Política
Presidente da Libéria, uma militante política e uma ativista social são agraciadas pela Academia Real Sueca por causa do trabalho pelos direitos das mulheres
As ganhadoras (a partir da esq.): Tawakkul Karman, Ellen Johnson Sirleaf e Leymah Gbowee (Mandel Ngan/AFP)
Ellen Sirleaf é a primeira mulher chefe de estado na África. Só ganhou por causa da compatriota Leymah. E Tawakkul Karman é a 1ª mulher árabe a conquistar o Nobel da Paz
As três foram premiadas "pela luta pacífica pela segurança das mulheres e pelo direito de participar nos processos de paz", declarou, em Oslo, o presidente do comitê norueguês, Thorbjoern Jagland. "Não podemos alcançar a democracia e a paz duradoura no mundo se as mulheres não tiverem as mesmas oportunidades que os homens para influenciar os acontecimentos em todos os níveis da sociedade", completou ele. A última mulher a conquistar o prêmio - e a primeira mulher africana laureada com o Nobel da Paz - foi Wangari Maathai, que morreu no último dia 25 de setembro.
Ellen Johnson Sirleaf, de 72 anos, passou para a história ao se tornar, em 2005, a primeira mulher eleita chefe de estado no continente africano, em um país de quatro milhões de habitantes traumatizados por guerras civis que, de 1989 a 2003, deixaram 250.000 mortos. Os conflitos destruíram a infraestrura e a economia do país. "Desde sua posse em 2006, Ellen Johnson Sirleaf contribuiu para garantir a paz na Libéria, para promover o desenvolvimento econômico e social e para reforçar o lugar das mulheres na sociedade liberiana", destacou o presidente do comitê norueguês.
Greve de sexo - A chegada da presidente ao poder foi possível graças ao trabalho de Leymah Gbowee, "guerreira da paz", fundadora do movimento pacífico que contribuiu para terminar com a segunda guerra civil em 2003. Uma das mais memoráveis contribuições de Leymah à paz em seu país foi a ideia de convocar uma "greve de sexo". Lançada em 2002, essa iniciativa original levou as liberianas de todas as confissões religiosas a negar sexo aos homens até que cessassem os combates - o que obrigou Charles Taylor, ex-chefe de guerra convertido em presidente, a envolve-las nas negociações de paz.
"Leymah Gbowee mobilizou e organizou as mulheres além das linhas de divisão étnica e religiosa para colocar um fim na uma longa guerra liberiana e garantir a participação das mulheres nas eleições", relembrou Jagland. A terceira laureada, a iemenita Tawakkul Karman, também foi premiada pela luta pela inclusão da mulher no processo político - assim como na África, no Oriente Médio elas têm pouquíssima participação na tomada de decisões. Conforme o comitê, Tawakkul "teve papel preponderante na luta pelos direitos das mulheres, democracia e paz no Iêmen, tanto antes como durante a Primavera Árabe".
Tawakkul Karman é a primeira mulher árabe a receber o Nobel da Paz. Ao ser avisada da escolha do comitê, ela se disse honrada e surpresa, e dedicou seu prêmio aos ativistas que lutam pela democratização dos países árabes. "Trata-se de uma honra para todos os árabes, muçulmanos e mulheres. Eu dedico este prêmio a todos os participantes da Primavera Árabe", afirmou ela ao canal de televisão árabe Al-Arabiya. "Este prêmio é uma vitória para a revolução, por seu caráter pacífico." Tawakkul recebeu a notícia do prêmio na Praça da Mudança, em Sanaa, onde os opositores ao regime acampam desde fevereiro.
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