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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

'Os naufrágios são incomuns, mas o perigo está sempre lá'

Itália

Especialista fala sobre medidas de segurança para caso de urgência em navio

Gabriela Loureiro
Costa Concordia era o maior navio construído na Itália Costa Concordia era o maior navio construído na Itália (Paul Hanna / Reuters)
"O capitão estava confiante demais em suas habilidades e desprezou os perigos de uma costa rochosa como a da ilha de Giglio."
E. Lee Spencer, especialista em naufrágios
Na primeira sexta-feira 13 do ano, o naufrágio do navio Costa Concordia arrepiou os supersticiosos e aqueles que planejaram uma viagem tranquila em um cruzeiro em qualquer parte do mundo. Houve quem repensasse o destino de sua próxima viagem de férias, temendo ser protagonista de um episódio semelhante, mas o especialista em naufrágios E. Lee Spencer faz questão de destacar que não há motivo para pânico e sim para precaução. "Cruzeiros em geral são muito seguros, mas acidentes podem acontecer - e acontecem", disse ao site de VEJA.
Entre os exemplos mais recentes (para não citar apenas o óbvio Titanic), está o cruzeiro Louis Majesty, da companhia Louis Cruise Lines, que foi atingido por uma série de ondas de 26 metros quando navegava pelo mar Mediterrâneo em março de 2010. Não houve naufrágio, mas as cenas foram dignas de Hollywood, e dois passageiros morreram. Em 2007, o cruzeiro grego Sea Diamond afundou nas ilhas de Santorini, no mar Egeu, após se chocar contra um recife vulcânico, e dois de seus 1.156 passageiros nunca foram encontrados.
Quando o navio é grande e luxuoso como o Costa Concordia - que levava mais de 4.200 pessoas a bordo -, a probabilidade de ocorrer uma situação de emergência é ainda menor, mas não quer dizer que jamais aconteça. "Os naufrágios são incomuns, mas o perigo está sempre lá", enfatiza Spencer, descrevendo que as causas mais comuns de acidentes estão ligadas a clima, ondas gigantes, icebergs, cartas náuticas desatualizadas ou defeitos no software que localiza recifes e rochas. É preciso considerar também, é claro, o erro humano, como foi o caso do transatlântico italiano.


Entenda o caso


  1. • O navio Costa Concordia viajava com mais de 4.200 pessoas a bordo quando bateu em uma rocha junto à ilha italiana de Giglio, na noite do dia 13 de janeiro.
  2. • A colisão abriu um grande buraco no casco do navio, que encheu de água, encalhou em um banco de areia e virou.
  3. • 13 mortos foram confirmados até agora.
  4. • Os trabalhos de buscas são coordenados com a tarefa de retirar as 2.400 toneladas de combustível do navio, sob o risco de contaminação da área do naufrágio.

Prevenção - Devido a esses imprevistos, lembra ele, o importante é tomar algumas medidas preventivas: "Consiga uma cabine com saída fácil para uma plataforma externa. Garanta que você saiba exatamente onde está o seu colete salva-vidas e de onde parte o seu bote de resgate". Outra medida válida é desenvolver um plano de evacuação com amigos e familiares, determinando um ponto de encontro no caso de alguma urgência. É essencial, ainda, prestar atenção ao treinamento que a tripulação oferece aos passageiros em um período de até 24 horas após a partida.
No caso do Concordia, o naufrágio aconteceu poucas horas após o navio zarpar do porto de Civitavecchia, então muitos passageiros ainda não haviam recebido o treinamento. Além disso, a investigação inicial aponta que a (ir)responsabilidade é do capitão, Francesco Schettino, que teria feito uma manobra imprudente causando a perfuração do casco do navio. "O capitão estava confiante demais em suas habilidades e desprezou os perigos de uma costa rochosa como a da ilha de Giglio", afirma Spencer.
O fato de ele ter abandonado o navio antes de evacuar os passageiros - desobedecendo as obrigações de um comandante - agrava ainda mais sua situação. Ele tentou se defender alegando que "caiu acidentalmente" em um bote salva-vidas enquanto ajudava no resgate. Mas testemunhas garantem tê-lo visto em segurança nas rochas de Giglio contemplando o navio afundar. Um telefonema entre ele e a Capitania dos Portos comprova sua fuga e o medo que Schettino tinha de voltar ao navio inclinado, no escuro da noite. "Capitão covarde" é como está sendo chamado. "A tripulação dos navios geralmente tem experiência e é bem qualificada, mas alguns simplesmente não conseguem lidar com uma situação de emergência e não sabem disso até que uma acontece", ressalta Spencer.

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