A capital da Bélgica pode ser conhecida como a Capital da Europa, mas também é, pelo menos no que concerne a maioria dos aficionados em chocolate, a Capital Mundial do Chocolate. Desde que Jean Neuhaus, um chocolateiro de Bruxelas, inventou o praliné 100 anos atrás, a cidade tem estado na vanguarda do negócio dos chocolates. Lá vivem um milhão de habitantes e cerca de 500 chocolateiros, cerca de um chocolateiro para cada 2 mil pessoas. O belga consome em média mais de seis quilos de chocolate todo ano, uma das mais altas taxas do mundo.
Eu tinha experimentado um pouco da dicotomia entre clássico e contemporâneo que caracteriza os chocolates de Bruxelas em 2010, durante um breve pernoite, vinda de Paris. Mas entre o mercado de pulgas, a degustação de cervejas e um passeio pelas ruas em estilo art nouveau - outros dos grandes atrativos de Bruxelas - sobrou pouco tempo para o chocolate.
Quanto mais eu andava, mais claro ficava que o nível de sofisticação está evoluindo. A embalagem e a apresentação das criações dos chocolateiros mais novos é tão elegante quanto a de uma sala de exposições da Place Vendôme, enquanto a terminologia associada - como "cru" e "domínio" - é parecida com o que ouviríamos de sommeliers. Foi assim na loja-conceito de dois andares de Pierre Marcolini. Vendedoras sorridentes se colocavam frente a um display envidraçado repleto de pequenos bombons retangulares que pareciam tão requintados quanto joias. Na parede oposta, as prateleiras iluminadas exibiam o motivo da fama de Marcolini: suas exclusivas barras de chocolate Grand Cru.
Aprendi que a Europa foi apresentada às sementes de cacau quando os exploradores espanhóis as trouxeram de volta do que hoje é o México, no final do século XVI. Elas chegaram à Bélgica cerca de 100 anos depois. Quando o rei Leopoldo II colonizou o Congo Africano em 1885, em grande parte pelas culturas de cacau, o consequente genocídio ficou marcado como um momento negro na história do país. Foi também naquela época que o chocolate belga começou a adquirir uma reputação formidável.
Após a instrução veio a diversão. Nós mergulhamos porções de ganache em nosso chocolate e as fizemos rolar sobre biscoitos de amaretto esmagados, castanha do Pará e merengue em pó, criando trufas imperfeitas, mas saborosas. Derramamos círculos de chocolate e os recheamos com castanha de caju, pistache, amêndoas, oxicocos secos e passas, produzindo iguarias conhecidas como "mendiants". Logo estávamos indo embora, com delícias suficientes para satisfazer uma ou duas turmas de jardim de infância.
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