Roldão Arruda, de O Estado de S.Paulo
A crescente dificuldade em atrair excluídos da periferia das cidades para seus acampamentos está provocando mudanças na estratégia do Movimento dos Sem Terra (MST). Em 2012, as atenções da organização serão voltadas principalmente para a melhoria dos assentamentos já existentes. Isso deixa em segundo plano as iniciativas de ocupação de terras e a instalação de novos acampamentos.
Os problemas que o MST encontra para mobilizar pessoas estão relacionados sobretudo ao crescimento da oferta de emprego na construção civil. O déficit de mão de obra é cada vez maior e o salário de admissão de um trabalhador neste setor já é hoje mais alto que o da indústria, serviços, comércio e agropecuária, segundo informações do Ministério do Trabalho e Emprego.
Grande parte das pessoas mobilizadas pelo MST na periferia das cidades eram desempregados, com pouca qualificação. Hoje eles encontram ofertas de emprego e também cursos de qualificação profissional na construção civil.
Curiosamente, a mudança de rota do MST atende aos desejos da presidente Dilma Rousseff. Na avaliação dela, é preciso cuidar melhor dos assentamentos já existentes, para que se tornem produtivos, em vez de instalar outros. O MST vai cobrar verbas para a melhoria da infraestrutura e, sobretudo, para a instalação de agroindústrias.