A reitoria, a rigor, não precisaria negociar mais nada com os invasores do prédio da reitoria, que estão lá à revelia até das próprias instâncias de decisão estudantis, já tão pouco representativas. Há uma decisão judicial determinando que saiam. Invasões de prédios públicos são sempre uma afronta à lei, mas elas podem contar ou não com o endosso formal da representação estudantil. Esta, no caso, não conta. Grupelhos de extrema esquerda compostos de estudantes profissionais, associados a sectários do Sintusp ligados a uma tal LER-QI (que ser quer um grupo “revolucionário”), armaram essa patuscada.
Mesmo assim, a reitoria propôs a criação de uma comissão para discutir a forma de ação da PM no campus e os processos administrativos que há contra alunos e funcionários. Nada disso! Mesmo tendo uma decisão judicial contrária às suas pretensões, eles só “negociam” se antes conseguirem tudo o que reivindicam. Não é fabuloso?
A decisão da juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti, essencialmente correta, já é cheia de “não-me-toques”. A força tem de ser o último recurso, a desocupação deve ser sem violência etc, como se isso dependesse apenas de quem vai executá-la. Ora, leiam o que diz Magno de Carvalho, que está no comando do Sintusp desde quando eu estudava lá:
“Acho que estão apostando em um confronto sangrento.” Quem está prometendo “sangue”?
“Acho que estão apostando em um confronto sangrento.” Quem está prometendo “sangue”?
As sandices são coroadas pela fala de um representante dos alunos invasores: “Enquanto perseguirem os alunos e o convênio com a PM continuar e não tiver uma assembléia que delibere o contrário, a ocupação vai continuar”, afirmou Rafael Alves, estudante de letras. Um dia esse rapaz dará aula para os nossos filhos e netos. Não há perseguição nenhuma, como todos estão cansados de saber. Mas essa mentira ainda é o de menos. Ele diz que a invasão continua até que uma assembléia não decida o que ele quer que ela decida. Ele só aceita resultado a favor. É o que entende por democracia. E quando, então, a assembléia votar como ele quer? Ora, aí eles continuam por lá.
Corolário: se a assembléia vota contra a invasão, como votou, ele invade em sinal de protesto. Se a assembléia vota a favor, ele invade para fazer a sua vontade.
Continuem a conversar e coisa e tal, mas parece que o grupelho que se aboletou na reitoria só entende mesmo a pedagogia da bomba de gás lacrimogêneo. O problema de fundo é um só: essa gente rejeita a democracia e o estado de direito. Há muito tempo vinha sendo incensada por setores irresponsáveis da imprensa paulistana, que os tratavam como iluministas. Chegaram à conclusão de que tudo lhes era permitido. Eis aí.
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