Esporte
Jogada, se feita com frequência, causa problemas cognitivos e afeta memória
Osvaldo, do Ceará, cabeceia a bola durante partida contra o Corinthians, durante partida válida pela 35ª rodada do Campeonato Brasileiro (LC Moreira / AE)
Uma jogada bastante comum no mundo do futebol pode representar risco à saúde dos jogadores. Uma pesquisa americana revela que cabecear com frequência uma bola de futebol aumenta os riscos de lesão cerebral e deficiência cognitiva. De acordo com o estudo, desenvolvido por especialistas do Colégio de Medicina Albert Einstein da Universida de Yeshiva, em Nova York, jogadores lesionados pela jogada apresentaram resultados inferiores em testes de memória verbal e velocidade psicomotora. O estudo foi apresentado nesta terça-feira durante o encontro anual da Sociedade de Radiologia da América do Norte, em Chicago.Para analisar o cérebro dos voluntários, os pesquisadores usaram imagem de difusão por ressonância magnética (MRI de difusão), uma técnica avançada de ressonância magnética. Foram analisados 38 jogadores amadores com idade média de 30,8 anos que jogavam futebol desde a infância. Eles foram classificados com base na frequência de cabeçadas. Descobriu-se, então, que os que batiam com a cabeça na bola por mais vezes tinham lesões cerebrais similares àquelas vistas em pacientes com concussão, também conhecida como lesão cerebral traumática leve (TBI).
Após confirmar o impacto potencialmente danoso das cabeçadas frequentes, os pesquisadores determinaram um nível limite considerado seguro para o cérebro. Análises posteriores revelaram, então, um limiar de aproximadamente 1.000 a 1.500 cabeçadas por ano - uma vez excedido esse número, foram observados danos significativos nos voluntários. “Cabecear uma bola de futebol não tem um impacto de uma magnitude suficiente para lacerar as fibras dos nervos no cérebro. Mas repetidas vezes podem desencadear uma cascata de respostas que irá levar à degeneração das células cerebrais”, diz Lipton.
Sequelas - Os pesquisadores identificaram cinco áreas do cérebro que foram afetadas: lóbulo frontal (atrás da testa) e região temporal-occipital – áreas responsáveis pela atenção, memória, funções executiva e visual. Em um estudo relacionado, Lipton e a colega Molly Zimmerman fizeram testes projetados para avaliar as funções neuropsicológicas dos mesmos 38 jogadores amadores. Aqueles que tinham os índices mais elevados de cabeçadas se saíram pior nos testes de memória verbal e velocidade psicomotora (atividades que requerem coordenação mente-corpo, como jogar uma bola).
“Esses dois estudos apresentam evidências convincentes de que as lesões cerebrais e a deficiência cognitiva podem ser um resultado de se cabecear com frequência”, diz Lipton. Segundo o especialista, pode ser que as lesões cerebrais não sejam notadas de início em crianças que jogam com frequência. Isso porque o prejuízo não será imediato e ele poderá ainda ser facilmente atribuído a outras causas, como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade ou deficiência de aprendizagem. “Precisamos de pesquisas posteriores para confirmar a nossa e para definir precisamente os impactos tanto em crianças quanto em adultos”, diz Lipton.
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