Escola
Investigar razões das notas baixas e ajudar crianças e adolescente a se programarem para a prova final são tarefas fundamentais, dizem especialistas
Nathalia Goulart
Especialistas ajudam os pais a lidar com as notas vermelhas no boletim (Thinkstock)
O período de aulas entrou na reta final, mas Júlia Venturelli, de 15 anos, que cursa o primeiro ano do ensino médio em Lorena (SP), terá de enfrentar uma jornada extra até o fim do ano: a recuperação. Ela já planejava as férias, e o sabor da mudança de planos é amargo. Contudo, educadores pregam que deve-se enxergar a última batalha escolar do ano como uma oportunidade para reparar falhas do aprendizado, que, de outra forma, persistiriam no futuro. Para tirar proveito da chance, crianças e adolescentes devem, é claro, fazer um esforço extra de estudos. E os pais também podem colaborar: eles devem investigar as razões do mau desempenho escolar de seus filhos e participar de forma efetiva da preparação para as provas finais.Não existe um diagnóstico universal para as notas vermelhas. Mas elas sinalizam que o aluno não cumpriu os objetivos previstos no currículo escolar. "Os pais precisam fazer a lição de casa e entender o que levou a criança a essa situação”, diz Quésia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). Falta de atenção, dificuldades de aprendizagem, excesso de faltas, preguiça e até problemas de relacionamento na escola e em casa fazem parte da lista de fantasmas que prejudicam os boletins. Para identificar os fatores de risco, é preciso atenção por parte dos pais. “Eles precisam estabelecer um pacto de comprometimento com a educação dos filhos”, diz Elenice Lobo, diretora pedagógica do Colégio Santo Américo, de São Paulo.
Para os que foram surpreendidos com as últimas notícias vindas da escola, é hora de ajudar os filhos e se planejar. “Com a vida moderna, o tempo é curto. Mas isso não pode servir de desculpa justamente no momento em que as crianças mais precisam de assistência”, diz Nívea Fabrício, presidente da Associação Nacional de Dificuldade de Ensino e Aprendizagem e diretora do Colégio Graphien, de São Paulo. “Mesmo que o pai ou a mãe não tenha tempo de acompanhar os deveres de perto, deve fazer o esforço adicional de procurar a escola para se colocar a par da vida acadêmica do filho”, acrescenta. Ana Lúcia Venturelli, mãe de Júlia, tem como aliada a internet. “O colégio dela criou um sistema on-line que me permite seguir os passos da minha filha. Por lá, tomo conhecimento de suas notas e de seu comportamento”, conta Ana.
Júlia tem pela frente três provas de recuperação. “Eu tenho dificuldades nas três disciplinas, mas falhei sobretudo ao deixar tudo para última hora", diz. Para aqueles que, como Júlia, vão enfrentar a jornada extra, os especialistas aconselham manter a calma. "Organizar o tempo e tirar o máximo proveito dele é o melhor a ser feito agora.” Caso contrário, corre-se o risco de fazer da recuperação uma rotina e das notas vermelhas, um hábito. Para auxiliar os pais, o site de VEJA conversou com especialistas e eloborou uma lista com sete medidas para ajudar seu filho na recuperação. Confira a seguir.
(Foto: Thinkstock)
Ao receber a notícia de que seu filho está de recuperação, muitos pais aplicam sanções, como o cancelamento de promessas de viagens e presentes de Natal. Para os especialistas, a atitude pode ser pouco efetiva. O melhor, recomendam, é uma conversa franca. "O diálogo é a parte mais importante desse processo", diz Elenice Lobo, diretora pedagógica do Colégio Santo Américo, em São Paulo. É preciso questionar a criança sobre as dificuldades acadêmicas e ouvir – de fato – as explicações que ela tem a oferecer sobre as notas baixas.
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É fundamental investigar com afinco as razões que levaram a criança ou adolescente a obter maus resultados. Nesse sentido, uma medida importante é procurar a escola e os professores. Eles mantêm contato diário com o aluno e podem ajudar a esclarecer a situação, oferecendo bons diagnósticos. A conversa com os educadores pode revelar falta de atenção, dificuldades de aprendizagem, problemas de relacionamento e até mesmo preguiça exacerbada. "As notas vermelhas são um alerta de que algo não está saindo como esperado", diz Quésia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).
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O material didático – cadernos e livros escolares – pode ajudar a explicar as razões do mau desempenho da criança ou adolescente. Uma apostila em branco pode indicar desinteresse ou preguiça por parte do aluno. Já o caderno repleto de anotações demonstra esforço, mas dificuldades na compreensão do conteúdo. "Não existe um diagnóstico comum para os estudantes que ficam de recuperação. É preciso buscar pistas para entender o que se passou. E o material escolar é uma ótima fonte", diz Nívea Fabrício, presidente da Associação Nacional de Dificuldade de Ensino Aprendizagem e diretora do Colégio Graphien, de São Paulo.
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Depois da investigação, tente estabelecer as razões que levaram seu filho à recuperação. Certifique-se de que ele está adaptado à escola. Problemas de integração existem e podem prejudicar o desempenho escolar. Conflitos familiares também podem interferir nas notas. Após detectar as razões da recuperação, volte a conversar com seu filho e ouça o que ele tem dizer a respeito.
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Os especialistas recomendam a ajuda externa apenas se forem detectadas dificuldades pontuais de aprendizagem. "Se ficar claro que o aluno não compreende um determinado conceito, não há razões para negar a ele o suporte necessário", diz Quésia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). Mas se a recuperação é consequência de excesso de faltas ou preguiça na resolução de tarefas, aulas particulares podem até atrapalhar o processo de aprendizagem. "Corre-se o risco de reforçar a ideia de que é possível deixar tudo para a última hora e, mesmo assim, passar de ano."
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A recuperação, a última batalha escolar do ano, é um evento incômodo na vida de um aluno, mas deve ser encarada como uma oportunidade. Trata-se de uma chance de evitar que o estudante enfrente dificuldades no ano letivo seguinte. "Para aproveitar a oportunidade, é preciso planejamento", diz Elenice Lobo, diretora pedagógica do Colégio Santo Amaérico. Os pais devem procurar a escola para se interar das atividades que serão realizadas durante esse período e avaliar qual a melhor forma de contribuir. Vale lembrar: muitas vezes, crianças e adolescente não sabem como lidar com a situação e organizar os estudos.
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O período de recuperação em geral é curto e precisa ser aproveitado ao máximo. Para isso, é necessário estabeler horários antes das provas finais: viagens, passeios e acesso à internet devem ser regulados – momentos de lazer são importantes. Explique as razões do cronograma a seu filho e mostre que sucesso acadêmico exige dedicação da parte dele. "É um forma também de impor limites e mostrar que a falta de dedicação aos estudos tem um preço", diz Nívea Fabrício.
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