Saúde
Incidência da doença no país manteve-se em 17,9 casos a cada 100.000 habitantes de 2000 a 2010. Índice de contágio só caiu no Sudeste
Gabriel Castro
Fita vermelha: luta contra a Aids (Thinkstock)
Em dez anos o Brasil nada avançou no combate a aids. Um balanço divulgado nesta segunda-feira pelo Ministério da Saúde, em Brasília, mostra que a incidência da doença manteve-se em 17,9 casos a cada 100.000 habitantes de 2000 a 2010. Nesse período, claro, houve oscilações - entre 2009 e 2010, por exemplo, o índice caiu de 18,8 para 17,9 -, mas o recorte de dez anos prova a estagnação. O perfil do infectado pelo vírus HIV também mudou. Hoje a doença avança entre os moradores de pequenas cidades e entre jovens homossexuais e adolescentes do sexo feminino. A única região que apresentou queda no número de casos a cada 100.000 habitantes foi o Sudeste, onde o índice passou de 24,5 para 17,6. No Norte, o número passou de 7 para 20,6 casos a cada 100.000 habitantes. No Nordeste, de 7,1 para 12,6. No Centro-Oeste, de 13,9 para 15,7. E, no Sul, de 27,1 para 28,8.
O coeficiente de mortalidade pela doença manteve-se estável de 2009 para 2010, na faixa de 6 óbitos por 100.000 habitantes. O Ministério da Saúde registrou 34.212 novos casos em 2010, contra 35.979 em 2009. No ano passado, 11.965 pessoas morreram por causa do vírus HIV - em média, quase 33 por dia. Desde 1980, mais de 240.000 pessoas perderam a vida por causa da aids. O Brasil tem hoje aproximadamente 630.000 pessoas com a doença. Dois terços delas são homens.
Na lista das cidades com maior porcentual de acometidos pela doença, as quatorze primeiras colocadas são da região Sul. Porto Alegre ocupa o primeiro lugar, com quase 100 casos para cada 100.000 habitantes. A distribuição da aids tem se alterado no país: a doença tem se alastrado pelas pequenas cidades, enquanto perde força nos grandes centros. Nas cidades com até 50.000 habitantes, a incidência da aids passou de 6,4 para 8,6 pacientes a cada 100.000 habitantes.
Grupos vulneráveis - A doença também avança sobre grupos específicos: entre os homens gays de 15 a 24 anos, por exemplo, o porcentual de infectados teve o crescimento mais elevado na pesquisa e é o maior da história: um homossexual jovem do sexo masculino tem 13 vezes mais chances de estar infectado do que um heterossexual da mesma faixa etária, grupo no qual o índice recuou. Em 1990, os gays representavam 25% do total de infectados dentro dessa faixa etária. Hoje, são 46%. Um em cada 25 jovens homossexuais do sexo masculino é portador da aids.
Os homossexuais continuam sendo o grupo com maior vulnerabilidade, seguido pelos usuários de drogas e as prostitutas. Outro público chamou a atenção na pesquisa: as garotas de 13 a 19 anos, entre as quais índice de contágio também avançou. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, admitiu a vulnerabilidade das jovens e dos gays. De acordo com ele, o índice pode ter aumentado entre as adolescentes mulheres porque elas vão ao médico e diagnosticam a doença, o que é menos comum entre os jovens do sexo masculino. "A maior parte das pessoas que se diagnosticam hoje sentiram algum sintoma da doença, o que pode demorar até doze anos para acontecer", disse o ministro.
Padilha afirmou também que o governo deve planejar campanhas regionais para frear o avanço da aids em regiões específicas: "Não é possível pensar uma campanha única para um país tão diverso como esse", disse. Por outro lado, a pesquisa trouxe ao menos uma boa notícia: a transmissão do vírus de mãe para filho durante o parto tem caído: a contaminação ocorre atualmente em 3% dos nascimentos. A meta da Organização Mundial de Saúde é reduzir esse índice a 1%.
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