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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

'Não há dúvida' de que o capitão errou, admite advogado

Itália

Defensa de Schettino nega, porém, críticas de que ele seja covarde e criminoso

Bruno Leporatti, advogado do capitão do Costa Concordia, responde perguntas de jornalistas Bruno Leporatti, advogado do capitão do Costa Concordia, responde perguntas de jornalistas (Andreas Solo/AFP)
O advogado de Francesco Schettino, comandante do cruzeiro naufragado na Itália na última sexta-feira, disse seu cliente não é "nem covarde, nem criminoso", apesar de ter abandonado o transatlântico logo após o acidente, antes de todo mundo. Mas Bruno Leporatti admitiu que "não há dúvidas" de que o capitão realizou uma manobra equivocada à frente do navio Costa Concordia - a embarcação saiu do curso normal e bateu em rochas no fundo do mar.


Entenda o caso


  1. • O navio Costa Concordia viajava com mais de 4.200 pessoas a bordo quando bateu em uma rocha junto à ilha italiana de Giglio, na noite do dia 13 de janeiro.
  2. • A colisão abriu um grande buraco no casco do navio, que encheu de água, encalhou em um banco de areia e virou.
  3. • Onze mortos foram confirmados até agora.
  4. • Os trabalhos de buscas são coordenados com a tarefa de retirar as 2.400 toneladas de combustível do navio, sob o risco de contaminação da área do naufrágio.

Apesar disso, o advogado afirmou que, até terminar de analisar toda a investigação, incluindo os interrogatórios e a transcrição dos telefonemas que comprovam que Schettino fugiu do navio após o acidente, não poderá dizer se o comandante mentiu à Capitania dos Portos sobre a gravidade do naufrágio.
"Encontrei uma pessoa afetada (pelo acidente), que não me deu a impressão nem de ser covarde nem criminoso. O capitão Schettino me pareceu muito afetado pelo drama humano deste assunto", comentou Leporatti, acrescentando que "o capitão está alterado e miserável pelo que ocorreu, e profundamente comovido, não tanto pela perda do navio, que para um comandante da marinha é gravíssimo, mas pelas perdas de vidas humanas". Até o momento, 11 mortos foram confirmados no desastre.
Além disso, o defensor ressaltou que o juiz de um eventual processo é quem terá de decidir se o capitão é responsável pelos delitos dos quais é acusado – homicídio múltiplo, abandono do navio e naufrágio, que podem lhe render até 15 anos de prisão se for condenado.
Fuga – Em uma entrevista coletiva nesta quarta-feira, o promotor Francesco Verusio, responsável pelo caso, anunciou que pretende recorrer da decisão da juíza de instrução Valeria Montesarchio. Ela determinou prisão domiciliar a Schettino no lugar de prisão preventiva, como a Promotoria tinha solicitado.
Verusio afirmou que "é possível que (Schettino) possa fugir" e que "por sua personalidade e pelos delitos que atribuem a ele", não querem que se livre de suas responsabilidades perante o naufrágio do cruzeiro. Em declarações a uma emissora de rádio, o promotor criticou duramente o procedimento do capitão antes e depois do naufrágio.
"(Foi) mal na manobra, no abandono do navio, ao não ter dirigido as operações de resgate, ao não ter dado nenhuma ordem. Acho que seu comportamento foi inqualificável e imperdoável", declarou Verusio. "Até admitindo que tivesse caído no bote salva-vidas, (mas) podia também ter voltado ao navio como capitão, não?", questionou o promotor.
Prisão domiciliar – Na noite desta terça-feira, o capitão Francesco Schettino foi libertado do cárcere na cidade de Grosseto e levado a Meta di Sorrento, no sul da Itália, onde cumprirá prisão domiciliar, informou nesta quarta a imprensa italiana. Escoltado por policiais, Schettino chegou a sua casa em Meta di Sorrento às 2 horas locais (23 horas em Brasília).
Na audiência que definiu sua prisão domiciliar, o capitão disse ter feito "tudo que era possível" para evitar problemas aos passageiros, mas depois admitiu ter cometido alguns erros. "Não tinha intenção alguma de fugir, estava ajudando alguns passageiros a embarcarem em barcos de resgate. Em um certo momento, o sistema de descida emperrou e tivemos de fazer força para descer. Então, o sistema foi reativado e eu, depois de ter me batido, vi-me dentro do barco de resgate junto a vários passageiros", alegou.
Gravações telefônicas divulgadas no mesmo dia da sessão judicial, porém, complicaram a situação de Schettino. Na conversa com o chefe da Capitania do Porto de Livorno, Gregorio De Falco, o comandante do Costa Concordia, já depois de ter deixado o navio naufragado, recebe ordens para voltar imediatamente à embarcação e ajudar na evacuação dos passageiros. Mas desobedece às ordens.
 http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/capitao-de-navio-que-naufragou-na-italia-nao-e-covarde-diz-advogado

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