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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Para pré-candidatos, Kassab não atende os mais pobres

Política

Por Daiene Cardoso
São Paulo - Os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo tiveram hoje a primeira oportunidade do ano para demonstrar o que pensam sobre a cidade e criticar a gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD), que não enviou nenhum representante para defender seu governo. Embasados na pesquisa Ibope encomendada pela Rede Nossa São Paulo - em que 56% dos 1.512 entrevistados disseram que gostariam de mudar de cidade, 30% consideraram que a administração é ruim/péssima e a nota média dada à honestidade dos governantes foi 2,9 -, os pré-candidatos e representantes dos partidos concluíram que as necessidades da população, principalmente dos mais pobres, não vêm sendo atendidas nos últimos anos.
"É evidente que São Paulo está sendo reprovada por seus habitantes", comentou o presidente do diretório municipal do PSOL, Maurício Costa. Para o dirigente do partido, que ainda não definiu seu candidato, a capital paulista tem uma estrutura "que preserva um modelo desigual e complicado para a maioria da população". "Essa gestão está desacreditada porque tem um projeto contrário aos interesses da maioria", criticou.
Até o pré-candidato do PCdoB, vereador Netinho de Paula, não poupou a gestão Kassab, da qual seu partido faz parte. "Quem dirigiu a cidade não olhou para o povo pobre. A cidade foi completamente esquecida, abandonada", afirmou. Questionado sobre sua "mudança de hábito", Netinho alegou que a participação do PCdoB na atual administração se restringe à organização da Copa de 2014 e que o partido tem autonomia para criticar o governo municipal. Luiz Carlos Bosio, membro da executiva municipal do PV, que também faz parte do governo Kassab, concordou com Netinho."Pouco avançamos na condição de vida do cidadão", resumiu o dirigente do PV, sigla que também não definiu seu candidato à disputa municipal.
Já o pré-candidato do PMDB, o deputado federal Gabriel Chalita, disse que se sentia envergonhado com o resultado da pesquisa. "Meu sentimento é de vergonha de ver a situação que está a cidade de São Paulo. É vergonhoso ver que a população não confia nos políticos", afirmou. "Há alguma coisa errada na administração desta cidade. Nós estamos abandonando as pessoas que mais precisam", avaliou.
O levantamento feito entre os dias 25 de novembro e 12 de dezembro de 2011 apontou também que a qualidade de vida na cidade recebeu uma nota geral de 4,9 ante 5,0 em 2010. Já a sensação de insegurança dos paulistanos cresceu de 2010 para 2011: subiu de 24% para 35% o porcentual de pessoas que afirmaram não se sentir "nada segura" na cidade. Só 1% dos entrevistados disseram se sentir totalmente seguros em São Paulo.
Estagnada
A pré-candidata do PPS, Soninha Francine, questionou os números da percepção dos paulistanos e sua relação com os fatos reais. "O poder público tem que analisar onde (os números) são condizentes e onde não são", ponderou. Soninha argumentou que muitas vezes a população desconhece que um serviço existe quando na realidade ele está disponível e, por isso, acaba avaliando mal a gestão. A pré-candidata defendeu uma atenção maior da prefeitura "às coisas mínimas" da cidade, como o barulho, o abandono de entulho em locais impróprios e os conflitos de vizinhança. "Isso aparece muito nas subprefeituras e é um conflito sério", comentou.
Sobre a atuação das subprefeituras, 31% dos paulistanos avaliaram as ações regionais como "ruim/péssima", ante 23% da pesquisa anterior. "A cidade não pode ser administrada centralmente como tem sido feito", analisou o presidente do diretório municipal do PT, vereador Antonio Donato, que participou do evento representando o pré-candidato Fernando Haddad. Para o dirigente petista, a cidade é "muito dura com os mais pobres". Num dos poucos momentos de críticas ao trabalho de Kassab, Donato disse que São Paulo não vem acompanhando o ritmo de crescimento do Brasil nos últimos anos. "Não estamos avançando num momento em que o Brasil está avançando. Isso é preocupante."
O PSDB, que ainda discute quem será seu candidato para a sucessão municipal, não enviou nenhum representante para comentar o resultado da pesquisa. O PDT do deputado federal e pré-candidato Paulo Pereira da Silva, o PTB do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) e também pré-candidato Luiz Flávio Borges D'Urso, e o PRB do pré-candidato Celso Russomanno não participaram do encontro.

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