Corrupção
Reportagem de VEJA mostra que líder do PTB cobrou 4 milhões de reais em troca de cargo a ex-aliado. Presidente da Conab foi portador da proposta
Luciana Marques
O deputado federal Jovair Arantes, líder do PTB na Câmara, acusado de exigir dinheiro para conduzir ex-aliado a cargo (O deputado federal Jovair Arantes, líder do PTB na Câmara, acusado de exigir dinheiro para conduzir ex-aliado a cargo)
O PPS pediu explicações, neste sábado, do líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes, acusado de cobrar 4 milhões de reais em troca de indicação a cargo público. Edição de VEJA desta semana revela que o presidente da Conab, Evangevaldo Moreira, foi o portador da proposta milionária. A acusação é de Osmar Pires Martins Júnior, ex-secretário de Meio Ambiente de Goiânia e presidente da Agência Goiana de Meio Ambiente até 2006. “O deputado queria 4 milhões de reais para que o infraescrito fosse indicado para continuar na titularidade do órgão público”, disse em documento enviado ao Ministério Público. O presidente do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), afirmou que encaminhará pedido de esclarecimentos do líder do PTB na Câmara dos Deputados. “Jovair deve responder à Corregedoria da Câmara e ao Conselho de Ética”, afirmou. Freire também deve enviar pedido de investigação do caso ao Ministério Público, que tem sido mais eficiente do que os depoimentos Congresso Nacional, segundo ele. “Vamos encaminhar a solicitação à Câmara, embora saibamos que integrante da base ir ao Congresso significa sair aplaudido, como ocorreu com o ministro da Integração Nacional, Fernando Coelho Bezerra.”
O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), defendeu investigação da Polícia Federal sobre o caso e também cobrou explicações de Jovair Arantes. “Temos que dar a ele a oportunidade de falar”, disse. “Neste momento Jovair é o mais interessado em esclarecer isso”, completou o líder tucano na Câmara, Duarte Nogueira (SP).
Faxina - Em ano de eleições, parlamentares da oposição evitaram fazer críticas diretas ao líder do PTB. Mas não pouparam o presidente da Conab, nem o governo federal. Acreditam que a demissão, em agosto, do ministro da Agricultura, Wagner Rossi, foi insuficiente para eliminar práticas de corrupção na Conab, órgão subordinado à pasta. “O novo ministro, Mendes Ribeiro, comprometeu-se a colocar a casa em ordem, mas a Conab ainda resiste a essa ação”, disse Duarte Nogueira. “Esse é mais um motivo para se fazer uma faxina geral no órgão.”
Dias criticou o loteamento no governo e a partilha de cargos públicos por partidos aliados. “O modelo de loteamento é permissivo e é a causa todos esses desvios”, afirmou. Para Roberto Freire, o Palácio do Planalto é o principal responsável por esse sistema: “Se o presidente da Conab continua no cargo, é porque a presidente Dilma quer.”
O presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN) disse que, ao aceitar a impunidade, o governo acaba admitindo a corrupção. “A presidente Dilma deixa que esses casos de corrupção proliferem toda hora e por toda parte."
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/pps-quer-que-jovair-se-explique-ao-conselho-de-etica
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