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sábado, 26 de novembro de 2011

Rio só reassentou 15% de famílias que moram em áreas de risco


Por Emanuel Alencar, no Globo:
A dona de casa Maria das Graças Ferreira, de 49 anos, e o vigia Joseval Martins Ferreira, de 54, vivem numa casa de dois quartos, a poucos metros de onde, há um ano e oito meses, quatro pessoas morreram soterradas. Dizem ter a exata noção do perigo de morar num local de altíssimo risco de deslizamento. Mas argumentam que, sem alternativa, não pretendem deixar o Morro da Chacrinha, na Tijuca, que integra o Complexo do Turano, área pacificada desde setembro de 2010. A situação do casal é a mesma de 1.345 famílias de nove favelas que têm 100% de seus domicílios em área de alta probabilidade de desmoronamento. Quase um ano depois do diagnóstico feito pela GEO-RIO, a prefeitura informa que apenas 200 famílias - todas na Chacrinha - foram reassentadas, o que representa 14,8% do total.
A prefeitura diz que ainda não concluiu os estudos que apontarão se reassentará todas essas pessoas ou se vai optar por obras de contenção de encostas. Além da Chacrinha, que ainda teria 110 casas em situação de perigo, outras comunidades, como a Favela da Matinha, vizinha à Rocinha, vivem drama semelhante.
No levantamento, feito em dezembro de 2010 pela GEO-RIO, completam a lista o Sítio do Pai João, no Itanhangá (340 casas em situação de extremo perigo); o Morro da Cotia, no Lins (210); a Travessa Antonina, na Praça Seca (175); o Morro da Bacia, no Engenho Novo (120); o Morro do Rato, no Estácio (65); a Rua Mira, em Olaria (75) e o Morro do Bananal, na Tijuca (30).
Só cinco das nove favelas têm sirenes
Às vésperas do período das fortes chuvas, obras de contenção de encostas nessas comunidades não estão descartadas. Mas, até o momento, cinco dessas favelas - Pai João, Chacrinha, Cotia, Travessa Antonina e Bacia - só estão dotadas de sistemas de alerta de chuvas. Sirenes soam quando há possibilidade de temporais. As outras quatro devem receber o sistema em 2012, de acordo com a Secretaria de Saúde e Defesa Civil do município.
Morador da Chacrinha, o gari Gustavo dos Santos, de 38 anos, diz que ainda não foi notificado pela prefeitura sobre a necessidade deixar sua casa, erguida em área de risco. “Até hoje não me procuraram. Até fizeram algumas obras de contenção de encostas, mas muito pouco em relação ao tamanho do problema. Eles demoliram umas dez casas”, conta o pernambucano, que mora com os dois filhos e a mulher numa casa que está sendo ampliada. “O tempo vira e eu já fico apreensivo. Sei dos riscos e toparia sair. Mas querer nos mandar para Campo Grande é brincadeira.”
(…)
Por Reinaldo Azevedo
Veja

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