacidade profissional da sua mulher.
Nesse bordéis é que tocavam gênios da música negra como Jelly Roll Morton, Sidney Bechet e Louis Armstrong. Armstrong aprendeu a tocar para entrar na banda de uma escola correcional onde ele foi parar por ter dado um tiro na rua. Como a vida do pessoal da banda era mais fácil, ele tratou de entrar logo para ela.
Quem teve grande influência na parte de harmonia no jazz em sua fase de formação foram os músicos crioulos. Que não eram os nossos crioulos. Creole, era como chamavam os mestiços dos negros com os colonizadores franceses.
As primeiras formações tradicionais de banda de jazz eram compostas de corneta, clarineta, trombone, banjo ou guitarra, contrabaixo, bateria e piano. Sendo que muitas bandas não tinham nem piano nem contrabaixo. O baixo era marcado pelo bumbo do baterista. O cornetista era sempre o principal solista do conjunto.
No começo a banda evoluía em torno dos solos do cornetista. Em 1910, o jazz já era ouvido com interesse e tocado por músicos brancos e, a partir de 1920, passou a ter uma grande penetração entre as platéias brancas. Aliás, foi a partir de 1920 que o jazz passou a ser uma música mais “respeitável”.
Depois da Primeira Guerra Mundial, os brancos americanos descobriram um novo estilo de vida e, nessa época, começa a se firmar a indústria do show business no cinema, no teatro, nos shows e na música. Há também uma grande emigração negra para as grandes cidades como Chicago e Nova York: público negro, formado por gente que ia para as grandes cidades em busca de melhores empregos e músicos negros que iam em busca do dinheiro daqueles que iam para as grandes cidades em busca de melhores empregos.
A partir de 1920, o jazz também viaja pelo mundo. Orquestras vão para a Europa e excursionam pela América do Sul. É quando desembarca no Brasil o saxofonista Booker Pittman, pai da Eliana Pittman, que acaba ficando no Paraná. Também não me perguntem por quê.
Da mesma forma, muitos bluzeiros saem do delta do Mississippi para Chicago nesta mesma época. O jazz é visto como o centro destas mudanças na sociedade americana, desta liberalização, tanto que os anos 20, ou roaring twenties, ficam sendo conhecidos como “a era do jazz”.
Outro fato que contribuiu muito, por tabela, para o desenvolvimento do jazz, foi a lei seca de 1920, lei que proibia a venda e o consumo de bebidas alcoólicas. A grande maioria dos americanos era contra a lei seca simplesmente porque queriam beber, mas os intelectuais e artistas viam a lei como um resíduo terrível da Era Vitoriana, inteiramente contra os ideais liberais dos novos tempos.
Esta “nova era” implicava também em mudanças culturais e sociais por parte da vanguarda intelectual, e durante esse período surgiu um enorme interesse pelos negros e especialmente pelos espetáculos negros. Convém lembrar que, na época, a música de jazz ainda não era considerada pela maioria como uma forma de arte. Os speakeasies, cabarés onde se vendiam as bebidas ilegais, eram tidos como românticos e a música de jazz a ideal para esses cabarés.
Na época, só os artistas e intelectuais é que sacaram a imensa contribuição artística e cultural da nova música dos negros. Outro fenômeno muito forte para o desenvolvimento do jazz nessa época foi a dança, que até o século passado era uma complicação: na maior parte quadrilhas e danças de conjunto. Agora não. A dança era realizada por duplas, por casais. Como a dança moderna incluía o contato quase sexual dos corpos dos pares, é claro que a moda pegou. Houve uma onda de enormes salas de dança e de cabarés.
Como o jazz dava vontade de dançar, era uma música que sacudia com as pessoas, o mercado para bandas de jazz era grande. Além de tudo, para os jovens do pós-guerra, o jazz era um símbolo de rebelião contra a velha moralidade. Este é outro dado fundamental: para a maioria dos jazzistas, o verdadeiro jazz tem que dar vontade de dançar.
A popularização do jazz nessa época também se deve ao desenvolvimento da indústria de discos, que a partir dos anos 20 eram produtos obrigatórios nos lares americanos. Os discos permitiam que as pessoas dançassem sem sair de casa.
