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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O melancólico anúncio de Sérgio Cabral: um ano depois da tragédia na serra, começa a contrução de casas

Rio de Janeiro

Só agora governo do estado lança obras de infraestrutura para criar novas residências. Demora é preocupante para as novas vítimas da chuva no estado

Cecília Ritto e João Marcello Erthal
Alagamento no bairro Córrego D'Antas, em Nova Friburgo: cidade revive o medo dos temporais Alagamento no bairro Córrego D'Antas, em Nova Friburgo: cidade revive o medo dos temporais (Custódio Coimbra/Ag.OGlobo)
A expectativa é de que em março as primeiras sejam ocupadas. Mas não é bom contar com elas: se a infraestrutura começa a ser criada só um ano depois da tragédia, qual a razão para crer que em menos de três meses as casas estarão prontas? É possível que meia dúzia seja entregue, mas o grosso ficou para 2013
No dia 12 de janeiro de 2011, há exatamente um ano, as terras que cobriam os morros da Região Serrana deslizaram. No maior desastre natural já registrado no Brasil, mais de 900 pessoas morreram – pela violência da chuva e pela incapacidade dos governos de evitar construções em áreas perigosas. No cenário de montanhas cobertas pelo verde, foram abertas enormes cicatrizes. A enxurrada transformou vegetação e casas em um mar de lama e deixou milhares de pessoas sem teto. Naquele mês, o Brasil se mobilizou para ajudar as cidades afetadas. E o anúncio de dinheiro para os desassistidos veio rápido: 780 milhões liberados pelo governo federal. Não adiantou. Desse dinheiro, pouco mais de 100 milhões de reais foram usados. E a situação na serra é muito parecida com os dias seguintes à tragédia.
O aniversário de um ano da catástrofe é melancólico: o anúncio que o governo do estado do Rio faz nesta quinta-feira é quase uma confissão da dificuldade de amenizar o sofrimento das vítimas. Só um ano depois da tragédia começam as obras para criar novas residências na serra. Ou melhor: começam as obras para criar a infraestrutura nos locais onde serão construídas essas casas. Para as novas vítimas, concentradas agora nas cidades do Noroeste e do Norte do estado, a perspectiva é desalentadora.

Às 11h desta quinta, o vice-governador Luiz Fernando Pezão - para quem sobrou a missão - deu início à construção de 2.166 unidades habitacionais e 68 unidades comerciais em Nova Friburgo. Se o tom era para ser festivo ou de alento, não funcionou. Os moradores da cidade preparam um bolo de lama para lembrar a tragédia e a falta de providências do poder público. Vale lembrar: ainda é preciso terminar as obras de contenção de encostas, drenagem e terraplanagem para preparar o terreno para as construções das casas. O ano que separou a enxurrada de 2011 ao verão de 2012 não foi suficiente para dar conta do trabalho, e, segundo levantamento do Conselho Regional de Engenharia, Agronomia e Arquitetura do Rio (CREA-RJ), de 170 pontos de deslizamento na serra só oito receberam obras.

A expectativa é de que em março as primeiras sejam ocupadas. Mas não é bom contar com elas: se a infraestrutura começa a ser criada só um ano depois da tragédia, qual a razão para crer que em menos de três meses as casas estarão prontas? É possível que meia dúzia seja entregue, mas o grosso ficou para 2013.

A situação em Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis é parecida, com diferentes graus de gravidade. Durante as chuvas, moradores se mudaram para abrigos improvisados. E a situação não mudou muito, a não ser aqueles que optaram por voltar para suas casas localizadas em áreas de risco.

Para acomodar quem está há um ano na indefinição, serão levantados nove condomínios em um terreno de 172 mil metros quadrados. Cada casa terá sala, dois quartos, cozinha e banheiro. Haverá áreas de lazer e um parque para a prática de exercícios. A população que perdeu seu imóvel queria um lugar para morar, o quanto antes. Com a demora, nada como ofertar uma estrutura mais requintada para esquecer a ausência do poder público quando tudo estiver funcionando.

Empregos – A expectativa do governo do estado é de que a construção das habitações gere 1.500 empregos diretos. Os moradores da região terão prioridade na hora da contratação. A promessa de agora é de que 550 unidades sejam entregues ainda este ano. As outras só ficarão prontas em 2013. A obra terá investimentos estaduais e federais e custará 221 milhões de reais.

Aproveitando a série de anúncios, foi autorizado nesta quinta o início de novas obras de dragagem, canalização, construção de barragens e implantação de parques fluviais em Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. Tudo isso terá um custo de 256 milhões de reais, que será desembolsado pelo Ministério da Integração Nacional. Também foi assinada a ordem para começar outras obras de contenção de encostas, de 81,6 milhões de reais em Friburgo e Teresópolis.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/um-ano-depois-da-tragedia-na-serra-comeca-a-contrucao-de-casas 

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