Repositores de nicotina não são mais eficazes do que tentar parar de fumar por conta própria

Tabagismo

Estudo observou que fumantes que fazem o uso de terapias de reposição de nicotina não têm mais sucesso em largar o cigarro e nem menos recaídas

Cigarros: para deixar o vício, repositores de nicotina não são mais eficazes do que tentar parar de fumar por conta própria (Denis Tevekov/Hemera/Getty Images)

Na difícil tarefa de parar de fumar, o uso de terapias de reposição de nicotina não é mais eficaz do que tentar deixar o vício por conta própria. É isso o que concluiu uma pesquisa desenvolvida por pesquisadores da Escola de Saúde Pública de Harvard (HSPH, na sigla em inglês) e da Universidade de Massachusetts, em Boston, nos Estados Unidos. O estudo, publicado nesta segunda-feira na edição online do periódico Tobacco Control, não identificou benefícios a longo prazo em produtos como gomas de mascar ou adesivos de nicotina, mesmo se o uso deles for associado ao acompanhamento de profissionais.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: A Prospective Cohort Study Challenging the Effectiveness of Population-based Medical Intervention for Smoking Cessation

Onde foi divulgada: site do periódico Tobacco Control

Quem fez: Hillel R. Alpert, Gregory N. Connolly e Lois Biener

Instituição: Escola de Saúde Pública de Harvard e Universidade de Massachusetts, ambas em Boston, Estados Unidos

Dados de amostragem: 787 adultos que tinham recentemente parado de fumar

Resultado: Utilizar terapias de reposição de nicotina não é mais eficaz do que tentar parar de fumar por conta própria e nem altera as chances de recaídas na busca por abandonar o cigarro

"Esse estudo mostra a necessidade de órgãos como o Food and Drug Administration (FDA), responsáveis pela regulamentação de medicamentos que ajudam a parar de fumar, aprovarem apenas produtos que tenham demonstrado eficácia a longo prazo. Além disso, também é um alerta para que exijam a redução da nicotina nos cigarros, a fim de fazer com que a dependência da substância diminua", disse Gregory Connolly, diretor do Centro para o Controle Global da Tabaco da HSPH e um dos autores do estudo.
A pesquisa — Foram entrevistados, em três períodos diferentes e entre os anos 2001 e 2006, 787 adultos que, na época, tinham parado de fumar recentemente. Os participantes informaram se faziam ou não uso de terapia de reposição de nicotina, seja em forma de adesivo colocado sobre a pele, chiclete, inalador ou spray nasal. Em caso afirmativo, diziam qual foi o maior período de tempo pelo qual usaram o produto continuamente. Os pesquisadores também perguntaram se eles participavam de algum programa de ajuda aos fumantes ou se recebiam acompanhamento de um profissional.
Em cada período no qual os participantes foram questionados, quase um terço deles relatou ter tido uma recaída. Os autores do estudo não encontraram nenhuma diferença na taxa de recaída entre aqueles que fizeram uso de algum repositor de nicotina por pelo menos seis semanas seguidas com ou sem aconselhamento de um profissional. Além disso, os participantes que faziam uso da terapia não apresentaram maiores taxas de sucesso na hora de parar de fumar, tanto em relação a fumantes leves quanto aos fumantes mais intensos.
Para o coordenador do estudo, Hillel Alpert, a pesquisa mostrou que, embora outras análises tenham encontrado benefícios no uso das terapias de reposição de nicotina, elas não são mais eficazes a longo prazo do que tentar parar de fumar por conta própria. Segundo o pesquisador, as novas descobertas revelam a importância de mais estudos empíricos sobre o impacto desses produtos quando utilizados pela população em geral.
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