Já se viu, então, que foi a partir de 1920 que o jazz viajou para as grandes cidades americanas. Primeiro, Chicago, onde a política e a administração eram dominadas pelas gangues que operavam na venda ilegal de bebidas. A banda de King Oliver trouxe Louis Armstrong de New Orleans, que chegou a tocar em vários cabarés ou speakeasies de Al Capone.
Como Louis Armstrong se destacava muito na banda de King Oliver, também trompetista, acabou tendo que ir para Nova York e, graças aos seus fantásticos dons de showman, tocando e cantando, acabou contribuindo de uma forma importantíssima e definitiva para o desenvolvimento do jazz. Aliás, dois nomes se destacam nesta época como vanguardeiros e responsáveis pela popularização do jazz. Os dois são trompetistas: Louis Armstrong e Bix Beiderbecke.
Bix Beiderbecke, o primeiro grande trompetista branco de jazz e Louis Armstrong, integrando a banda de Fletcher Henderson em Nova York. Fletcher Henderson não era um músico extraordinário, mas teve o grande mérito de se cercar dos melhores músicos e arranjadores de jazz. Mais tarde, Bix Beiderbecke participou da banda de Paul Whiteman, que era muito mais uma orquestra de dança do que de jazz. Como na época não se sabia muito bem o que era jazz, Paul Whiteman acabou conhecido como o “rei do jazz”, título que foi dado a ele por ele mesmo.
A importância do Paul Whiteman é que ele e a sua banda foram os primeiros a venderem 3.500.000 discos, com a música “Three O’Clock In The Morning.” Para se ter uma idéia do que era vender 3.500.000 cópias naquela época, basta dizer que no país inteiro só existiam 3.500.000 vitrolas. Quer dizer, foi vendido um disco para cada vitrola existente no país.
A partir desta época, já beirando os anos 30, e por causa das orquestras de Fletcher Henderson e de Paul Whiteman é que começa a surgir o jazz sinfônico, precursor da era das grandes bandas. Grandes orquestras de jazz começam a surgir nesse momento, como as de Duke Elligton e de Ben Pollack. Em Chicago, o blues urbano começava a se desenvolver com os grandes bluzeiros do delta do Mississippi. O jazz e o blues sempre caminhando juntos.
Aliás, para muitos, jazz e blues são a mesma coisa. Não são. São irmãos. Digamos que todo jazzeiro toca blues mas nem todo bluzeiro toca jazz. Ou vice-versa. Billie Holiday, uma das maiores cantoras de todos os tempos dizia que era muito mais uma cantora de jazz do que uma cantora de blues. O blues, que nunca sai da moda, mesmo quando transformado em rhythm and blues, guarda um lado mitológico que traz do delta do Mississippi. Ainda hoje, quando um guitarrista ou gaitista é excelente, dizem que ele vendeu a alma ao diabo. Falavam isso nos anos 30, do guitarrista, compositor e cantor Robert Johnson, que morreu envenenado por um marido ciumento aos 27 anos de idade.
O blues também não tem fronteiras. No Brasil temos grupos de blues como o Blues Etílicos e solistas e compositores como o bluzeiro André Cristovam, bluzeiro para ninguém do Mississippi botar defeito.
A partir de 1935, começaram a surgir as grandes bandas da era do swing. A primeira e mais importante orquestra foi a de Benny Goodman. Inclusive por ser a primeira banda composta por músicos brancos e negros. Era a primeira orquestra integrada, o que na época era uma atitude muito corajosa e inovadora. Até então, as orquestras eram só de negros ou só de brancos.
Outras orquestras importantes da época foram as de Count Basie, Tommy Dorsey, Duke Ellington e Glenn Miller. É preciso dizer que a orquestra de Glenn Miller e a de Tommy Dorsey, uma das mais populares da época, não era tipicamente de jazz. Eram orquestras de baile, que tocavam principalmente todo o repertório popular da época mas com uma maneira jazística de tocar. Por isso mesmo, várias composições dessas bandas acabaram se tornando hits populares de jazz.
Uma data muito importante e definitiva deste período: 16 de janeiro de 1938. Nesse dia houve o primeiro grande concerto de jazz no teatro Carnegie Hall em Nova York. Benny Goodman e músicos das orquestras de Duke Ellington e de Count Basie. Nesses anos áureos do jazz, os chefes de orquestra tinham a mesma popularidade dos astros de cinema e chegaram a participar de filmes importantes da época.
