Não me iludirei mais com deliberações edificantes como “agora vou fazer uma dieta mais saudável”, ou “enfim vou programar aquela viagem à Grécia”, ou “ginástica todo dia”, ou “me obrigar a escrever duas páginas diariamente”, ou “responder a todos os cartões e mensagens de natal”, ou “visitar com mais frequência os familiares paulistas”, ou “finalmente aceitar aquele convite para o encontro anual da turma do ginásio”, ou “diminuir a bebida”, ou “tomar coragem e ler o Guerra e Paz de cabo a rabo”. Não, nada disso. Sem promessas. Vou me deixar conduzir pelo grande e incontrolável fluxo da vida, nem que seja para acabar num bueiro cercado de mosquitos da dengue.
Falando em Roma incendiada, fim de ano é f…, não? Sempre a mesma coisa: trânsito intenso, histeria coletiva e clichês e lugares-comuns a não mais poder desabando sobre nossas cabeças em forma de nozes, castanhas, cartões, mensagens, propaganda e saudações de viva voz. Isso sem contar o inominável pé no saco que é a compra dos presentes e a proliferação de papéis noéis suarentos, dessorando sob pesadas roupas vermelhas projetadas para invernos glaciais.
Loucura total.
Nas festas de ano novo tenho pavor daquele momento, à meia-noite, quando todos se cumprimentam sorridentes, desejando “feliz ano novo” uns aos outros. Um ano feliz é uma abstração além da minha compreensão. Mas não quero ser um chato, e nem cortar a onda de ninguém. Eu, por exemplo, estarei à meia-noite do dia 31 de dezembro na praia de Iracema, em Fortaleza, depois de tocar com os Titãs, olhando os fogos no céu, à espera do show da Ivete Sangalo.
Onde vou, levo a Roma incendiada comigo.
VEJA
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