País tem condições de receber o bebê que nasce nessa superlotação, mas para envelhecer com ele de forma saudável, alguns problemas devem ser corrigidos
A criança que nasce no Brasil neste dia 31 de outubro de 2011, viverá em um mundo de mais de 7 bilhões de habitantes - simbolizados pelo nascimento da filipina Danica May Camacho dois minutos antes da meia-noite de domingo. Em um país com mais de 190 milhões de moradores, esse bebê já integra uma parcela da população com alta expectativa de vida. Em 2100, quando ela completar 89 anos - e o mundo chegar à marca prevista de 10 bilhões de pessoas - os idosos com mais de 80 anos representarão a maior parcela da população (13,3% dos brasileiros). E diante dessa explosão demográfica, a pergunta é: o Brasil está preparado para envelhecer com esse bebê? Para o representante do Fundo da População no Brasil, Harold Robinson, que lançou o relatório sobre a Situação da População Mundial 2011, o país vive um bom momento e está relativamente à frente do restante do mundo nesse quesito. "Embora ainda tenha muitos passos a dar", ressalva, em entrevista ao site de VEJA.
A condição favorável deve-se a uma soma de vários fatores, destaca Robinson. Muitos demógrafos acreditam que o desenvolvimento e a diminuição da pobreza e da desigualdade no Brasil - para além das políticas governamentais - estão diretamente ligados à questão da fecundidade. A relação é simples: é bem mais fácil educar um número menor de crianças. Isso também se reflete em um eficiente planejamento familiar e um papel mais forte da mulher na sociedade, que ganha mais espaço no mercado de trabalho. Assim, o tamanho das famílias diminui e, consequentemente, a relação de dependência também. Então, as mulheres podem ter seu emprego e contribuir para o crescimento da produtividade do país. Além disso, é possível investir mais nos filhos. Essa transformação já vem acontecendo há alguns anos, o que resultou em um aumento da parcela da população ativa. "O Brasil tem agora mais pessoas em idades produtivas do que dependentes - crianças e idosos, que não trabalham. Essa janela de oportunidades tem de ser aproveitada, porque chegará o momento em que o quadro começará a mudar. Com o aumento da expectativa de vida, a proporção de idosos vai aumentar muito", salienta o representante do Fundo da População no Brasil.
Conforme a população envelhece, o número de dependentes aumenta. Nascem menos crianças hoje em dia, é verdade, mas os idosos morrem cada vez mais tarde - a expectativa de vida hoje no país é de 73 anos, mas passará dos 81 a partir de 2050. Em contrapartida, o grupo de pessoas economicamente ativas - que sustentam o sistema e pagam impostos - ficará menor. "O país precisa pensar agora em políticas que garantam um aparato público adequado para quando os atuais jovens se aposentarem. Para isso, é necessária uma atenção especial à previdência pública e ao sistema de aposentadoria", ressalta. Até 2030, o Brasil deve viver uma estabilidade demográfica e, este momento, alerta Robinson, será fundamental para melhorar a condição de vida dos brasileiros por meio de políticas públicas eficientes."Fazer previsões é uma forma de ajudar os governos a saber como agir desde já nas áreas que estarão mais debilitadas no futuro e enfrentá-las mais facilmente."
VEJA
Cecília Araújo
Nascida nas Filipinas, Danica é a criança-símbolo dos 7 bilhões de habitantes na Terra (Ted Aljibe/AFP)
"O Brasil tem agora mais pessoas em idades produtivas do que dependentes - crianças e idosos, que não trabalham. Essa janela de oportunidades tem que ser aproveitada, porque chegará o momento em que o quadro começará a mudar. Com o aumento da expectativa de vida, a proporção de idosos vai aumentar muito"
A condição favorável deve-se a uma soma de vários fatores, destaca Robinson. Muitos demógrafos acreditam que o desenvolvimento e a diminuição da pobreza e da desigualdade no Brasil - para além das políticas governamentais - estão diretamente ligados à questão da fecundidade. A relação é simples: é bem mais fácil educar um número menor de crianças. Isso também se reflete em um eficiente planejamento familiar e um papel mais forte da mulher na sociedade, que ganha mais espaço no mercado de trabalho. Assim, o tamanho das famílias diminui e, consequentemente, a relação de dependência também. Então, as mulheres podem ter seu emprego e contribuir para o crescimento da produtividade do país. Além disso, é possível investir mais nos filhos. Essa transformação já vem acontecendo há alguns anos, o que resultou em um aumento da parcela da população ativa. "O Brasil tem agora mais pessoas em idades produtivas do que dependentes - crianças e idosos, que não trabalham. Essa janela de oportunidades tem de ser aproveitada, porque chegará o momento em que o quadro começará a mudar. Com o aumento da expectativa de vida, a proporção de idosos vai aumentar muito", salienta o representante do Fundo da População no Brasil.
Conforme a população envelhece, o número de dependentes aumenta. Nascem menos crianças hoje em dia, é verdade, mas os idosos morrem cada vez mais tarde - a expectativa de vida hoje no país é de 73 anos, mas passará dos 81 a partir de 2050. Em contrapartida, o grupo de pessoas economicamente ativas - que sustentam o sistema e pagam impostos - ficará menor. "O país precisa pensar agora em políticas que garantam um aparato público adequado para quando os atuais jovens se aposentarem. Para isso, é necessária uma atenção especial à previdência pública e ao sistema de aposentadoria", ressalta. Até 2030, o Brasil deve viver uma estabilidade demográfica e, este momento, alerta Robinson, será fundamental para melhorar a condição de vida dos brasileiros por meio de políticas públicas eficientes."Fazer previsões é uma forma de ajudar os governos a saber como agir desde já nas áreas que estarão mais debilitadas no futuro e enfrentá-las mais facilmente."
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