A partir dos anos 30, o jazz já tinha uma platéia branca enorme. Acontecia inclusive um fenômeno terrível. Os negros tocavam e trabalhavam em lugares como o Cotton Club, para platéias brancas, no Harlem, mas os negros eram proibidos de freqüentar o lugar como público. Uma vez, Louis Armstrong, já famoso, teve que ficar escondido na coxia do Cotton Club para assistir à banda do Duke Ellington.
No Cotton Club, surgiu também um grande showman do jazz. Cab Calloway. Cantor, bailarino e chefe de orquestra. Dava um show formidável fazendo a platéia participar do espetáculo. O jazz influenciava também os grandes compositores americanos como Gershwin, que chegou a escrever uma ópera negra: “Porgy and Bess”, de grande sucesso.
Cab Calloway participou de uma das montagens vivendo o papel de “Sporting Life,” um cafetão de Nova York que vai ao sul em busca de mulheres. Dos vários temas imortais desta ópera, vale lembrar “Summertime” e “It Ain’t Necessarily So”. O jazz, cada vez mais, se transformava em espetáculo e aí se percebe também uma outra faceta importante:
O humor no jazz
As apresentações de Louis Armstrong tinham um lado forte de humor. Assim como as apresentações de Lionel Hampton e Cab Calloway, mas o grande artista e criador no gênero foi Slim Gaillard. Formou com Slam Stewart a dupla “Slim and Slam”, e depois com Bam Brown, “Slim and Bam”.
Slim Gaillard era cantor, guitarrista, pianista, percussionista e compositor. Slim inventou uma maneira especial de falar, o vout. Uma língua louca. Participou do primeiro filme de humor nonsense americano: “Hellzapoppin”. Era um artista completo e irreverente. Ele transformava tudo em jazz: menu de restaurante árabe, cacarejar de galinhas, latidos etc. Slim Gaillard e Slam Stewart participaram também do nascimento de outro período do jazz nos anos 40:
O bebop
O bebop, ou bop, era um estilo mais rápido de tocar, com improvisos em escalas mais altas dos instrumentos e tem, entre os seus criadores, dois dos maiores músicos de jazz de todos os tempos: Charlie Parker, também conhecido como “The Bird” e Dizzy Gillespie. O bebop se desenvolveu depois da Segunda Guerra Mundial e teve o seu apogeu nos anos 50.
O bop marca a volta dos pequenos grupos de jazz, que tocavam nas boates de jazz da rua 52, entre a 5ª e 6ª avenida em Nova York. Uma delas passou a se chamar Birdland, em homenagem a Charlie Parker. Nesta época, se notabilizaram músicos como Lester Young, saxofonista; Roy Eldridge, trompetista; Coleman Hawkins, saxofonista; Art Tatum, pianista; e a cantora Billie Holiday.
A influência desses músicos na sociedade americana e no mundo inteiro foi enorme. Principalmente entre os jovens, que até queriam se vestir como eles. Nos anos 50, surge também um outro movimento:
O cool jazz
O cool é uma música de jazz com harmonias mais avançadas, com influências de clássicos como Stravinsky e Debussy. O cool jazz começa a se desenvolver mais entre os intérpretes brancos, com orquestras como a de Stan Kenton e de Woody Herman.
Na Califórnia, surge também um ramo do cool jazz chamado de west coast jazz. São grupos pequenos como o de Gerry Mulligan com Chet Baker. Também um sofisticadíssimo conjunto negro – o primeiro a tocar jazz de casaca – o super elaborado Modern Jazz Quartet, com o pianista John Lewis e o vibrafonista Milt Jackson. Lewis trazendo para o jazz influências da música renascentista e barroca, composições influenciadas por Johann Sebastian Bach.
Logo depois, Dave Brubeck, com o sax alto Paul Desmond. Tocado nos campus das universidades, era considerado um jazz de elite, informado. Nesta época surge também Miles Davis, outro dos grandes trompetistas de jazz.
