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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Mais do mesmo

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Vamos lá, esta promete ser uma daquelas minhas crônicas clássicas: falaremos de sexo (oba!), mulheres, homossexualismo, religião, bispos, generais, política, direitos individuais etc, etc. Meus detratores já estarão pensando: “Lá vem ele de novo, propor alguma polêmica para ganhar Ibope!” Uma torrente de comentários indignados de meus inúmeros leitores pode gerar algum transtorno no trânsito online, assim como a avalanche de comentários favoráveis talvez entupa alguns dos bueiros de nosso site. Peço desculpas pelo incômodo desde já. Duas notícias me deixaram com a pulga atrás da orelha essa semana. A primeira, a divulgação do manifesto dos bispos católicos contra pontos do Programa Nacional de Direitos Humanos. É a mesma ladainha de sempre, e não se poderia esperar outra coisa de um manifesto de bispos católicos: rejeição à legalização do aborto, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, ao direito de adoção por casais homoafetivos e à criação de mecanismos para impedir a exibição de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos. Ok, ok.
Surpreendente seria se os bispos decidissem apoiar tais medidas. Senhores bispos, permitam-me respeitosamente apresentar algumas questões: continuaremos deixando que milhares de mulheres brasileiras morram ou sofram sequelas físicas e psicológicas por conta de abortos mal feitos? Ou os senhores acreditam que elas deixarão de fazer abortos só porque a igreja condena a prática? Não estariam melhor assistidas se o governo as apoiasse e criasse campanhas preventivas para evitar a gravidez indesejada? E os homossexuais? Dois homens ou mulheres que se amem não têm o direito de viver juntos e formar uma família? Tenho um amigo que foi impedido num hospital de visitar o companheiro que agonizava na UTI. Motivo: só a parentes ou cônjuges era permitida a entrada. Os senhores definiriam isso como um comportamento cristão? Desculpem-me, talvez eu não tenha entendido nada quando li o sermão da montanha de Jesus Cristo. Quanto aos símbolos religiosos em estabelecimentos públicos, bem, os senhores estariam dispostos a dividir o espaço dos crucifixos com imagens de Iemanjá e fotos do Chico Xavier?
Agora vamos à segunda notícia: um general do Exército afirmou no Congresso que os gays só devem ser aceitos nos quartéis se mantiverem a opção sexual em segredo. Puxa, senhor general, com todo o respeito, o Obama tenta aprovar uma lei nos Estados Unidos que determina exatamente o contrário: gays devem ser aceitos nas forças armadas norte-americanas. E existe Exército mais poderoso e macho que o americano? Sei que não precisamos imitar os americanos em tudo, mas entendo que a afirmação do general é motivada por preconceito. Segundo ele soldados não se sentem à vontade para obedecer a um superior gay etc, etc. Se não se sentem é por puro preconceito, nada mais. Não é por que o sujeito é homossexual que ele vai querer comandar uma tropa vestido de Carmen Miranda e dando gritinhos histéricos. Essa visão estereotipada do homossexual também é fruto do mais abominável preconceito. E a melhor forma de combatê-lo é mostrando aos soldados que um homem (ou uma mulher) pode ser digno independente de sua opção sexual.
Despidos das fardas, senhor general, e das batinas, senhores bispos, somos todos iguais.
Livro…
… Já que falamos de polêmicas, não percam o novo livro de contos de Marcelo Mirisola, Memórias da Sauna Finlandesa. O homem é um dos expoentes da nossa literatura atual, e escreve de uma maneira única, numa linguagem ao mesmo tempo iconoclasta e sedutora.
Por Tony Bellotto

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