Gleisi e Paulo Bernardo teriam usado aviões de empreiteiras na campanha
A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (Renato Araújo/ABr)
Dona da campanha eleitoral mais cara entre os candidatos ao Senado no Paraná, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT) declarou em sua prestação de contas despesas de apenas 56,9 mil reais com empresas de táxi aéreo, o equivalente a 0,7% dos quase 8 milhões de reais que informou ter gasto na disputa. Nesta semana, vieram à tona suspeitas de que Gleisi e Paulo Bernardo teria usado aviões de empreiteiras - com contratos com o governo do Paraná - durante a campanha.Na segunda-feira, a ministra divulgou nota dizendo ter feito seus voos durante a campanha apenas em avião fretado e com contrato de aluguel. Procurada na terça-feira pela reportagem com questionamentos sobre a prestação de contas da campanha, Gleisi foi econômica nas explicações.
A ministra confirmou gastos de 56,9 mil reais com aviões que, segundo ela, se referem a 26 horas de voo pagas às empresas Hércules e Helisul. Ela afirma ter feito outros deslocamentos aéreos "em conjunto com outros candidatos", mas não especificou o nome deles.
Disse ainda ter viajado muito por terra e confirmou que embarcou em avião algumas vezes, sem mencionar quantas, com o candidato do PDT ao governo, Osmar Dias. Indagada se realizou voos para sua campanha com outras empresas e se isso não estaria contabilizado, a ministra negou. Ela também garante não ter usado avião emprestado por empresas privadas.
Dias declarou 78 mil reais em gastos com deslocamento aéreo, os quais foram concentrados no comitê único do PDT. A Helisul, que aparece na campanha de Gleisi, recebeu 50 mil reais do comitê do PDT no dia 17 de setembro de 2010. A outra empresa é a FL Almeida e Cia. Ltda., que recebeu 15 mil reais no dia 14 e 13 mil reais no dia 27 do mesmo mês.
O ministro Paulo Bernardo afirma ter voado durante a campanha da mulher em aviões particulares e explicou que as aeronaves eram fretadas. As empresas, disse, recebiam pagamento por ceder o transporte. Também questionado se sabia de gastos não contabilizados, o ministro reagiu dizendo não ter sido responsável pelas contas de campanha de Gleisi.
Contraste - Os gastos de Gleisi com táxi aéreo são sete vezes menores do que o de seu companheiro de chapa no Paraná, o senador Roberto Requião (PMDB). O peemedebista gastou 416 mil reais com aviões. O aliado, no entanto, investiu em toda sua campanha 3 milhões de reais, menos da metade do que Gleisi.
As suspeitas sobre as relações do casal de ministros com a empreiteira Sanches Tripoloni têm como pano de fundo a crise que levou a demissões em série no Ministério dos Transportes. A empreiteira é a responsável pela obra do Contorno Norte de Maringá, no Paraná. A obra foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) por pressão de Paulo Bernardo.
A construtora Sanches Tripoloni negou em nota que tenha transportado Paulo Bernardo durante a campanha do ano passado na aeronave King Air, prefixo PR-AJT, ou qualquer outra. "A empresa também informa que não cedeu aeronaves para campanhas eleitorais."
Doações - A campanha da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), que conseguiu uma cadeira no Senado no ano passado como representante do Paraná, teve um acréscimo de 420% no volume de doações em relação a 2006, quando concorreu pela primeira vez ao mesmo cargo. Do 1,5 milhão de reais declarado aos tribunais eleitorais em 2006, ela pulou para mais de 7,9 milhões de reais em 2010. Um volume bastante superior ao segundo colocado no Paraná, o senador Roberto Requião (PMDB), que arrecadou cerca de 3 milhões de reais.
(Com Agência Estado)
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