Há um texto delicioso de Paulo Sampaio, no Estadão deste domingo, caracterizando o, como poderia chamar?, padrão mental dos invasores da reitoria da USP. Leiam trechos:
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“Nossa luta é para derrotar o capitalismo a partir de uma estratégia de luta de classes”, diz o diretor do Sintusp Marcelo Pablito, de 29 anos, da Liga Estratégia Revolucionária (LER-QI). QI é uma referência à Quarta Internacional - organização marxista criada em 1938 na França por Leon Trotsky, expulso da União Soviética, e por outros dissidentes da Internacional Comunista.
“Nossa luta é para derrotar o capitalismo a partir de uma estratégia de luta de classes”, diz o diretor do Sintusp Marcelo Pablito, de 29 anos, da Liga Estratégia Revolucionária (LER-QI). QI é uma referência à Quarta Internacional - organização marxista criada em 1938 na França por Leon Trotsky, expulso da União Soviética, e por outros dissidentes da Internacional Comunista.
“Ficou claro que a classe capitalista é totalmente incapaz de gerir a riqueza produzida pelo homem”, acha o estudante da Letras Rafael, um dos fundadores do Movimento Negação da Negação. Para não sofrer represálias, os manifestantes evitam dizer nome e sobrenome e cobrem o rosto com pashminas amarfanhadas, pedaços de pano ou moletons. Segundo Rafael, o socialismo na União Soviética não foi adiante por causa do “não acontecimento da revolução alemã em 1919 e em 1923 e do não acontecimento da revolução chinesa em 1925 e em 1927″. “A URSS ficou isolada”, lamenta.
Embrulhada em uma manta xadrez, um par de botinhas gastas nos pés, meia listrada, uma manifestante rechaça a reportagem: “Eu me recuso a falar com a imprensa corporativista burguesa!” Outra, com cabelos cortados como os de Elis Regina na época do show Falso Brilhante, diz. “Amigo, você não é bem-vindo.” A presença da imprensa mobiliza mais os manifestantes do que as pautas da assembleia. “Companheiros!”, grita ao microfone o primeiro a discursar. “Vocês acham que as televisões devem filmar a assembleia?”
“Nããão!!”, gritam todos.
“Pedimos, então, que a imprensa desligue as luzes e se retire!”
“Êêêêê!”
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Consciência política
A expressão “para além de” é o hit da ocupação deste ano. “Para além da atividade acadêmica, a universidade forma a consciência política!”, alerta um dos revoltosos.
A expressão “para além de” é o hit da ocupação deste ano. “Para além da atividade acadêmica, a universidade forma a consciência política!”, alerta um dos revoltosos.
Pelo que se depreende em conversas com estudantes para além da Reitoria, a pauta deles é bastante abrangente. Passa pela proposta de uma reviravolta socio-econômico-cultural que parte da USP e se ramifica em direção aos grotões esquecidos do País. Pretende reestruturar as relações entre elite e trabalhadores, negros e brancos, homens e mulheres.
“Pessoal, a gente pode estar a poucos dias de desencadear um processo de revolução sem volta. Isso é fazer história!”, brada Rafael, em seu informe.
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