Falando em trompetistas há que se dar um destaque especial para Chet Baker, um dos mais extraordinários trompetistas de todos os tempos, também cantor de jazz. De certa forma, pode-se dizer que Chet Baker é um inspirador da bossa nova. Depois de alcançar imenso sucesso comercial, Chet Baker acabou arruinado pelas drogas.
Durante todo esse período, fazia muito sucesso uma forma de jazz conhecida como mainstream, com intérpretes como o trompetista e cantor Roy Eldrigde, responsável pela ponte entre o swing e o bop. O mainstream, jazz supersuingado que se toca até hoje, tem características modernas sem perder o balanço da sua origem. Roy Eldridge era outro showman completo. Tinha uma personalidade impressionante e Gillespie costumava dizer que só criou um estilo próprio quando viu que não conseguia imitar Roy Eldridge.
O estilo mainstream, no fundo uma mistura de estilos, é a forma democrática que permitiu que músicos de várias correntes toquem na mesma jam session. É o gosto do improviso que nos deixa, amantes do jazz e do blues, sempre ligados nessa que é a verdadeira música clássica deste século.
Não há, em todo mundo, compositores e intérpretes dos nossos dias que não tenham sido influenciados pelo jazz, essa grande forma de arte criada pelos negros em New Orleans, logo ali, na Bourbon Street, depois da esquina.
Alguns de meus artistas e orquestras preferidos:
Orquestras
Duke Ellington, Cab Calloway, Benny Goodman, Count Basie, Stan Kenton
Trompete
Louis Armstrong, Tommy Ladnier, Roy Eldridge, Chet Baker, Miles Davis, Wynton Marsalis
Sax Tenor
Lester Young, Coleman Hawkins, John Coltrane
Sax Alto
Charlie Parker, Paul Desmond, Phil Woods
Sax Barítono
Gerry Mulligan
Bateria
Gene Krupa, Max Roach, Shelly Manne
Guitarra
Django Reinhardt, Barney Kessel
Violino
Stephane Grappelli
Piano
Teddy Wilson, Art Tatum, Thelonius Monk, Oscar Peterson, Diana Krall
Contrabaixo
Slam Stewart, Major Holley, Ron Carter, Charlie Mingus
Cantor
Louis Armstrong, Joe Williams
Cantora
Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Anita O’Day, Ernestine Anderson, Blossom Dearie, Diana Krall, Cassandra Wilson
Primeiro Multimídia
no Jazz Slim Gaillard
O que estou ouvindo no momento:
1. Diane Schuur – “In Tribute”
2. Helen Merrill – “Dream of You”
3. Ernestine Anderson – “Blues, Dues & Love News”
4. Diana Krall – “When I Look in Your Eyes”
5. Chet Baker – “My Funny Valentine”
6. Slim Gaillard – “Opera in Vout”
7. Roy Eldridge – “Happy Time”
8. Clifford Brown – “Jazz ‘Round Midnight”
9. Stephane Grappelli – “Fine and Dandy”
10.John Pizzarelli – “Meet the Beatles”
O jazz foi criado pelos negros no início do século, no delta do Mississippi e em New Orleans. A música de jazz tem três características principais:
- O swing. Balanço. Maneira de tocar.
- O improviso, ou individuação. Solos improvisados que se seguem ao tema.
- A comunicação, ou função de ritual, herdada das reuniões de igreja, onde a participação da platéia é fundamental.
Origem
A música do jazz tem suas origens nos cantos dos escravos, usados em cerimônias tribais, religiosas, antes da caça, no nascimento de crianças, enfim, tudo era festejado com música cantada e com um instrumento fundamental: o tambor.
Durante a escravatura e o mercado de escravos, os negros eram inclusive encorajados a cantar. Os mercadores e donos de escravos achavam que a música e a dança deixavam os negros em melhor forma. Alguns fazendeiros, no entanto, proibiam o uso de tambores, porque achavam que eles podiam ser usados como meio de mandar mensagens numa revolta generalizada.
Do encontro do ritmo e canções africanas, da África Ocidental, e a música dos americanos de origem européia, como as marchas, surgiram os spirituals, o blues e o ragtime. O ragtime está na origem do jazz. O ritmo era diferente, parecia-se mais com o ritmo das marchas. As primeiras bandas de jazz, como as de King Oliver e Buddy Bolden, tocavam ragtime. O primeiro, ou um dos primeiros a mudar a batida para 4/4 em vez do 2/4, foi Jelly Roll Morton.
