Política
Blindado por Dilma, ministro não deve encontrar dificuldades diante dos parlamentares. Base avalia que depoimento vai pôr fim a desgaste político
Ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, durante entrevista coletiva em Recife, em 23/12/2010 (Clemilson Campos/AE)
O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, falará ao Congresso nesta quinta-feira a respeito da série de denúncias que o mergulharam em uma crise política que se estende há mais de uma semana. A blindagem a que o submeteu o Planalto, porém, promete tornar o dia do ministro bastante fácil. Bezerra deve encontrar um clima amigável, uma vez que a comissão representativa que atua “de plantão” durante o recesso parlamentar é de maioria governista. Como Dilma já orientou os aliados a saírem em defesa do ministro enrolado, ele não deve encontrar problemas no Congresso.De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, os governistas acreditam que, após o depoimento desta quinta, o desgaste da imagem de Bezerra se dará por encerrado. E há, de fato, motivos para o otimismo da base: a oposição conta com apenas quatro dos 25 integrantes da comissão. "Nosso objetivo é colocar o mal à luz e oferecer informação para que a sociedade saiba o que está acontecendo e chamar o Ministério Público a tomar as medidas que os fatos exigem", afirmou ao jornal o líder do PSDB, senador Álvaro Dias. Já o discurso do líder petista, Humberto Costa, deixa claro o clima que Bezerra terá pela frente: "É um caso que não envolve corrupção."
A blindagem preparada pelo Planalto tem um motivo bastante claro: em ano eleitoral, a presidente Dilma Rousseff não quer comprar briga com um aliado do porte do PSB, partido de Bezerra. O ministro tem um forte padrinho político, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Em meio à crise, Campos, que acumula o cargo de presidente do PSB, comandou a ação de blindagem. O método: dividir com Dilma a responsabilidade – e o desgaste político – pela distribuição dos recursos. Depois de passar por desentendimentos com aliados em 2011, com a queda de ministros do PMDB, do PR, do PDT e do PCdoB, Dilma não quer comprar briga com o PSB. Precisa do apoio do partido para as votações no Congresso Nacional e não pode perder de vista as alianças para as eleições deste ano.
Não se deve esperar, portanto, explicações convincentes a respeito dos desmandos de Bezerra que têm sido revelados pela imprensa. A situação do ministro começou a se complicar na semana passada, quando se descobriu o uso político de verbas de prevenção a enchentes. Embora não esteja na lista de regiões com maior risco de inundações, o estado de Pernambuco, berço eleitoral do ministro, recebeu 90% da verba antienchente da pasta. No final de semana, revelou-se que ele utilizou verba pública para projetar o filho, deputado Fernando Coelho Filho (PSB), em Petrolina, cidade onde o parlamentar deseja eleger-se prefeito neste ano. Na segunda-feira, o jornal Folha de S. Paulo informou que o ministro comprou por duas vezes o mesmo terreno quando era prefeito de Petrolina – utilizando-se, é claro, de verba pública.
No dia seguinte, o jornal O Estado de S. Paulo informou que, em outubro do ano passado, o ministro nomeou o tio, o ex-deputado federal Osvaldo Coelho (DEM), membro do comitê técnico-consultivo para o desenvolvimento da agricultura irrigada, criado dias antes pela pasta. Agora, já são dois os parentes do titular da Integração empregados no governo: Bezerra também nomeou o irmão, Clementino, presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf). Após as denúncias de favorecimento, Coelho foi demitido na terça-feira. A exoneração, assinada por Dilma Rousseff, foi publicada no Diário Oficial da União. Coelho foi substituído no cargo por Guilherme Almeida.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/bezerra-falara-a-um-congresso-amigavel-nesta-quinta
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