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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Trânsito é liberado no entorno do local da tragédia no Rio

Cidades

Buscas entram no 5º dia. Defesa Civil admite: corpos podem não ser achados

A rotina nas avenidas que cercam o local do desabamento de três prédios no centro do Rio de Janeiro começa a ser retomada nesta segunda-feira. Algumas vias que estavam interditadas ao tráfego e aos pedestres desde a última quarta-feira, dia da tragédia, foram liberadas no começo da manhã desta segunda. A Avenida Almirante Barroso foi totalmente liberada ao tráfego de veículos às 5h20. A via estava interditada entre a Avenida Rio Branco e a Rua Senador Dantas para facilitar o trabalho das equipes nas buscas e retirada de escombros dos três prédios que desabaram na Avenida Treze de Maio.
A Avenida Treze de Maio também foi liberada aos pedestres, após a instalação de tapumes que cercam os escombros que ainda são retirados. Já a Rua Senador Dantas voltou à mão de origem, da Evaristo da Veiga à Avenida Chile. Permanecem interditados preventivamente pela Defesa Civil o prédio de número 6 da Avenida Almirante Barroso e o anexo do Theatro Municipal.
De acordo com a Secretaria Municipal de Obras, foram retirados, até o momento, aproximadamente 45.000 toneladas de entulho do local. A Seconserva realizou serviços de manutenção e limpeza nas avenidas Treze de Maio e Almirante Barroso. A operação de recuperação incluiu a pavimentação das calçadas em pedras portuguesas, reposição de fradinhos, tampões de bueiros e desobstrução do sistema de drenagem. Os serviços também incluíram manutenção dos pontos de iluminação pública, retirada da lama, lavagem das pistas, calçadas, fachadas e placas de sinalização.
Buscas - O trabalho de resgate dos corpos de vítimas da tragédia entra nesta segunda em seu quinto dia. E as famílias dos desaparecidos seguem sem saber o que esperar da conclusão da operação de resgate. No domingo, o comandante dos bombeiros, coronel Sérgio Simões, admitiu, pela primeira vez, a possibilidade de que algumas vítimas da tragédia jamais sejam encontradas.
O número oficial de mortos até a noite de domingo era de 17 pessoas, quatro delas sem identificação. Foram encontrados também, misturados ao entulho retirado do local, restos humanos. Os exames de DNA para identificação de vítimas começam amanhã. "Existe a possibilidade de (corpos) terem sido carbonizados. Nesse caso, não estamos mais procurando corpos, mas ossos, dentes", lamentou Simões.
Embora as autoridades descartem a possibilidade, algumas pessoas ainda parecem esperar rever os parentes com vida. A maioria não gosta de dar entrevistas. Não quer que seus parentes sejam dados como mortos, ver suas fotos nos jornais. "Não recebemos ainda qualquer informação", contou César Sabará, irmão de Eliete Machado, cujo marido, Franklin, não havia sido encontrado até o fim da tarde de hoje. "Minha irmã fica naquela expectativa. É difícil ele ter sobrevivido, mas ela quer ver, quer enterrar".
"Toda hora que o telefone toca, a gente acha que pode ser uma boa notícia. Mas não há perspectiva", disse um primo de Priscila Montezano, de 23 anos, também desaparecida. A Defesa Civil trabalha com um número oficial de nove desaparecidos, por ser este o número de famílias reclamando parentes. Mas, como há quatro corpos sem identificação, os bombeiros procuram por mais cinco corpos.
Os quatro corpos sem identificação permanecem no IML, além de seis fragmentos localizados nos escombros que foram levados para o depósito de Duque de Caxias. O secretário municipal de Assistência Social, Rodrigo Bethlem, que mantém equipes na Câmara e no IML, informou que o acompanhamento deverá ser feito em casa. "Imagino que ficar na Câmara não será mais necessário, mas estamos à disposição. É muito sofrimento, são nove famílias e quatro corpos. A Polícia Civil vai agilizar os exames de DNA."
A intenção dos parentes era ficar o mais perto possível dos prédios, não só para ter notícias, mas também por uma questão emocional, como se o afastamento físico da Cinelândia fosse sinônimo de desistência.
Indenização - As famílias que perderam parentes no desabamento dos três prédios no centro do Rio poderão receber, cada uma, cerca de R$ 200 mil de indenização por danos morais, segundo cálculo do procurador-geral da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio (OAB-RJ), Ronaldo Cramer. Ações desse tipo levam em média cinco anos para serem concluídas, afirmou o advogado.
Se forem confirmadas 22 mortes, seriam cerca de 4,4 milhões de reais, sem contar ressarcimentos por danos materiais, que acontecem no caso de a vítima ser a responsável pelo sustento da família. Para chegar ao valor da indenização individual, Cramer baseou-se em processos semelhantes de danos morais que já tiveram decisão final da Justiça.
Para darem início às ações, no entanto, os parentes precisam que a polícia aponte um ou mais responsáveis pela tragédia, de quem serão cobradas as indenizações. "Se não se sabe qual é a causa, não se sabe quem é o responsável. As famílias têm que entrar com a ação apontando quem são os réus", diz Cramer.
Câmeras - A prefeitura instalou câmeras de segurança no depósito da Comlurb na Rodovia Washington Luís, em Caxias, para onde foram levados os entulhos dos três prédios e onde os bombeiros ainda procuram por corpos de vítimas. As câmeras monitoram os trabalhos para evitar desvio de bens. Nos primeiros dias, houve denúncias de que parte do material estaria sendo recolhido irregularmente.
(Com Agência Estado)
 http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/vitimas-podem-nunca-ser-encontradas-diz-comandante

 



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