Do blues, o jazz pegou a chamada “blue note”, que é aquela nota semitonada, que dá a característica melancólica do blues. Antes de ser chamado de jazz, com dois “z” ou jass, com dois “s”, como era no início, a maneira diferente de tocar e dividir o ragtime, era simplesmente chamada de “hot”, quente.
Tocar “hot”, ou tocar quente, era tocar jazz, pela sua característica de comunicação com a plateia, que era fundamental: o jazz desde cedo, era visto como espetáculo. Seguia assim a tradição dos minstrels do ragtime, artistas negros, que se apresentavam em teatros e feiras e que, por incrível que pareça, apesar de negros, pintavam o rosto de preto.A música de jazz propriamente dita, surgiu mais precisamente em New Orleans, na chamada “zona”. Era nos bordéis, que tinham música ao vivo na época, não me perguntem pra quê, que os músicos desenvolveram a maneira “hot” de tocar. No caso do blues, por exemplo, vários deles têm como tema histórias acontecidas entre as prostitutas e seus cafetões. O blues “St. James Infirmary” conta a história de um cafetão que vai ao hospital e encontra a sua “mina” morta. Ele, então, faz uma série de elogios à capacidade profissional da sua mulher.
Nesse bordéis é que tocavam gênios da música negra como Jelly Roll Morton, Sidney Bechet e Louis Armstrong. Armstrong aprendeu a tocar para entrar na banda de uma escola correcional onde ele foi parar por ter dado um tiro na rua. Como a vida do pessoal da banda era mais fácil, ele tratou de entrar logo para ela.
Quem teve grande influência na parte de harmonia no jazz em sua fase de formação foram os músicos crioulos. Que não eram os nossos crioulos. Creole, era como chamavam os mestiços dos negros com os colonizadores franceses.
As primeiras formações tradicionais de banda de jazz eram compostas de corneta, clarineta, trombone, banjo ou guitarra, contrabaixo, bateria e piano. Sendo que muitas bandas não tinham nem piano nem contrabaixo. O baixo era marcado pelo bumbo do baterista. O cornetista era sempre o principal solista do conjunto.
No começo a banda evoluía em torno dos solos do cornetista. Em 1910, o jazz já era ouvido com interesse e tocado por músicos brancos e, a partir de 1920, passou a ter uma grande penetração entre as platéias brancas. Aliás, foi a partir de 1920 que o jazz passou a ser uma música mais “respeitável”.
Depois da Primeira Guerra Mundial, os brancos americanos descobriram um novo estilo de vida e, nessa época, começa a se firmar a indústria do show business no cinema, no teatro, nos shows e na música. Há também uma grande emigração negra para as grandes cidades como Chicago e Nova York: público negro, formado por gente que ia para as grandes cidades em busca de melhores empregos e músicos negros que iam em busca do dinheiro daqueles que iam para as grandes cidades em busca de melhores empregos.
A partir de 1920, o jazz também viaja pelo mundo. Orquestras vão para a Europa e excursionam pela América do Sul. É quando desembarca no Brasil o saxofonista Booker Pittman, pai da Eliana Pittman, que acaba ficando no Paraná. Também não me perguntem por quê.
Da mesma forma, muitos bluzeiros saem do delta do Mississippi para Chicago nesta mesma época. O jazz é visto como o centro destas mudanças na sociedade americana, desta liberalização, tanto que os anos 20, ou roaring twenties, ficam sendo conhecidos como “a era do jazz”.
Outro fato que contribuiu muito, por tabela, para o desenvolvimento do jazz, foi a lei seca de 1920, lei que proibia a venda e o consumo de bebidas alcoólicas. A grande maioria dos americanos era contra a lei seca simplesmente porque queriam beber, mas os intelectuais e artistas viam a lei como um resíduo terrível da Era Vitoriana, inteiramente contra os ideais liberais dos novos tempos.
Esta “nova era” implicava também em mudanças culturais e sociais por parte da vanguarda intelectual, e durante esse período surgiu um enorme interesse pelos negros e especialmente pelos espetáculos negros. Convém lembrar que, na época, a música de jazz ainda não era considerada pela maioria como uma forma de arte. Os speakeasies, cabarés onde se vendiam as bebidas ilegais, eram tidos como românticos e a música de jazz a ideal para esses cabarés.
