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sábado, 21 de janeiro de 2012

Sensibilidade a cheiros nem sempre significa alergia. Pode ser intolerância química

Problemas respiratórios

Estudo identificou que pessoas com essa intolerância, quando expostas a certos odores, apresentam atividade do cérebro diferente de quem não tem o problema

Intolerância química: atividade cerebral diferente com exposição a certos odores caracteriza pessoas com esse problema Intolerância química: atividade cerebral diferente com exposição a certos odores caracteriza pessoas com esse problema (Thinkstock)
Sintomas como dores de cabeça diante de um forte cheiro de perfume e coceira no nariz após contato com produtos de limpeza não são, necessariamente, indícios de uma alergia, mas sim resultado de uma intolerância química a certos odores. Segundo um novo estudo, realizado na Universidade de Umea, na Suécia, essa sensibilidade pode ser atribuída a uma incapacidade do indivíduo de se acostumar com certos aromas.
Normalmente, quando entramos em um ambiente, a percepção do cheiro do lugar vai diminuindo com o tempo até que paramos de percebê-lo. Porém, se uma pessoa tem intolerância química, esse odor parece sempre estar presente. "Os indivíduos hipersensíveis sentem que o cheiro fica mais forte, mesmo que sua concentração não tenha mudado”, afirma Linus Andersson, coordenador do estudo, após ter comparado imagens de atividade cerebral de pessoas com e sem essa sensibilidade.

Entenda a pesquisa

O QUE ELA DIZ
Sintomas como dores de cabeça diante de um forte cheiro de perfume e coceira no nariz após contato com produtos de limpeza não são, necessariamente, indícios de uma alergia, mas sim resultado de uma intolerância química a certos odores.
POR QUE É IMPORTANTE
Intolerância química e alergia, embora muitas vezes manifestem-se por meio de sintomas semelhantes, disparam a ação de mecanismos diferentes no organismo humano. Enquanto a alergia é uma reação do sistema imunológico, a intolerância química é uma reação do sistema nervoso. Essa diferenciação pode ajudar os médicos a aplicarem tratamentos mais efetivos a quem sofre tanto de uma condição quanto de outra.
A pesquisa — O estudo aplicou exames de eletroencefalografia (EEG) e de imagens funcionais cerebrais em participantes com e sem intolerância química. Foram colocados eletrodos na cabeça dos participantes para que fossem registradas as mudanças no cérebro frente às exposições a diferentes odores. Os pesquisadores observaram que, ao contrário do que aconteceu com os participantes sem problemas de sensibilidade a cheiros, os intolerantes químicos não tiveram uma diminuição na atividade cerebral, mesmo após o período de mais de uma hora de exposição a um odor.
Portanto, o estudo identificou que o impacto da sensibilidade a certos cheiros vai além das irritações no revestimento mucoso do nariz e da boca, e abrange também a atividade cerebral desses indivíduos. "Em outras palavras, podemos ver indícios de que essa intolerância afeta tanto o corpo como a mente, evidenciando a importância de os profissionais não se concentrarem em apenas um desses aspectos", diz Andersson.
Nova perspectiva  Segundo o médico alergista e presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai), João Negreiros Tebyriçá, o estudo traz uma novidade ao associar atividade cerebral ao mecanismo de intolerância química. "Apesar de isso ser desconhecido, faz sentido. Provavelmente, tudo o que se refere à inflamação do nariz se reflete em termos de atividade cerebral", afirma.
Embora a intolerância química seja comum, há poucas pesquisas sobre o que causa essa condição. Para Linus Andersson, se for identificado o que caracteriza esta hipersensibilidade, seria possível desenvolver métodos para diagnóstico e tratamento do problema.


Alergia respiratória e intolerância química

João Negreiros Tebyriçá
Médico alergista e presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai)

Qual é a diferença entre alergia a odores e intolerância química? A alergia envolve uma reação do sistema imunológico e a produção de anticorpos contra determinadas proteínas presentes, por exemplo, em perfumes, poeira, tintas ou em animais como o gato. A intolerância não abrange a produção de anticorpos, mas mesmo assim manifesta sintomas de irritação da mucosa do nariz diante de certos odores. Geralmente, uma pessoa tem alergia a um determinado cheiro ou substância, enquanto a intolerância é algo mais genérico.
Quais são os sintomas de cada problema? Os sintomas desses dois problemas, de maneira geral, são bem parecidos. Na maioria das vezes acontece congestionamento e coriza nasal e espirros. Porém, a coceira é própria dos alérgicos, e não acontece em pessoas com intolerância.
Quais são os tratamentos disponíveis? A aplicação do corticoide para o nariz com sprays, se feita de maneira contínua e por bastante tempo, pode evitar crises de irritação e inibir inflamações no nariz causadas por um determinado cheiro ou substância. Para casos de alergias, há também vacinas e antialérgicos.
Quais são os problemas de não tratar a alergia ou a intolerância? As consequências podem envolver a não regressão dos sintomas, a má respiração, a diminuição da sensibilidade olfativa e até a perda total do olfato, interferindo diretamente na qualidade de vida do paciente.
Como uma pessoa identifica se seus sintomas são de alergia ou de intolerância? De maneira geral, somente um especialista pode indicar se os sintomas se referem à alergia, à intolerância ou aos dois problemas simultaneamente.
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/sensibilidade-a-cheiros-nem-sempre-significa-alergia-pode-ser-intolerancia-quimica

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