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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Quo Vadis?(Nero, Roma incendiada e o maldito revéillon)


(Montagem sobre fotos Thinkstock)
Enquanto Roma continua em chamas por obra das curtições piromaníacas do Imperador Nero, decido fazer um ano novo diferente: nada de promessas. Nada de metas. Nada de objetivos. Desta vez não perderei tempo com aquelas enfadonhas listas de resoluções de ano novo, que sempre acabam como metas do governo ou projeções de economistas: frustradas ou não cumpridas.
Não me iludirei mais com deliberações edificantes como “agora vou fazer uma dieta mais saudável”, ou “enfim vou programar aquela viagem à Grécia”, ou “ginástica todo dia”, ou “me obrigar a escrever duas páginas diariamente”, ou “responder a todos os cartões e mensagens de natal”, ou “visitar com mais frequência os familiares paulistas”, ou “finalmente aceitar aquele convite para o encontro anual da turma do ginásio”, ou “diminuir a bebida”, ou “tomar coragem e ler o Guerra e Paz de cabo a rabo”. Não, nada disso.  Sem promessas. Vou me deixar conduzir pelo grande e incontrolável fluxo da vida, nem que seja para acabar num bueiro cercado de mosquitos da dengue.
Falando em Roma incendiada, fim de ano é f…, não? Sempre a mesma coisa: trânsito intenso, histeria coletiva e clichês e lugares-comuns a não mais poder desabando sobre nossas cabeças em forma de nozes, castanhas, cartões, mensagens, propaganda e saudações de viva voz. Isso sem contar o inominável pé no saco que é a compra dos presentes e a proliferação de papéis noéis suarentos, dessorando sob pesadas roupas vermelhas projetadas para invernos glaciais.
Loucura total.
Nas festas de ano novo tenho pavor daquele momento, à meia-noite, quando todos se cumprimentam sorridentes, desejando “feliz ano novo” uns aos outros. Um ano feliz é uma abstração além da minha compreensão. Mas não quero ser um chato, e nem cortar a onda de ninguém. Eu, por exemplo, estarei à meia-noite do dia 31 de dezembro na praia de Iracema, em Fortaleza, depois de tocar com os Titãs, olhando os fogos no céu, à espera do show da Ivete Sangalo.
Onde vou, levo a Roma incendiada comigo.
Por Tony Bellotto
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