Na época, só os artistas e intelectuais é que sacaram a imensa contribuição artística e cultural da nova música dos negros. Outro fenômeno muito forte para o desenvolvimento do jazz nessa época foi a dança, que até o século passado era uma complicação: na maior parte quadrilhas e danças de conjunto. Agora não. A dança era realizada por duplas, por casais. Como a dança moderna incluía o contato quase sexual dos corpos dos pares, é claro que a moda pegou. Houve uma onda de enormes salas de dança e de cabarés.
Como o jazz dava vontade de dançar, era uma música que sacudia com as pessoas, o mercado para bandas de jazz era grande. Além de tudo, para os jovens do pós-guerra, o jazz era um símbolo de rebelião contra a velha moralidade. Este é outro dado fundamental: para a maioria dos jazzistas, o verdadeiro jazz tem que dar vontade de dançar.
A popularização do jazz nessa época também se deve ao desenvolvimento da indústria de discos, que a partir dos anos 20 eram produtos obrigatórios nos lares americanos. Os discos permitiam que as pessoas dançassem sem sair de casa.
Já se viu, então, que foi a partir de 1920 que o jazz viajou para as grandes cidades americanas. Primeiro, Chicago, onde a política e a administração eram dominadas pelas gangues que operavam na venda ilegal de bebidas. A banda de King Oliver trouxe Louis Armstrong de New Orleans, que chegou a tocar em vários cabarés ou speakeasies de Al Capone.
Como Louis Armstrong se destacava muito na banda de King Oliver, também trompetista, acabou tendo que ir para Nova York e, graças aos seus fantásticos dons de showman, tocando e cantando, acabou contribuindo de uma forma importantíssima e definitiva para o desenvolvimento do jazz. Aliás, dois nomes se destacam nesta época como vanguardeiros e responsáveis pela popularização do jazz. Os dois são trompetistas: Louis Armstrong e Bix Beiderbecke.
Bix Beiderbecke, o primeiro grande trompetista branco de jazz e Louis Armstrong, integrando a banda de Fletcher Henderson em Nova York. Fletcher Henderson não era um músico extraordinário, mas teve o grande mérito de se cercar dos melhores músicos e arranjadores de jazz. Mais tarde, Bix Beiderbecke participou da banda de Paul Whiteman, que era muito mais uma orquestra de dança do que de jazz. Como na época não se sabia muito bem o que era jazz, Paul Whiteman acabou conhecido como o “rei do jazz”, título que foi dado a ele por ele mesmo.
A importância do Paul Whiteman é que ele e a sua banda foram os primeiros a venderem 3.500.000 discos, com a música “Three O’Clock In The Morning.” Para se ter uma idéia do que era vender 3.500.000 cópias naquela época, basta dizer que no país inteiro só existiam 3.500.000 vitrolas. Quer dizer, foi vendido um disco para cada vitrola existente no país.
A partir desta época, já beirando os anos 30, e por causa das orquestras de Fletcher Henderson e de Paul Whiteman é que começa a surgir o jazz sinfônico, precursor da era das grandes bandas. Grandes orquestras de jazz começam a surgir nesse momento, como as de Duke Elligton e de Ben Pollack. Em Chicago, o blues urbano começava a se desenvolver com os grandes bluzeiros do delta do Mississippi. O jazz e o blues sempre caminhando juntos.
Aliás, para muitos, jazz e blues são a mesma coisa. Não são. São irmãos. Digamos que todo jazzeiro toca blues mas nem todo bluzeiro toca jazz. Ou vice-versa. Billie Holiday, uma das maiores cantoras de todos os tempos dizia que era muito mais uma cantora de jazz do que uma cantora de blues. O blues, que nunca sai da moda, mesmo quando transformado em rhythm and blues, guarda um lado mitológico que traz do delta do Mississippi. Ainda hoje, quando um guitarrista ou gaitista é excelente, dizem que ele vendeu a alma ao diabo. Falavam isso nos anos 30, do guitarrista, compositor e cantor Robert Johnson, que morreu envenenado por um marido ciumento aos 27 anos de idade.
