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domingo, 6 de novembro de 2011

“Pessoal, a gente pode estar a poucos dias de desencadear uma revolução sem volta”, Discursa um manifestante na USP.

Há um texto delicioso de Paulo Sampaio, no Estadão deste domingo, caracterizando o, como poderia chamar?, padrão mental dos invasores da reitoria da USP. Leiam trechos:
(…)
“Nossa luta é para derrotar o capitalismo a partir de uma estratégia de luta de classes”, diz o diretor do Sintusp Marcelo Pablito, de 29 anos, da Liga Estratégia Revolucionária (LER-QI). QI é uma referência à Quarta Internacional - organização marxista criada em 1938 na França por Leon Trotsky, expulso da União Soviética, e por outros dissidentes da Internacional Comunista.
“Ficou claro que a classe capitalista é totalmente incapaz de gerir a riqueza produzida pelo homem”, acha o estudante da Letras Rafael, um dos fundadores do Movimento Negação da Negação. Para não sofrer represálias, os manifestantes evitam dizer nome e sobrenome e cobrem o rosto com pashminas amarfanhadas, pedaços de pano ou moletons. Segundo Rafael, o socialismo na União Soviética não foi adiante por causa do “não acontecimento da revolução alemã em 1919 e em 1923 e do não acontecimento da revolução chinesa em 1925 e em 1927″. “A URSS ficou isolada”, lamenta.
Embrulhada em uma manta xadrez, um par de botinhas gastas nos pés, meia listrada, uma manifestante rechaça a reportagem: “Eu me recuso a falar com a imprensa corporativista burguesa!” Outra, com cabelos cortados como os de Elis Regina na época do show Falso Brilhante, diz. “Amigo, você não é bem-vindo.” A presença da imprensa mobiliza mais os manifestantes do que as pautas da assembleia. “Companheiros!”, grita ao microfone o primeiro a discursar. “Vocês acham que as televisões devem filmar a assembleia?”
“Nããão!!”, gritam todos.
“Pedimos, então, que a imprensa desligue as luzes e se retire!”
“Êêêêê!”
(…)
Consciência política
A expressão “para além de” é o hit da ocupação deste ano. “Para além da atividade acadêmica, a universidade forma a consciência política!”, alerta um dos revoltosos.
Pelo que se depreende em conversas com estudantes para além da Reitoria, a pauta deles é bastante abrangente. Passa pela proposta de uma reviravolta socio-econômico-cultural que parte da USP e se ramifica em direção aos grotões esquecidos do País. Pretende reestruturar as relações entre elite e trabalhadores, negros e brancos, homens e mulheres.

“Pessoal, a gente pode estar a poucos dias de desencadear um processo de revolução sem volta. Isso é fazer história!”, brada Rafael, em seu informe.
(…)
Por Reinaldo Azevedo

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