O blues também não tem fronteiras. No Brasil temos grupos de blues como o Blues Etílicos e solistas e compositores como o bluzeiro André Cristovam, bluzeiro para ninguém do Mississippi botar defeito.
A partir de 1935, começaram a surgir as grandes bandas da era do swing. A primeira e mais importante orquestra foi a de Benny Goodman. Inclusive por ser a primeira banda composta por músicos brancos e negros. Era a primeira orquestra integrada, o que na época era uma atitude muito corajosa e inovadora. Até então, as orquestras eram só de negros ou só de brancos.
Outras orquestras importantes da época foram as de Count Basie, Tommy Dorsey, Duke Ellington e Glenn Miller. É preciso dizer que a orquestra de Glenn Miller e a de Tommy Dorsey, uma das mais populares da época, não era tipicamente de jazz. Eram orquestras de baile, que tocavam principalmente todo o repertório popular da época mas com uma maneira jazística de tocar. Por isso mesmo, várias composições dessas bandas acabaram se tornando hits populares de jazz.
Uma data muito importante e definitiva deste período: 16 de janeiro de 1938. Nesse dia houve o primeiro grande concerto de jazz no teatro Carnegie Hall em Nova York. Benny Goodman e músicos das orquestras de Duke Ellington e de Count Basie. Nesses anos áureos do jazz, os chefes de orquestra tinham a mesma popularidade dos astros de cinema e chegaram a participar de filmes importantes da época.
A partir dos anos 30, o jazz já tinha uma platéia branca enorme. Acontecia inclusive um fenômeno terrível. Os negros tocavam e trabalhavam em lugares como o Cotton Club, para platéias brancas, no Harlem, mas os negros eram proibidos de freqüentar o lugar como público. Uma vez, Louis Armstrong, já famoso, teve que ficar escondido na coxia do Cotton Club para assistir à banda do Duke Ellington.
No Cotton Club, surgiu também um grande showman do jazz. Cab Calloway. Cantor, bailarino e chefe de orquestra. Dava um show formidável fazendo a platéia participar do espetáculo. O jazz influenciava também os grandes compositores americanos como Gershwin, que chegou a escrever uma ópera negra: “Porgy and Bess”, de grande sucesso.
Cab Calloway participou de uma das montagens vivendo o papel de “Sporting Life,” um cafetão de Nova York que vai ao sul em busca de mulheres. Dos vários temas imortais desta ópera, vale lembrar “Summertime” e “It Ain’t Necessarily So”. O jazz, cada vez mais, se transformava em espetáculo e aí se percebe também uma outra faceta importante:
O humor no jazz
As apresentações de Louis Armstrong tinham um lado forte de humor. Assim como as apresentações de Lionel Hampton e Cab Calloway, mas o grande artista e criador no gênero foi Slim Gaillard. Formou com Slam Stewart a dupla “Slim and Slam”, e depois com Bam Brown, “Slim and Bam”.
Slim Gaillard era cantor, guitarrista, pianista, percussionista e compositor. Slim inventou uma maneira especial de falar, o vout. Uma língua louca. Participou do primeiro filme de humor nonsense americano: “Hellzapoppin”. Era um artista completo e irreverente. Ele transformava tudo em jazz: menu de restaurante árabe, cacarejar de galinhas, latidos etc. Slim Gaillard e Slam Stewart participaram também do nascimento de outro período do jazz nos anos 40:
O bebop
O bebop, ou bop, era um estilo mais rápido de tocar, com improvisos em escalas mais altas dos instrumentos e tem, entre os seus criadores, dois dos maiores músicos de jazz de todos os tempos: Charlie Parker, também conhecido como “The Bird” e Dizzy Gillespie. O bebop se desenvolveu depois da Segunda Guerra Mundial e teve o seu apogeu nos anos 50.
O bop marca a volta dos pequenos grupos de jazz, que tocavam nas boates de jazz da rua 52, entre a 5ª e 6ª avenida em Nova York. Uma delas passou a se chamar Birdland, em homenagem a Charlie Parker. Nesta época, se notabilizaram músicos como Lester Young, saxofonista; Roy Eldridge, trompetista; Coleman Hawkins, saxofonista; Art Tatum, pianista; e a cantora Billie Holiday.
A influência desses músicos na sociedade americana e no mundo inteiro foi enorme. Principalmente entre os jovens, que até queriam se vestir como eles. Nos anos 50, surge também um outro movimento:
O cool jazz
O cool é uma música de jazz com harmonias mais avançadas, com influências de clássicos como Stravinsky e Debussy. O cool jazz começa a se desenvolver mais entre os intérpretes brancos, com orquestras como a de Stan Kenton e de Woody Herman.
Na Califórnia, surge também um ramo do cool jazz chamado de west coast jazz. São grupos pequenos como o de Gerry Mulligan com Chet Baker. Também um sofisticadíssimo conjunto negro – o primeiro a tocar jazz de casaca – o super elaborado Modern Jazz Quartet, com o pianista John Lewis e o vibrafonista Milt Jackson. Lewis trazendo para o jazz influências da música renascentista e barroca, composições influenciadas por Johann Sebastian Bach.
Logo depois, Dave Brubeck, com o sax alto Paul Desmond. Tocado nos campus das universidades, era considerado um jazz de elite, informado. Nesta época surge também Miles Davis, outro dos grandes trompetistas de jazz.
Falando em trompetistas há que se dar um destaque especial para Chet Baker, um dos mais extraordinários trompetistas de todos os tempos, também cantor de jazz. De certa forma, pode-se dizer que Chet Baker é um inspirador da bossa nova. Depois de alcançar imenso sucesso comercial, Chet Baker acabou arruinado pelas drogas.
Durante todo esse período, fazia muito sucesso uma forma de jazz conhecida como mainstream, com intérpretes como o trompetista e cantor Roy Eldrigde, responsável pela ponte entre o swing e o bop. O mainstream, jazz supersuingado que se toca até hoje, tem características modernas sem perder o balanço da sua origem. Roy Eldridge era outro showman completo. Tinha uma personalidade impressionante e Gillespie costumava dizer que só criou um estilo próprio quando viu que não conseguia imitar Roy Eldridge.
O estilo mainstream, no fundo uma mistura de estilos, é a forma democrática que permitiu que músicos de várias correntes toquem na mesma jam session. É o gosto do improviso que nos deixa, amantes do jazz e do blues, sempre ligados nessa que é a verdadeira música clássica deste século.
Não há, em todo mundo, compositores e intérpretes dos nossos dias que não tenham sido influenciados pelo jazz, essa grande forma de arte criada pelos negros em New Orleans, logo ali, na Bourbon Street, depois da esquina.
Alguns de meus artistas e orquestras preferidos:
Orquestras
Duke Ellington, Cab Calloway, Benny Goodman, Count Basie, Stan Kenton
Trompete
Louis Armstrong, Tommy Ladnier, Roy Eldridge, Chet Baker, Miles Davis, Wynton Marsalis
Sax Tenor
Lester Young, Coleman Hawkins, John Coltrane
Sax Alto
Charlie Parker, Paul Desmond, Phil Woods
Sax Barítono
Gerry Mulligan
Bateria
Gene Krupa, Max Roach, Shelly Manne
Guitarra
Django Reinhardt, Barney Kessel
Violino
Stephane Grappelli
Piano
Teddy Wilson, Art Tatum, Thelonius Monk, Oscar Peterson, Diana Krall
Contrabaixo
Slam Stewart, Major Holley, Ron Carter, Charlie Mingus
Cantor
Louis Armstrong, Joe Williams
Cantora
Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Anita O’Day, Ernestine Anderson, Blossom Dearie, Diana Krall, Cassandra Wilson
Primeiro Multimídia
no Jazz Slim Gaillard
O que estou ouvindo no momento:
1. Diane Schuur – “In Tribute”
2. Helen Merrill – “Dream of You”
3. Ernestine Anderson – “Blues, Dues & Love News”
4. Diana Krall – “When I Look in Your Eyes”
5. Chet Baker – “My Funny Valentine”
6. Slim Gaillard – “Opera in Vout”
7. Roy Eldridge – “Happy Time”
8. Clifford Brown – “Jazz ‘Round Midnight”
9. Stephane Grappelli – “Fine and Dandy”
10.John Pizzarelli – “Meet the Beatles”
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